Treinamento e inovação são chaves para franquia driblar crise

Marcas contam como estão trabalhando para passar por um ano de instabilidade econômica

Nesta semana, o Banco Central divulgou uma previsão pouco animadora para a maioria das empresas: inflação de 9%,…

Marcas contam como estão trabalhando para passar por um ano de instabilidade econômica

Nesta semana, o Banco Central divulgou uma previsão pouco animadora para a maioria das empresas: inflação de 9%, acima do teto do sistema de metas de inflação, e recessão, com encolhimento de 1,1% da economia. Na prática, isso significa que os consumidores vão comprar menos e mais empresas podem fechar.

As redes de franquias estão adotando estratégias de guerra para se manter no mercado. “Estamos vendo franqueadores menos preocupados com expansão e mais preocupados com as unidades já implantados. renegociando com shoppings e fornecedores e treinando mais o franqueado, principalmente em gestão de business”, diz o consultor André Friedheim, da Francap.

Treinamento e inovação aparecem como chaves para as redes que querem ir na contramão da economia. “O franqueador tem que focar no resultado do franqueado. É o momento de investir em capacitação para sair na frente, dar novas armas para o empresário poder usar e colocar o time para lutar com mais força”, afirma Maurício Galhardo, da Praxis Business.

Na rede de escolas de idiomas Fisk, os franqueados estão contando com medidas internas para melhorar o resultado. “A gente tem tentado aumentar o treinamento, melhorar atuação, e facilitar a parte financeira do franqueado, com medidas que facilitem a compra de material, por exemplo”, diz Christian Ambros, diretor da Fisk.

Para manter as novas aberturas, a rede também está permitindo exceções, como inaugurações parciais. “Em uma escola padrão, temos duas vitrines de exposição de material. Hoje, permitimos que ele faça uma e depois a outra. O padrão ideal é que todas as escolas estejam unificadas, mas a gente tem dado um prazo maior para isso ou renegociando formas de pagamento com fornecedores”, afirma Ambros.

Para o executivo, a ponte entre o franqueado tem sido constante através de treinamentos. “Este é o melhor caminho para falar com franqueado, para orientar, passar o que está acontecendo e enxugar processos. A cada treinamento você melhora alguma coisa e aumenta a performance da escola”, diz.

A previsão da rede é manter o ritmo mais lento em 2016 e voltar a crescer em 2017. “O que nós sentimos com esse momento de instabilidade econômica e política é que o dinheiro está comprando menos, mas a palavra de ordem não é cortar funcionários nem diminuir investimento em propaganda”, diz.

Franquias encolhidas

Para Cristina Franco, presidente da Associação Brasileira de Franchising, manter o otimismo não tem sido difícil para as redes de franquias. “Pode parecer paradoxal, mas é verdadeiro. O franchising é um plano B para momentos econômicos de retração e já foi plano B para momentos de recessão mais profunda do que vivemos hoje. A indústria continua com marcas lançando formatos menores, por exemplo”, diz Cristina.

Pensar em novos formatos foi a estratégia da rede de pizzarias Patroni. Desde o ano passado a rede estudava um modelo de loja mais compacto. “São quiosques, pequenas lojas ou food trucks que podem ser implantados em locais de alto tráfego, como rodoviárias, metrô e calçadões. Essas lojas pequenas e mais compactas terão um mix diferente das nossas lojas convencionais. A vantagem desse projeto é que o investimento é de R$ 200 mil reais. Uma loja padrão custa R$ 450 mil”, diz Rubens Augusto Junior, presidente da Patroni.

Para o empresário, lidar com crises não assusta. “A Patroni nasceu em 1984, em plena crise. Nós estamos acostumados a superar crises. Sempre encontramos alternativas para crescer”, diz. Além de um novo formato, a rede reformulou o cardápio das unidades já funcionando. “Tiramos até 77 insumos do cardápio, mantendo ele mais atrativo para o consumidor. No primeiro trimestre, vendemos 17% a mais do que no primeiro de 2014”, diz Junior.

Consumo contínuo

Apesar das más notícias, a tendência é que o consumidor continue consumindo, mas de uma forma nova. “O que muda no comportamento do consumidor em momentos de crise é que em alguns segmentos ele muda o perfil de compra e frequência. Ele não para de consumir, mas pode buscar marcas com valor menor. O impacto não se distribui de forma igual no mercado, por isso, há oportunidade mesmo com o mercado em retração”, afirma Juarez de Paula, gerente da Unidade de Atendimento Setorial Comércio do Sebrae.

Pensando neste novo perfil de cliente, a rede MyGloss cresceu 20% de novembro de 2014 a abril de 2015, comparando as vendas apenas nas mesmas lojas. “Nosso preço médio de R$ 59 é favorável para tempos de crise. A consumidora deixa de comprar algumas coisas mais caras, mas continua consumindo”, diz Katia Stocco, cofundadora da marca.

Além disso, a marca sofre menos com as oscilações de câmbio. “O dólar impacta pouco, já que 90% da nossa produção é nacional. Quando você controla a cadeia toda, consegue ter um preço mais competitivo”, afirma Katia.

Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o setor deve manter a expectativa de crescimento de 7,5% a 9% em 2015. “A partir de 2017 vamos ter continuidade do nosso crescimento estruturado. O franchising é uma indústria em que a pessoas treinam. O setor não está contaminado pelo mau humor neste momento em que todos estamos muito azedos”, diz Cristina.

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