De modelo ao Brasil

O Brasil enfrenta desafio semelhante ao encarado por Alemanha e África do Sul, sedes das duas Copas passadas. A mil dias da abertura, o comitê organizador terá de acelerar os preparativos, corrigir…

O Brasil enfrenta desafio semelhante ao encarado por Alemanha e África do Sul, sedes das duas Copas passadas. A mil dias da abertura, o comitê organizador terá de acelerar os preparativos, corrigir deficiências e ajustar a sintonia fina entre governo e iniciativa privada para garantir um Mundial impecável.

Os exemplos sul-africano e alemão confirmam como a tarefa é dura. Se na Alemanha a infraestrutura poupou esforços, ainda assim houve caso de estádio entregue em cima da hora. E os planos da África do Sul mal haviam saído dos gabinetes.

Embora atrasado, o Brasil desfruta de crédito, como declarou a ZH o chefe de imprensa do Comitê Organizador da Copa de 2006, Jens Grittner:

– Não temos preocupações com a Copa de 2014. Será um evento fantástico e com o sabor único que os magníficos torcedores brasileiros podem dar.

África a mil dias

Agraciada com o primeiro Mundial em solo africano, a África do Sul recém estava passando da teoria à prática quando faltavam mil dias para o pontapé inicial. Enquanto estádios como Soccer City e Green Point estavam longe da conclusão, Royal Bafokeng e Loftus Versfeld dependiam de poucas melhorias.

Em termos de arenas, a África do Sul de setembro de 2007 estava melhor que o Brasil hoje. Sem tranquilidade, porém. As construções de cinco novos campos, mais reformas, gerariam 107 mil empregos, mas havia escassez de material. Foi o que disse à época o subdiretor-geral do Departamento de Tesouro para a Copa, Malcolm Simpson:

— As restrições no fornecimento de matérias-primas são elevadas — avaliou.

Isso levou à criação de uma força-tarefa para ajudar as cidades-sede. Falava-se em acelerar as obras de estádios, com trabalhos 24 horas por dia. Fora de campo, a infraestrutura demandaria 17,4 bilhões de rands (cerca de R$ 4,1 bi). Mas, assim como o Brasil de 2011, a África patinava na burocracia.

Tome-se o caso do aeroporto King Shaka, em Durban. Em setembro de 2007, faltava desembaraçar 80 pré-requisitos ambientais antes das obras. No caso do transporte público, o primeiro repasse de recursos ocorreu somente em junho de 2007.

Mais adiantada estava a hotelaria: além da construção de oito hotéis na Cidade do Cabo, 26 mil dos 55 mil leitos previstos pela Fifa para a Copa já haviam sido garantidos.
Em relação ao Centro de Imprensa, Joanesburgo recebera o aval da Fifa para ser sede — no Brasil, o centro caberá ao Rio. Para tanto, sul-africanos dispunham de plano de provisões privadas.

Alemanha a mil dias

Em vez de cronogramas, a principal preocupação da Alemanha a mil dias do Mundial de 2006 era a crise econômica. Mesmo em recessão, porém, o governo planejava investir mais de 6 bilhões de euros em obras.

A diferença básica entre os alemães de 2003 e os brasileiros de hoje está na infraestrutura. Rica, a Alemanha precisava fazer menos para se adequar aos padrões da Fifa. Por isso, deixou a maior parte das obras para 2005, quando reformou estradas, ferrovias e estações, melhorou o transporte público e criou novos estacionamentos.

– Sempre há muitos desafios. A Copa de 2006 não foi exceção, apesar de termos lucrado por contar com uma boa infraestrutura em mãos – afirmou a ZH o chefe de imprensa do Comitê Organizador da Copa de 2006, Jens Grittner.

No começo de 2004, os alemães destinaram 2 bilhões de euros para estádios, 3,9 bilhões de euros para transportes e 500 milhões de euros apenas para gerenciamento de tráfego. Os estádios não preocupavam. Ainda em 2002, o presidente do Comitê Organizador, Franz Beckenbauer, garantia que já existiam campos aptos a sediar partidas. Referia-se às arenas de Gelsenkirchen e Hamburgo, construídas antes da escolha da Alemanha pela Fifa. No fim de 2003, as outras 10 sedes estavam em obras.

A Allianz Arena, de Munique, foi um dos palcos erguidos do zero. Já o Fritz-Walter-Stadion, de Kaiserslautern, corria atrás de dinheiro para as reformas. Mesmo assim, não se falava em excluir a cidade-sede ou substituí-la.

– É normal haver atrasos e desafios inesperados. O estádio em Frankfurt foi aberto apenas a poucos dias do jogo inaugural da Copa das Confederações – lembrou Grittner.

Dias melhores para o povo

A mil dias do início da Copa, pode-se firmar que as obras de infraestrutura e de modernização de portos e aeroportos e as reformas e as construções de estádios se desenvolvem num bom ritmo. No governo federal e nas entidades envolvidas com a organização do torneio ninguém duvida: em 2014,o Brasil vai viver mais um momento de brilho e afirmação internacional.

Dentro do campo, não será novidade. Afinal, jogadores brasileiros brilham no mundo inteiro. Nossa Seleção é a maior campeã e a única participante de todas as copas mundiais. Teremos estádios modernos nas 12 cidades-sede, que serão palcos perfeitos para esses artistas da bola.

Arenas seguras e confortáveis para todas as torcidas. Mas o legado será mais amplo. Em 2014,o Brasil terá aeroportos e portos mais modernos, cujas obras já começaram. Nos aeroportos, o gasto previsto é de R$ 6,5 bilhões, e nos portos, quase R$ 900 milhões.

O transporte público é uma prioridade como herança pós 2014: são 50 projetos para melhorara vida dos brasileiros. Serão construídos 198 novos hotéis, somando US$ Z33 bilhões nos próximos três anos.

Estima-se que só durante o torneio os turistas gastarão R$ 3,9 bilhões. As obras, que já começaram, vão gerar 700 mil empregos. E os trabalhadores serão qualificados para receber bem os estrangeiros que nos visitarão.

Repito: o Brasil vai viver um grande momento em 2014.A situação de hoje no país permite que se faça esse prognóstico: nossa economia está estabilizada e em expansão, as instituições funcionam na sua plenitude. A população participa mais, focaliza as ações dos governos, exige transparência e quer ver o Brasil sempre campeão. Dentro e fora do campo.

Faltam mil dias para a bola rolar. Para nós —governo federal, governos estaduais, prefeituras e empresas envolvidas — a Copa já começou e trabalhamos firme para fazer um evento inesquecível Mais que reafirmar a qualidade do nosso futebol, vamos demonstrar nossa capacidade para realizar grandes atividades com planejamento, eficiência e transparência. E deixar para nosso povo dias ainda melhores.

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