Nova coleção chega mais cara

Setor têxtil projeta alta de até 20% nos preços do vestuário na temporada outono-inverno devido à disparada da matéria-prima

As roupas da coleção outono-inverno, que já aparecem em algumas vitrinas, devem pesar mais no bolso do consumidor que for renovar o guarda-roupa. Com a disparada do preço do algodão no mercado internacional e a escassez do produto no Brasil, as indústrias estão encontrando dificuldades em manter a produção e segurar a alta para o consumidor. A expectativa é de um aumento de até 20% nas lojas, projeta o presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste do Rio Grande do Sul (Fitemasul), Carlos Araujo.

O algodão passou a ser vendido a US$ 2,40 a libra-peso (unidade para medir a fibra, equivalente a 435 gramas), aumento de 200% em relação a um ano atrás, quando estava cotado a US$ 0,80. Como a matéria-prima é apenas um dos insumos da cadeia têxtil, o valor não chegará integralmente ao consumidor. – Em peças mais caras, talvez esse aumento nem seja sentido, porque o algodão representa muito pouco no custo total do produto – afirma o presidente do Instituto Brasileiro do Algodão, Haroldo Cunha.

A tendência é que, mesmo no caso dos produtos mais baratos, o aumento não passe dos 20%, contido pela concorrência chinesa e pela renda do trabalhador. – Se o aumento for muito grande, o consumidor não vai comprar – pondera Cunha.

A previsão de um inverno rigoroso estimula o lojista a providenciar encomendas. – Mesmo com a alta, as vendas para o varejo foram boas, o que demonstra a confiança do comerciante na disposição para compra do cliente – comenta Araujo.

Para o presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi, a alta não deve passar dos 10%, ao menos no primeiro semestre: – Existe muita pressão para que não ocorra uma alta generalizada de preços. O repasse para o consumidor deve ser modesto.

Uma das alternativas do setor para assegurar a produção é misturar o poliéster ao algodão. Mas, como o fio sintético é um derivado do petróleo, o preço também já está em elevação.

Clima e crise financeira mundial explicam alta

O preço do algodão é considerado recorde: em 140 anos, é a primeira vez que a matéria-prima ultrapassa a marca de US$ 2 a libra-peso e, no final da semana passada, chegava a US$ 2,40. A escalada torna a commodity mais atrativa para o produtor, mas reflete a escassez da fibra no mercado. A crise mundial, em 2008, fez com que o algodão fosse negociado a US$ 0,40. O baixo valor pago pela produção reduziu a área plantada em cerca de 25% em todo o mundo. No Brasil, a seca causou a quebra de cerca de 200 mil toneladas na produção de 2009 e, no Paquistão, as enchentes ocasionaram a perda de plantações. A combinação dos fatores econômicos e climáticos resultou na falta de algodão no mercado.

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