Greve de uruguaios atinge alfândegas brasileiras
Iniciada ontem por funcionários da alfândega do Uruguai, uma greve na Fronteira impactou diretamente na liberação de cargas no lado brasileiro. Nas cidades de Jaguarão, na fronteira sul, e em Santana do…
Iniciada ontem por funcionários da alfândega do Uruguai, uma greve na Fronteira impactou diretamente na liberação de cargas no lado brasileiro. Nas cidades de Jaguarão, na fronteira sul, e em Santana do Livramento, na oeste, o movimento de cargas tanto de importação quanto de exportação do país vizinho diminuiu.
Em Livramento, a movimentação de carga reduziu em cerca de até 70%, segundo o inspetor-chefe Carlos Luciano Santana. Iniciada durante a madrugada de quarta-feira, a greve deve durar até amanhã com a paralisação da entrada e saída de mercadorias.
De acordo com a Associação de Funcionários Aduaneiros, somente pessoas, automóveis particulares e carregamentos com medicamentos ou alimentos perecíveis vão poder cruzar as fronteiras. – Todo o comércio exterior estará fechado, e o trânsito de pessoas será mais lento – disse o porta-voz da associação, Roberto Valdivieso.
– Não importa em que país aconteça, essas paralisações sempre prejudicam os transportadores. Falam em Mercosul, mas na hora de respeitar o acordo bilateral isso não acontece – reclama José Carlos Silvano, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs).
Cada caminhão parado, estima, tem custo de aproximadamente R$ 1 mil. Se considerado o fluxo diário em Jaguarão, por exemplo, que é de 140 veículos por dia, três dias de paralisação resultaria numa perda de R$ 420 mil numa única cidade de fronteira.
A preocupação dos órgãos fronteiriços é de que a greve siga mesmo até amanhã, conforme anúncio dos grevistas. Se isso ocorrer, a paralisação poderá chegar a quase uma semana, uma vez que não há atendimento nos finais de semana e na segunda é feriado no Uruguai, em comemoração antecipada do Dia das Américas, e na terça-feira, dia 12, também no Brasil, para celebrar o dia da padroeira Nossa Senhora Aparecida.
– A tendência é que se agrave mais a cada dia, porque vai represando o movimento diário. Se durar todo esse período, pode haver um colapso do trabalho na fronteira – explica o supervisor de Jaguarão, André Ricardo Gallas.
Movimento reivindica melhoria salarial
Nas cidades de Aceguá, na Fronteira Oeste, e Chuí, na Fronteira Sul, as aduanas funcionaram durante a quarta-feira com movimentação dentro da normalidade. Os funcionários uruguaios de ambas fronteiras devem entrar em greve a partir de hoje.
A paralisação foi organizada para protestar contra o artigo 291 da Lei de Orçamento da administração federal, que trata da distribuição da receita arrecadada com as multas originadas pelas infrações alfandegárias.
A norma indica que 70% dessa arrecadação será usada para constituir o Fundo para Melhor Desempenho, destinado às compensações especiais dos recursos humanos da Direção Nacional de Aduanas. Segundo o porta-voz da associação, Valdivieso, as reivindicações dos empregados por melhorias salariais por meio dessa receita não foram contempladas.