Risco de crédito e endividamento
A expansão do crédito e do consumo tem sido um dos instrumentos mais festejados e apontados como razão para que os efeitos da crise econômica de 2008 tenham sido percebidos em menor escala no Brasil, assim…
A expansão do crédito e do consumo tem sido um dos instrumentos mais festejados e apontados como razão para que os efeitos da crise econômica de 2008 tenham sido percebidos em menor escala no Brasil, assim como pelo atual momento virtuoso da economia brasileira. Agora a facilitação do crédito para o consumo passa a ser melhor examinado, especialmente em relação às classes D e E. Sua incorporação à clientela bancária aumenta a exposição dos bancos ao risco de inadimplência, especialmente se for considerado que ainda não foram testadas quanto à capacidade de responder pelas dívidas, bem como da natureza dos bens adquiridos com o financiamento, comprometendo o limite do seu orçamento. O Banco Central, por sua vez, mantém sua atuação por meio dos instrumentos típicos de regulação prudencial, especialmente pelo controle do nível de alavancagem dos bancos e limites de alocação de capital.
O crédito para o consumo das classes pobres, entretanto, concentra-se no varejo, por intermédio de uma multiplicidade de contratos concomitantes, mediante concessão de crédito em conta, cartão de crédito, empréstimo em financeiras, dentre outros modos. Nestes casos, a fragilidade financeira dos mais pobres faz de fatos cotidianos causa de inadimplência, tais como acidentes, desemprego, gravidez ou doença, provocando o imediato desequilíbrio no orçamento familiar. A prevenção dos riscos de crédito exige a adoção de políticas responsáveis de concessão de crédito, mediante o respeito dos deveres de boa-fé das instituições bancárias em relação ao consumidor, preconizado pelas normas de proteção do consumidor. Assim como a adoção pelos bancos de fluxos de informação e procedimentos que intensifiquem a segmentação dos setores responsáveis pela concessão do crédito e pela gestão e controle dos riscos. Neste particular, note-se que o reforço da autoridade das áreas de controle de riscos é essencial para que a saúde financeira das instituições e do sistema financeiro em geral não possa ser comprometida com estratégias comerciais de curto prazo.