Recuperação leva à redução da participação dos supermercados no segmento varejista

Após alavancar as vendas do varejo em 2009, o setor de supermercados deverá enfrentar uma maior concorrência no próximo ano, quando os bens de maior valor agregado devem ganhar a preferência dos…

Após alavancar as vendas do varejo em 2009, o setor de supermercados deverá enfrentar uma maior concorrência no próximo ano, quando os bens de maior valor agregado devem ganhar a preferência dos consumidores. Com o restabelecimento das condições de crédito, as vendas de eletrodomésticos, eletroeletrônicos, vestuário, entre outros bens duráveis, deverão ampliar sua participação nos gastos da população. No entanto, mesmo com uma contribuição menor, os supermercados continuarão tendo um desempenho ascendente das vendas em relação a 2008.

Com a crise, as vendas de produtos de maior valor foram as mais afetadas, sobretudo em razão da restrição à concessão de crédito. A manutenção do rendimento médio dos trabalhadores, estimulado pela estabilização na taxa de emprego e pelos programas de distribuição de renda, fez, porém, com que os supermercados registrassem um aumento de 5,37% no acumulado das vendas reais, deflacionado pelo IPCA, entre janeiro e setembro.

Na avaliação do presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, as boas perspectivas macroeconômicas deverão garantir a manutenção dos atuais níveis de crescimento das vendas nos supermercados em 2010. Ele admite, porém, que a preferência no bolso dos consumidores será maior para a alimentação fora do lar e para a compra de produtos adquiridos por meio de crédito. A própria renúncia fiscal a alguns itens de linha branca reduz as disponibilidades de gastos destinadas às compras de alimentos nos supermercados, completa Honda.

A expectativa da MCM Consultores é de que as vendas no varejo retomem em 2010 seu patamar de crescimento pré-crise, quando avançava na casa dos 9%. Esse desempenho, ao contrário de 2009, será impulsionado por produtos de maior valor agregado. Segundo o economista da MCM Marco Fantinatti, o volume das vendas de móveis e eletrodomésticos, por exemplo, deverá subir até 15% no próximo ano, impulsionado pela baixa base de comparação: avanço de 2,5% em 2009.

Outra concorrência que o setor de supermercados terá em 2010 é a Copa do Mundo, que amplia a venda de itens de áudio e vídeo. Fantinatti avalia ainda que nem mesmo a expectativa de elevação da taxa de juros em 2010 deverá prejudicar as vendas de bens duráveis. A justificativa encontra-se nos alongamentos dos prazos de pagamentos, que compensarão uma eventual alta dos juros.

Enquanto isso, na projeção da MCM, os supermercados – que mantiveram um ritmo constante de crescimento este ano – deverão ter uma alta entre 6% e 6,5% no próximo ano, patamar inferior à média geral prevista para o varejo. Para se ter uma ideia da representatividade dos supermercados na composição do incremento, dos 4,7% de alta no volume das vendas no comércio varejista em agosto na comparação com o mesmo mês de 2008, o segmento de supermercados, produtos alimentícios e bebidas respondeu por 85,9% da taxa de crescimento.

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