Alteração no câmbio gera incerteza nas empresas com dívidas em dólar, afirma economista
Empresas que importam produtos para revendê-los no mercado interno, como é o caso das empresas atacadistas, tiveram nesta semana a péssima surpresa de verem suas dívidas cerca de 40% maiores. Com a alta…
Empresas que importam produtos para revendê-los no mercado interno, como é o caso das empresas atacadistas, tiveram nesta semana a péssima surpresa de verem suas dívidas cerca de 40% maiores. Com a alta cambial repentina, as compras realizadas em julho, por exemplo, saíram de um dólar que fechou aquele mês cotado em R$ 1,57 para cerca de R$ 2,45, que foi a cotação do dia 8 deste mês. Ou seja, da noite para o dia as dívidas desses negócios aumentaram mais de 40%.
A variação cambial acima da expectativa prejudicou principalmente aquelas empresas que importam eletrodomésticos, máquinas e brinquedos. Conforme explicou o economista da Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do RS), Eduardo Merlin, os negócios precisaram lidar com dois diferentes impactos: o financeiro e também o de buscar novos fornecedores nacionais. “As empresas estão tendo que arrumar alternativas para evitarem grandes prejuízos. Infelizmente não podemos prever a variação do dólar em curto prazo, mas até o final do ano esta situação deverá se acalmar”, afirmou Merlin, que explicou que essas alternâncias nos mercados estão ocorrendo por um período de grande incerteza.
No varejo, o reflexo desse dólar acima da média esperada trará duas diferentes situações. Na primeira, o lojista terá que repensar os custos maiores ao consumidor, e isso cria inflação. Por outro ponto de vista, as freqüentes notícias publicadas sobre a crise internacional poderão influenciar negativamente a decisão de compras do consumidor, fazendo com que haja um adiamento desta compra. “As pessoas acabam sendo contaminadas por este recente pessimismo que ronda a economia mundial. Isso poderá, sim, prejudicar as vendas dos lojistas, pelo menos nesse primeiro momento”, acredita Merlin.
Para acalmar alguns ânimos, o economista da Fecomércio-RS explica que até o final deste ano o dólar já deverá estar em uma faixa mais normalizada. “Com o fim das especulações, o que se espera é que a taxa cambial retorne a patamares menores, algo pouco abaixo de R$ 2,00”, tranqüiliza Merlin.