Conexão Varejo: bate-papo com Dado Schneider

Palestrante confirmado para a FBV 2020 falou sobre as mudanças na sociedade e como os negócios podem corresponder.

Um observador curioso sobre o ser humano, que busca desvendar e traduzir a sua rápida e complexa transformação para as empresas. Assim podemos resumir o doutor em Comunicação e especialista em Marketing Dado Schneider, que é um dos palestrantes confirmados para a FBV 2020. Leia abaixo a entrevista concedida à revista do Sindilojas Porto Alegre, Conexão Varejo – ed. 139, sobre as mudanças na sociedade a partir de sua visão e como os negócios podem corresponder.

Quais devem ser os maiores impactos da transformação da sociedade no comportamento de consumo?

Tudo está tão rápido, e nos próximos 5 anos o varejo deve ver um avanço brutal do e-commerce, ainda maior do que o que o atual. Mas é uma miopia achar que essa mudança vai aniquilar o consumo presencial. O que certamente vai ficar mais urgente é a necessidade dos negócios integrarem as suas operações on e offline. Quem não integrar é quem deve ficar para trás.

Quais os maiores desafios do varejo em se conectar com o cliente?

Vejo muitas empresas discutindo propósito, missão e valores somente no nível gerencial, sem repassar isso para quem lida com o cliente. Um dos problemas dessa desconexão que temos hoje é o que eu chamo de paradoxo perverso: nunca foi tão importante o bom atendimento como critério de diferenciação, mas também nunca tivemos uma qualificação e uma remuneração tão baixas dos funcionários. Só não sei é se a baixa qualificação é que leva à baixa remuneração ou se é o contrário.

Como o encontro de gerações beneficia as empresas e como aproveitar essa oportunidade?

O desencontro de gerações é preocupante, porque há um grande abismo comportamental entre elas. Mas não promover esse encontro é ainda mais arriscado, pois empresas que só contratam pessoas gerações anteriores demoram a avançar, e as que só contratam jovens normalmente cometem erros demais. A solução é que as próprias empresas promovam encontros de diferentes perfis para troca de experiências e de ideias. É uma forma produtiva de mostrar o que uma geração pode aprender com outra.

Como o aumento da longevidade impacta o consumo?

A mudança social está mais rápida do que a capacidade de as empresas entenderem e se projetarem para o futuro. Nesse sentido, quem responder mais rápido vai ter vantagens competitivas. O que devemos ver nos próximos anos é um volume brutal de novos produtos e serviços para essa faixa etária mais avançada. Mas atenção: os novos velhos não são como os velhinhos de antigamente, eles têm muito mais disposição e querem a aproveitar a vida.

O que caracteriza as empresas que vão seguir relevantes no futuro?

Elas vão ser cada vez mais horizontais, com menos níveis hierárquicos e mais trabalho em rede. Mais colaborativas e com compartilhamento de informações, pois o mundo exige isso hoje. Antigamente dava para ter pouca gente lidando com o mercado porque havia pouca concorrência. Como características, destacam-se a estrutura enxuta com trabalho remoto, terceirização em rede e muita velocidade. Isso é o que vai definir as empresas do futuro, e não mais o tamanho ou a história da organização.

 

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