Café com Lojistas especial trouxe tendências da NRF 2022

Evento reuniu associados, parceiros e interessados no tema no Espaço de Cinema do Bourbon Country

O Sindilojas Porto Alegre apresentou, nesta quarta-feira, 16 de fevereiro, as principais tendências e destaques vistos durante a NRF Retail´s Big Show 2022. O evento, realizado no Espaço de Cinema Bourbon Country, fez parte de uma edição especial do tradicional Café com Lojistas, o primeiro encontro de 2022, marcando a retomada dos cafés presenciais.

Para compartilhar suas percepções e a experiência adquirida com a última visita à feira, o presidente da Entidade, Paulo Kruse, participou de um bate-papo com o vice-presidente, Arcione Piva, a jornalista e colunista de economia Giane Guerra e o coordenador estadual de projetos de moda e varejo do Sebrae RS, Fabiano Zortéa, que conduziu a comitiva de gaúchos durante a viagem a Nova Iorque. A mediação ficou por conta do Head do Co.nectar Hub, Marcelo Paes, que também esteve na NRF 2022 e participou das visitas técnicas às lojas.

 

Confira um resumo dos principais temas destacados do evento:

 

O que mais chamou a atenção na NRF 2022

 

Paulo Kruse

– Vimos na NRF que ninguém no varejo mundial sabe para onde vai o varejo. Nós do varejo não conversamos, não trocamos informações. Precisamos pensar juntos. Ouvimos muito sobre compartilhamento, parcerias, união. Sobre 10, 12 comerciantes comprando de um mesmo fornecedor para ter melhor preço, melhor entrega. Essa é uma mudança que precisamos fazer por aqui.

 

Arcione Piva

 

 – Ouvimos muito sobre a experiência do consumidor, que o consumidor é fiel à sua marca até que alguém faça melhor. O que fiz hoje de bom para o cliente não garante que ele vai estar satisfeito amanhã. Precisamos buscar soluções para que ele continue sendo fiel, surpreendê-lo.

 

Fabiano Zortéa

 

– É perigoso afirmarmos que conhecemos nosso cliente. Precisamos ter a humildade para reaprendermos as suas expectativas, suas dores.

– As marcas mudaram jeito de vender, de entregar, se adaptaram e precisam se adaptar mais.

 

Giane Guerra

 

– Os norte-americanos estão enfrentando problemas semelhantes aos nossos. Estão negociando em grupo com fornecedores, buscando alternativas de frete, têm inflação alta corroendo a economia. E por lá também há o fenômeno da “grande resignação”, que são muitos funcionários pedindo demissão das empresas. Há dificuldade em manter as equipes.

 

O digital vai se sobrepor ao físico? A loja física vai morrer?

 

Paulo Kruse

– Há um movimento mundial de lojas de bairro. A Rabusch, por exemplo, abriu uma loja na Padre Chagas onde a pessoa escolhe e prova a roupa, mas só recebe em casa. A loja física não vai acabar, mas o virtual está muito presente, temos que olhar para essa nova geração. Varejo físico e digital terão que andar juntos. Precisamos ser eficientes nos dois.

 

Arcione Piva

 Não há possibilidade nenhuma de a loja física deixar de existir. Lojas físicas e digitais vão coexistir. E quanto mais digital a empresa é, mais humana precisa ser. A experiência digital só é completa se o ponto de venda reflete o que mostra no digital.

 

Fabiano Zortéa

– Um estudo recente da WB Partners mostrou que 88% da população dos Estados Unidos está consumindo mais localmente. Esse movimento é mundial. As estão consumindo onde vivem, na sua cidade, seu bairro. Empresas nativas digitais estão abrindo lojas físicas.  As lojas físicas são uma grande fonte de inovação, ontem elas têm ideias para novos produtos.

 

Sobre a Geração Z

 

Paulo Kruse

– Eles têm outras predileções. Como em muitos casos moram com os pais por mais tempo, não querem comprar carro ou casa, não é uma ambição, querem gastar com outras coisas, querem se deslocar de bicicleta, de Uber. Trazem diferentes oportunidades de vendas. Temos que saber aproveitar.

 

Arcione Piva

 – Eles estão investidos de um propósito de igualdade, liberdade, muito mais do que a minha geração, por exemplo.  Dão muita importância para o propósito das empresas, às vezes mais do que para o salário. Precisamos prestar muita atenção nessa geração e trazer eles para o nosso lado, ouvi-los, entregar decisões nas mãos deles.

 

Fabiano Zortéa

– Daqui a oito anos, metade da população será da Geração Z ou Alpha. Essa geração, que vai dos 10 aos 24 anos, já está nos influenciando, mais do que imaginamos. Influencia porque convive com os pais, influencia na compra, quer propósito, valores de quem vende. Compra de outra marca se percebe que ela se preocupa com o planeta. Tem consciência social e ambiental. Se preocupa, observa como é a diversidade nas empresas, e precisamos nos dar conta disso. Eles são ansiosos, então precisamos ser ágeis. Precisamos ter lideranças jovens no varejo para que eles saibam que ali há pessoas que entendem eles.

 

Sobre parcerias

 

 Paulo Kruse

Hoje meu fornecedor tem que ser meu parceiro. Preciso conversar com pessoas de lojas próximas, as lojas têm que ter parceiras também. A loja de roupa feminina tem que ser parceira da loja de roupa masculina para que as duas vendam mais. O nosso consumidor hoje quer vantagem em tudo, então precisamos nos ajudar.

– Um exemplo: nos EUA vimos lojas que alugam roupas. A pessoa paga uma mensalidade e pode retirar um número de roupas por mês. Aqui não vemos isso, mas se as lojas se juntassem e fizessem parcerias, era algo que poderia funcionar. Precisamos buscar novas soluções em conjunto.

 

Fabiano Zortéa

– Em Nova York vimos uma loja que era uma parceria entre a Starbucks e a Amazon, uma maneira de a Starbucks vender café de uma forma mais ágil, sem contato físico. No varejo de pequeno e médio porte, vejo mais oportunidade de fazer isso com mais agilidade. Posso fazer parceria com café, beer truck, para ter mais circulação em horários de menos vendas, por exemplo. Comida funciona muito bem com varejo, é uma isca de fluxo interessante. É preciso reconhecer onde você está, que tipo de parceria é melhor, o que já existe no seu bairro, como é a vizinhança, ou onde eu poderia colocar o seu produto. Seus produtos podem ser vendidos em outras lojas, por exemplo.

 

Arcione Piva

Na minha empresa fazemos esse tipo de parceria, vendendo de produtos de parceiros, onde não temos custo de estocagem. Conseguimos agregar mais produtos para trazer ao público.

 

 

Sobre Metaverso

 

Fabiano Zortéa

– O Metaverso é um canal de vendas que surge e que não se sabe para onde vai. Um dia acredita-se que vai dar dinheiro. Primeiramente, pessoas com muito dinheiro vão gastar nele, querendo ter uma experiência virtual.

– Precisamos acompanhar, saber o que é, precisamos saber o que está acontecendo. Vamos ali um dia comprar produtos para nossos avatares, talvez para nós. O consumo em massa lá pode acontecer em algumas décadas, então não precisamos nos preocupar agora. Tudo ainda está no campo da experimentação.

– A Geração Z está mais sensível a isso, os que têm muito dinheiro. Temos muitas pendências para resolver no varejo antes de nos preocuparmos com o Metaverso.

 

Alguns destaques – Tendências e boas práticas – Segundo Fabiano Zortéa

 

Consumidor de hoje

 

– É hiperconectado

– Espera ultra conveniência

– Entendeu que bem-estar é muito importante na vida dele

– Segurança é prioridade

– Tem desejo de experiências presenciais

– Espera um digital mais surpreendente

 

6 funções da nova loja física

 

  • Hub logístico
  • Hub de experiências
  • Personalização
  • Experimentação
  • Socialização
  • Especialização

 

– Consumidor está dizendo que está chato comprar na internet. Está sendo demandada uma experiência melhor no e-commerce. Um atendimento mais humanizado, alguma surpresa na entrega (como um bilhetinho escrito à mão, por exemplo).

 

– Consumidor hoje é híbrido. Vai seguir comprando no físico e no online. Crescimento do varejo online no Brasil foi de 41%.

– Para 40% dos brasileiros, o Whatsapp é o canal preferido para finalizar uma compra.

 É preciso priorizar cuidados ambientais. Não é sobre ser 100% sustentável – é sobre causar o menor dano possível.

  

Esta edição do Café com Lojistas teve o apoio da AIRAZ Administradora.