Lideranças empresariais destacam os desafios de empreender no Brasil e manter o foco no cliente durante painel na 10ª FBV
Cláudio Toigo, Carmen Ferrão e Júlio Mottin participaram de painel mediado por Alice Bastos Neves
O segundo dia da 10ª Feira Brasileira do Varejo, que segue até sexta (26) no Centro de Eventos FIERGS, em Porto Alegre, oportunizou um painel intitulado como O cliente como evolução: como acompanhar as transformações do varejo e aumentar as vendas com foco no cliente. O momento contou com a participação da sócia-superintendente do Grupo Lins Ferrão, Carmen Ferrão; do CEO do Grupo Panvel, Júlio Mottin; e do CEO do Grupo RBS, Cláudio Toigo, com mediação da jornalista Alice Bastos Neves.
Para a executiva do Grupo Lins Ferrão, Carmen Ferrão, o cliente sempre está em primeiro lugar. “Se não tivéssemos isso como valor, não chegaríamos onde chegamos”, afirmou. Quando questionada sobre empreender no Brasil, Carmen reforçou que o país tem muitas oportunidades. “O cliente é diferente em cada lugar. É preciso entendê-lo, suas referências, como consome, o que deseja. Não importa se compra no físico ou no online. Não imaginaria o nosso negócio diferente sem o cliente ser o foco”, disse. “O cliente deve ser visto como o grande desafio. Entender todo esse movimento requer olhos, ouvidos e coração no consumidor”, complementa.
A executiva ainda refletiu sobre a necessidade de conhecer o próprio negócio para poder entender o consumidor. “Se não tivéssemos a ascensão de atender o cliente e a coragem de se transformar para atendê-lo, não teríamos um impacto tão grande no mercado. A pandemia trouxe uma reflexão de como estamos no mundo”, afirmou, reforçando a capacidade criativa do empreendedor de fazer mais com menos, bem como a importância do planejamento a longo prazo. “Para quem não sabe onde vai, também não saberá como vai. ”
Já o CEO do Grupo Panvel, Júlio Mottin, ressaltou as dificuldades de empreender no Brasil, como a alta carga tributária, a parte trabalhista e a complexa burocracia. “Alguns dizem que é o país mais difícil de empreender no mundo. A boa notícia é que o Brasil não é para qualquer um. Por outro lado, principalmente do varejo, não existe nenhum case internacional que tenha entrado no mercado brasileiro e tenha ido bem”, lembrou Mottin, que reforçou ainda as características do povo brasileiro como a criatividade, o esforço, a riqueza em construção de cultura, e a valorização das empresas com propósito. Mottin explicou ainda que economizar tempo, que é o ativo mais valioso dos dias de hoje, e tratar o cliente como único está entre as prioridades do Grupo Panvel. “Investimos em logística e digitalização. Temos 150 lojas entregando em até uma hora. Isso nos trouxe uma super construção de valor. Conseguimos automatizar a experiência do cliente”, contou, reforçando a velocidade da transformação do mundo. “As empresas estão lentas em relação à evolução do cliente. Criatividade, propósito, abraçar o digital, dados e análise dos mesmos precisam ser aplicados.”
Júlio Mottin ainda falou sobre o brasileiro gostar de gente, do diferencial que as pessoas fazem em um negócio e a capacidade das pessoas em gerar empatia, que não será substituída por nenhuma tecnologia. “A conversão é exponencialmente maior quando há interação do cliente em uma loja física. As pessoas precisam do carinho e da emoção da presença”, disse.
De acordo com o CEO do Grupo RBS, Cláudio Toigo, para empreender é preciso enxergar além do que já se oferece. “Nos enxergávamos como uma empresa de mídia. Para transformar o propósito na prática, temos que exercer ele. E passamos a atuar de acordo com a necessidade dos nossos clientes. Temos dois tipos de clientes: audiência e anunciantes. Hoje entendemos as reais necessidades e oferecemos a melhor solução”, contou. O executivo ainda enfatizou que o produto trabalhado pelo Grupo RBS são as pessoas e que o ser humano gosta de estar junto. “Temos que tratar o capital humano como parte integrante da estrutura das organizações, para criarmos um círculo virtuoso. Acreditamos que quando as pessoas têm princípios alinhados e objetivos claros, elas desenvolvem a capacidade de empreender e crescer” afirmou.
Para finalizar, Toigo ressaltou a preocupação com a dificuldade de consumo. “Nunca saberemos mais do nicho do outro. Mas entendemos de gaúchos, onde estão e como se comunicam. O repertório não é só falar, mas saber o que está sendo dito. Momentos de crise geram muitas oportunidades se forem encaradas com crença e planejamento.”