5 cuidados ao se inspirar em modelos de negócios estrangeiros

Investir em ideias já validadas em outros países é um caminho seguro para quem quer empreender, mas tem suas desvantagens

Sites de compras coletivas, lojas online de produtos para bebês, aplicativos móveis para pedir táxi, comparadores de preços de seguros. Estes são alguns exemplos de serviços que fizeram sucesso no exterior e foram trazidos para o Brasil por empreendedores interessados em replicar o modelo em uma economia menos impactada pela crise mundial, com um mercado consumidor crescente e, o melhor de tudo, com muito menos concorrentes – pelo menos até outros empreendedores terem a mesma ideia.

Esse tipo de prática é conhecida no universo das startups como “copycat”. O termo é usado para definir startups inspiradas em modelos de negócios estrangeiros (geralmente americanos ou europeus). Ou seja, o empreendedor não cria nem inova. Ele adapta uma ideia que já foi validada em outro país para a nossa realidade.

Muitos negócios prosperaram por aqui usando essa fórmula – vide o caso do Peixe Urbano. O caminho pode ser mais seguro do que começar com uma ideia do zero e pode até facilitar a captação de investimentos. “A principal vantagem é que, teoricamente, existe menos risco, pois alguém já comprovou que o modelo tem aderência e que pode funcionar”, diz Anthony Eigier, cofundador da aceleradora Tree Labs.

Por outro lado, o empreendedor que aposta em um modelo fácil de copiar está mais exposto à concorrência – é o caso dos sites de compras coletivas, que invadiram o mercado brasileiro às centenas. “Quando você cria algo realmente inovador, sem precedentes, o potencial da startup é muito maior. Você se torna o modelo que os outros querem copiar”, diz Eigier.

Confira alguns cuidados que todo empreendedor deve ter ao se inspirar em um modelo de negócios de sucesso de fora:

Fuja dos serviços massificados
Oferecer uma versão local de serviços de massa que têm alcance global – como uma rede social ou um serviço de e-mail, por exemplo – é uma roubada. Clonar um Pinterest, um Twitter ou um Instagram dificilmente trará qualquer resultado, pois esses são serviços em que um único player domina o mercado.

Invista na vantagem local
Alguns serviços são mais locais por natureza. O e-commerce é um deles, já que é necessário ter toda uma operação de logística física por trás do negócio, além do conhecimento de leis e regulações e do relacionamento com os fornecedores do país. Dê preferência a esses modelos na hora de “se inspirar”.
Outros serviços precisam de um suporte local mais forte – é o caso de soluções B2B, voltadas a empresas. O comprador pode se sentir mais seguro lidando com alguém que está mais próximo fisicamente, que conhece melhor o seu ambiente de negócios e pode dar um suporte mais completo na sua língua.

Não compare alhos com bugalhos
Importar um modelo sem adaptá-lo à realidade local é outro erro que deve ser evitado. O contexto cultural sempre tem de ser levado em conta. Quer um exemplo? O modelo do TaskRabbit, site americano em que é possível contratar “assistentes pessoais” para realizar tarefas como fazer suas compras ou levar seu cachorro para passear, nunca pegou por aqui. Um dos motivos é a desconfiança em relação à idoneidade do “prestador” de serviço, que é mais forte aqui do que lá.
“Um erro frequente é a empresa partir do principio que o brasileiro vai reagir da mesma forma que o americano. Isso historicamente causa problemas”, alerta Eiger. Outros aspectos, como a maturidade na adoção de tecnologias, também podem influenciar nos resultados. Basta comparar a penetração da banda larga no Brasil e nos Estados Unidos, por exemplo.

Seja ágil
Se é para copiar, então saia na frente. Não vai demorar para outro empreendedor enxergar a mesma oportunidade e investir nela. Os primeiros entrantes sempre têm a vantagem – mais uma vez, o caso do Peixe Urbano mostra isso. Mas cuidado: a boa execução é fundamental. Não basta fazer primeiro, é preciso fazer bem, senão a concorrência poderá passar a rasteira em você.

Dê um tempero próprio
Se inspirar em um modelo de sucesso pode ser um bom ponto de partida, mas se a startup quiser ter futuro é necessário encontrar seu diferencial e continuar inovando.
Poucos foram os sobreviventes da febre das compras coletivas. Aqueles que sobreviveram encontraram o seu nicho e souberam se diferenciar – seja pela qualidade das ofertas, pelo atendimento ou por outro aspecto relevante para o consumidor. O próprio Peixe Urbano, que deu início à moda, não parou de se reinventar e buscar outros serviços para oferecer.
“No começo, simplesmente o modelo inovador já é uma vantagem, porém em um mercado saturado é importante que sua empresa se destaque das demais”, diz Eiger.

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