5 dicas para montar um estoque de varejo competitivo

Um dos maiores, senão o maior, ativo das empresas de varejo é o estoque. Todo o cuidado deve ser exercido em sua administração, pelo seu grande potencial de atingir, de forma positiva ou negativa, os resultados da empresa. Como dito em meu artigo anterior, todo estoque de varejo representa um investimento, além de consumir recursos para a sua criação e aquisição. É através de sua venda, que o varejista conquista o lucro de sua empresa. Para montar um estoque eficiente é preciso adotar algumas estratégias.

Por isso, recomendo sempre muita atenção à atividade de comprar e montar seu estoque de varejo. Abaixo, vão algumas dicas de como proceder ao fazer as compras:

1. Tenha em mãos as informações pertinentes para cada categoria de estoque – estoques atuais, velocidade de giro, planos de vendas

O cliente, ao dirigir-se à loja, irá procurar produtos em diferentes categorias. Portanto, é necessário que as informações estejam convenientemente estratificadas. Ao criar as categorias, lembre-se de que não há uma regra para o número de categorias a criar: se forem poucas, informações importantes podem ficar perdidas dentro do todo; se forem muitas, podem exigir um esforço administrativo exagerado e complicar o processo de decisão do cliente.

Por exemplo: para um varejista de confecções, ter os dados apenas para os grandes grupos – Feminino, Masculino, Infantil – pode ser considerado, em praticamente todos os casos, como uma abordagem muito ampla. Desta forma, categorias importantes deixarão de ser analisadas com a devida atenção. Dentro do amplo grupo Feminino, é importante ter informações separadas e criar categorias de Calças, Saias, Vestidos, Blusas, etc.

Por outro lado, seguindo o mesmo raciocínio, poderíamos argumentar que seria indicado ter informações em níveis ainda mais específicos. Por exemplo: Feminino > Calças > Jeans > Color > Leve > Petite. No entanto, é necessário que o volume de informações seja compatível com a capacidade de análise da empresa. Quanto maior a especificidade nas informações, maior será a necessidade de mão-de-obra capacitada para a administração do estoque de varejo.

Para todos os casos e, em especial, para os casos em que uma maior especificidade nas categorias seja necessária, um bom sistema de OTB será de grande utilidade.

 2. “Comprar o que vende” em contraposição a “Vender o que compra”

Qualquer comprador é assediado, todo o tempo, por ofertas feitas por vendedores que têm argumentos para “provar” que a mercadoria que está sendo oferecida é “indispensável” para sua loja. Mas é preciso lembrar sempre que os vendedores são treinados para isso. Eles estão cumprindo seu papel.

É preciso não perder de vista o fato de que as compras devem ser feitas visando os desejos e necessidades dos clientes da loja.

O simples fato de que o vendedor tem os melhores argumentos para “provar” que seu produto é indispensável ou que todos estão comprando, não significa que este seja um bom produto para sua loja. É claro que haverá momentos em que isso é verdade, que os vendedores terão razão. Por exemplo: quando o produto será objeto de grande promoção, com publicidade nacional massiva.

Sempre que estiver adquirindo itens para o seu estoque de varejo, passe o produto pelos crivos dos desejos dos seus clientes e das informações disponíveis (estoques, giro, etc.).

 3. “O olho maior que a boca” ou “Compras maiores que o talão de cheques”

Em todos os casos, mas especialmente quando a compra é feita sem um sistema de planejamento efetivo, é comum que sejamos vencidos pelo desejo de ter todas as mercadorias que os vendedores dizem ser absolutamente necessárias. Essa atitude pode fazer com que a verba acabe muito antes de que todas as categorias tenham sido convenientemente atendidas.

Possivelmente, a principal consequência de uma compra sem um bom método de controle será a duplicação de produtos similares. Uma forma de evitar a duplicação é fazer registros fotográficos e/ou ficar com amostras para, antes de emitir as ordens de compra. Esta atitude possibilita um olhar atento a tudo o que está sendo comprado, visando retirar da coleção os produtos duplicados.

Essa revisão tem a vantagem não só de evitar duplicidades. Além disso, por haver a possibilidade de comparar as condições comerciais de cada produto, ela permitirá escolher os itens que tenham as melhores condições. Ou até mesmo usar as informações assim obtidas para melhorar a negociação.

 4. “Deixe um lugarzinho para a sobremesa”

Uma das formas mais comuns de exagerar nos estoques é gastar toda a verba existente com muita antecipação em relação ao momento das entregas. Não são só os varejistas que têm problemas com estoques altos. O mesmo acontece com muita frequência com os fornecedores. E, assim como os varejistas, os fornecedores têm a tendência de “segurar” a mercadoria ao máximo, antes de fazer sua liquidação. Mas, exatamente como os varejistas, eventualmente vão precisar oferecer descontos para liberar os estoques.

Assim, tais ofertas vão acontecer mais para o final da estação ou pouco antes do lançamento de uma nova versão do produto. Se toda a verba do varejista tiver sido utilizada anteriormente, acabará perdendo boas oportunidades ou, o que é mais comum, irá acabar por fazer compras além do planejado, para não perder as oportunidades.

 5. Não se esqueça dos produtos que precisam ser repostos – aqueles que nunca podem ficar sem estoque

Uma parcela importante das vendas vem de mercadorias mais básicas, que devem estar sempre disponíveis (quantidades, cores, tamanhos). Se não podem faltar, não podemos correr o risco de ficar sem verba para comprá-las!

Mantenha seus estoques de produtos básicos sempre abastecidos e use as demais mercadorias para manter um fluxo. Isso fará com que os clientes queiram voltar para verificar as novidades.

 Nas empresas varejistas, o trabalho de compras é muito importante e complexo. Essas foram apenas algumas dicas. Fique atento e planeje seu estoque de varejo de maneira estratégica e bem controlada. Ter consciência sobre as compras e vendas irá ajudar bastante na prevenção das perdas e na manutenção dos lucros. 

Fonte: Gunnebo