Banco Central não descarta novos aumentos da Selic

O aumento do grau de incerteza e as restrições ao crédito influenciaram a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de interromper o processo de elevação dos juros na semana passada. Mesmo assim, futuras elevações da taxa básica juros (Selic), mantida em 13,75%, não devem ser descartadas. É o que revela a análise da ata da reunião, divulgada oficialmente ontem.

Três alertas fazem parte do documento: ainda persiste o descompasso entre oferta e demanda, os sinais de impactos da crise financeira na inflação são contraditórios e o Banco Central (BC) mantém a decisão de trazer a inflação para 4,5%, o centro da meta definido para 2009. O IPCA, índice oficial de inflação, está em 6,25% nos últimos 12 meses encerrados em setembro.

Na ata, o Copom reconhece que a crise pode desacelerar o ritmo da economia nacional, sendo uma espécie de dose adicional de política monetária sem ingerência do BC. Em tese, isso ajudaria no esforço contra a inflação pelo fato de o Copom entender que o nível de atividade interna não pode continuar no ritmo que está, sob pena de dar mais combustível à alta nos preços. Por outro lado, a crise, sobretudo por conta da desvalorização do real, pode gerar maior pressão inflacionária no curto prazo, criando dificuldades adicionais para a gestão da política monetária. A preocupação com a alta dos preços está expressa na ata quando a diretoria afirma que a “estratégia adotada pelo Copom visa a trazer a inflação de volta à meta central de 4,5% já em 2009”.