C&A reforça em parceria com famosos

São Paulo – Preta Gil será a celebridade por trás de uma nova coleção na C&A. A parceria dará foco aos tamanhos maiores: serão 35 peças com manequim 46 a 54. Com o nome “”Special for you Preta Gil””, a…

São Paulo – Preta Gil será a celebridade por trás de uma nova coleção na C&A. A parceria dará foco aos tamanhos maiores: serão 35 peças com manequim 46 a 54. Com o nome “”Special for you Preta Gil””, a linha plus size chegará às lojas em julho.

Não é a primeira vez que a C&A se associa a grandes nomes para carimbar suas roupas e acessórios. A cartada foi dada pela primeira vez em 2005, com itens assinados por Walter Rodrigues, Marcelo Sommer e Raia de Goeye. Abandonado por alguns anos, o projeto voltou à baila em 2009 e continuou a todo vapor. Na lista de marcas que já apareceram na loja estão Carina Duek, Glória Coelho, Maria Bonita Extra, Espaço Fashion e Isabela Capeto. As cantoras Christina Aguilera e Beyonce também marcaram presença.

Embora a empresa não comente investimentos ou previsões de negócios, não é difícil imaginar que o retorno de empreitadas como essa seja traduzido em caixa. “”Você passa a vender os produtos ligados à personalidade ou grife, atrai pessoas para a sua loja e consegue incutir o conceito que o seu negócio, mesmo massificado, é cool e bacana””, afirma Amnon Armoni, coordenador em gestão e estratégia de moda da FAAP.

Só em 2012, a C&A já vestiu suas araras com uma releitura das peças de maior sucesso da marca carioca Maria Filó, promoveu mais um lançamento da top Gisele Bündchen, e voltou os olhos para os meninos, tendo o cantor Fiuk à frente de uma coleção inspirada em si mesmo. Para Armoni, a C&A teria conseguido a façanha de se firmar como uma empresa que une moda e preço baixo com uma estratégia acertada e agressiva de comunicação, que inclui, é claro, a boa gestão dessas parcerias.

Com unidades em mais de 60 cidades no país, a empresa, que não divulga oficialmente seus números, é líder no segmento. Com faturamento de 709,3 milhões no primeiro trimestre do ano, a Renner aparece em segundo lugar da lista. Riachuelo vem em seguida, com 671,5 milhões.

Parceria como negócio

Juntas, as três empresas detém menos de 10% do varejo têxtil no Brasil. Em um mercado tão pulverizado, a introdução de parcerias de peso se consolida como uma arma das grandes lojas de departamento para conquistar cada vez mais clientes.

A Riachuelo foi pioneira ao se unir ao estilista Fause Haten em 2001. Depois de um hiato considerável, turbinou esforços para emplacar coleções mais populares da Osklen e da Cris Barros no ano passado. Para o próximo Dia dos Namorados, a fast fashion apostará na parceria com Martha Medeiros e Zapälla.

Na opinião de Marcos Hiller, da escola de negócios Trevisan, a associação a conhecidos da moda – e também do mundo das celebridades – confere uma exposição positiva às lojas, que passam a ser frequentadas por pessoas que não as incluíam no seu roteiro de compras.

Pioneiros

Lá fora, outras empresas foram bem sucedidas ao adotar a mesma estratégia há mais tempo. Em 2004, a fast fashion sueca H&M fez história ao lançar uma coleção assinada por Karl Lagerfeld, mundialmente conhecida por suas criações na Chanel. Alguns críticos rechaçaram a proposta, afirmando que ela banalizaria o luxo representado pela maison francesa. Expostas nas vitrines de 20 lojas europeias e nos Estados Unidos, as roupas da H&M acabaram em questão de horas.

Mais tarde, foram parar em leilões virtuais por preços inflacionados. A ideia de exclusividade da marca manteve-se intacta – ainda que por alguns instantes ela tenha ficado mais acessível aos pobres mortais. A partir de então, a parceria tornou-se uma estratégia para alavancar vendas e promover as grandes lojas de departamento no exterior. A própria H&M produziu coleções assinadas por gente do calibre da cantora Madonna. A britânica Topshop e a japonesa Uniqlo seguiram a mesma toada.

Elio França, diretor de marketing da C&A reforça que esta foi a forma encontrada pela empresa de oferecer moda “com alta percepção de valor” no Brasil. A resposta do público, reitera, não deixa a desejar. E isso apesar do valor médio das peças ser consideravelmente mais alto.

Em março do ano passado, a estilista britânica Stella McCartney, filha do ex-Beatle de mesmo sobrenome, comandou a criação de uma linha especial para a C&A no Brasil com casaquinhos que chegavam a 499 reais. As etiquetas mais salgadas não foram suficientes para afastar as consumidoras. Pelo contrário. “Vimos gente em filas de uma, duas horas”, diz França.

Hoje, a C&A conta com mais de 200 lojas espalhadas pelo país. Como as peças das coleções especiais não chegam a todas elas, já que o abastecimento prioriza as unidades frequentadas por um público de maior poder aquisitivo, a empresa comercializa os produtos que nascem das parcerias na internet. O e-commerce da marca, vale lembrar, só funciona nesses momentos. Uma prova de que há demanda por peças mais caras em lojas que sempre foram associadas ao preço baixo.

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