Camelôs estão insatisfeitos com o CPC

Os camelôs de Porto Alegre estão insatisfeitos com o novo empreendimento comercial da Capital: o Centro Popular de Compras (CPC). Nem mesmo a alteração na data de inauguração do camelódromo mudou a…

Os camelôs de Porto Alegre estão insatisfeitos com o novo empreendimento comercial da Capital: o Centro Popular de Compras (CPC). Nem mesmo a alteração na data de inauguração do camelódromo mudou a opinião dos ambulantes da rua José Montaury e da praça XV de Novembro – onde se concentra o maior de número de camelôs da cidade. Alguns mais exaltados chegam a dizer que haverá conflito em função dos possíveis prejuízos da categoria. Outros apostam no fracasso total do novo empreendimento, mas todos são unânimes em uma questão: lugar de camelô é na rua, no asfalto.

O titular da Smic, Léo Antônio Bulling, aposta que a maioria dos 800 camelôs do Centro terá êxito. “Como tudo na vida, o comércio é uma atividade de risco e por este motivo é necessário ter competência”, comenta. De acordo com Bulling, o projeto foi concebido para ser um sucesso nunca visto em Porto Alegre. “Estamos apostando no shopping popular porque na região passam mais de 100 mil pessoas por dia”, afirma. Outro fator destacado pelo secretário é a criação de 216 vagas de estacionamento, o que vai facilitar o acesso das pessoas ao novo empreendimento.

Segundo Bulling, a partir da ocupação do CPC pelos camelôs entra em vigor uma nova legislação, que prevê multas pesadas para quem for pego comercializando produtos nas ruas da Capital. Os ambulantes flagrados pela fiscalização da Smic e pela Brigada Militar poderão pagar multa que varia de R$ 107,00 a R$ 1.200,00.

Outra reclamação dos ambulantes diz respeito ao preço do aluguel das bancas do camelódromo. O secretário informa que o contrato prevê o pagamento semanal de R$ 76,00 pela banca menor e de R$ 99,00 pelo estande maior. Os ambulantes terão que arcar com as despesas de luz, segurança e limpeza do camelódromo. De acordo com o titular da Smic, os camelôs têm um gasto semelhante nas ruas da Capital. “São despesas com depósito, carregador (que leva a mercadoria até o ponto de venda) e segurança que vão equilibrar com os gastos do shopping popular”, observa. No caso de atraso no pagamento do aluguel pelo período de seis semanas, o administrador do CPC pedirá a desocupação da banca. O espaço será oferecido a quem está na lista de suplentes da Smic.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista, Ambulantes e Feirantes, Moacir Gutierres, diz que os custos do aluguel do Centro Popular de Compras coincidem com o que é cobrado na rua. No entanto, o que assusta os ambulantes é o preço que será pago pela segurança do espaço. “Qual será o valor cobrado pela segurança privada de um prédio que começa na rua Voluntários da Pátria e termina no muro da Mauá?”, questiona Gutierres.

Associação defende carência no pagamento do aluguel

Uma carência de seis meses no pagamento do aluguel das bancas do Centro Popular de Compras pelos camelôs da Capital. Essa proposta será apresentada pela Associação Feira Rua da Praia (Asferap) à prefeitura de Porto Alegre nos próximos dias. Outra reivindicação da categoria é que o pagamento do espaço passe a ser mensal e não semanal, como está previsto no contrato assinado entre o município e a empresa Verdicon, responsável pelas obras. O presidente da Asferap, Juliano Fripp, considera muito caro os preços cobrados pelos estandes no camelódromo.”Os valores de R$ 76,00 e R$ 99,00 estão altos e precisam ser discutidos entre os ambulantes e o poder municipal”, destaca. Fripp acredita que o CPC será um passo para o crescimento da categoria. No entanto, ele faz um alerta. “Não pode ser um projeto em que o camelô vire empresário da noite para o dia. Para que ocorra uma adaptação rápida ao processo é necessário apoio do Poder Público”. A associação, que representa 180 ambulantes que atuam entre as ruas General Câmara e Marechal Floriano, também pretende sugerir à prefeitura de Porto Alegre uma alteração na gestão do empreendimento. Os camelôs querem que, ao fim do uso do espaço por 25 anos pela empresa Verdicon, as bancas do CPC passem a ser dos ambulantes.

“Nosso lugar é na rua”, alegam os comerciantes

Entre os ambulantes cadastrados, que chegam a 840 na área central da cidade, e que vão ocupar as 800 bancas do shopping popular, a desconfiança com o novo espaço é grande. A ambulante Salete de Almeida, que há mais de 20 anos atua na área central, afirma que a venda no asfalto funciona muito mais. “Lugar de camelô é nas ruas, e não nas lojas”, comenta. O camelô Edson Fernandes, que há 16 anos comercializa produtos eletrônicos na rua José Montaury, teme uma queda nas vendas em função do novo espaço. “A população gosta mesmo é do camelô atuando nas ruas”, acrescenta. Na praça Campos Salles, próximo da avenida Salgado Filho, o ambulante Leandro Vitória de Oliveira pretende partir para outra atividade. “Tem dias que a gente não consegue vender R$ 50,00”, destaca. O ambulante Getúlio Carlos do Santos acredita que muitos colegas não vão sobreviver com a mudança de camelô para lojista. “Querem me transformar em um microempresário na marra. Meu lugar é na rua”, acrescenta.

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