Capital supera o Rio em homicídios

Quem depara com notícias sobre a violência no Rio de Janeiro e se sente aliviado por morar em Porto Alegre está incorrendo em uma ilusão. O estudo Saúde Brasil 2009, divulgado ontem pelo Ministério da…

Quem depara com notícias sobre a violência no Rio de Janeiro e se sente aliviado por morar em Porto Alegre está incorrendo em uma ilusão. O estudo Saúde Brasil 2009, divulgado ontem pelo Ministério da Saúde, revela que a possibilidade de morrer assassinado na capital gaúcha é uma das maiores do país. No mesmo quesito, o Rio é uma das capitais mais seguras.

Conforme o levantamento, Porto Alegre teve 556 homicídios em 2008, uma taxa de 41,7 mortes por 100 mil habitantes. É o oitavo pior índice do país, quase duas vezes superior ao da capital fluminense (22,3 por cem mil) e 2,5 vezes superior ao de São Paulo. Em números absolutos, Porto Alegre teve o 12° maior contingente de assassinatos.

O professor Rodrigo de Azevedo, pesquisador da pós-graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Universidade Católica (PUCRS), atribui a taxa elevada de homicídios da Capital à estrutura carente de investigação. Até recentemente, havia apenas uma delegacia e dois delegados atuando no setor. A timidez da estrutura, diz Azevedo, impede que os cerca de 500 homicídios anuais da cidade sejam investigados como deveriam: – A polícia investiga alguns casos, aqueles de maior repercussão pública, e deixa os que ocorrem na periferia em segundo plano. Temos uma taxa de esclarecimento de homicídios muito baixa, da ordem de 15% a 20%. Em São Paulo, que focou nessa área, a taxa é de 25% a 30%.

Conforme Azevedo, um maior índice de esclarecimento dos assassinatos tiraria de circulação membros de quadrilhas que são homicidas contumazes, fazendo as mortes refluírem. Ele também aponta a superlotação do sistema prisional como causa para as altas taxas de homicídio da Capital, na medida em que as cadeias não cumprem o papel de recuperar os presos e servem de ponto de reunião das facções criminosas.

O delegado Ranolfo Vieira Júnior, diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), concorda que a falta de pessoal e de estrutura da polícia colaborou para a elevada taxa de homicídios. Foi essa avaliação, afirma, que levou à criação de uma segunda delegacia de homicídios, há pouco mais de um mês. O número de delegados passou de dois para quatro. – A estrutura era deficiente. Com os concursos públicos que ocorreram, tivemos a possibilidade de reforçar a área. A tendência agora é melhorar a taxa de esclarecimento (estimada entre 35% e 40%) e, no médio prazo, reduzir os homicídios – diz o delegado.

Se a duplicação da estrutura de investigação for bem sucedida, Porto Alegre poderá seguir a tendência de queda nas mortes registrada no país. Na comparação do triênio 2001-2003 com o triênio 2006-2008, a taxa de homicídios recuou 23,5% em média nas capitais, levando em consideração a população mais vulnerável, os homens de 20 a 39 anos. Porto Alegre, na contramão, registrou crescimento de 30,4% no índice.
O levantamento Saúde Brasil 2009 teve sua sexta edição divulgada ontem pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. Confira revelações do estudo:

Obesidade preocupa

Uma das preocupações que emergiram do trabalho foi o avanço da obesidade entre os brasileiros. Conforme dados de diagnósticos médicos, a prevalência da obesidade no país cresceu de 11,4% para 13,9% entre 2006 e 2009. O sobrepeso avançou de 42,7% para 46,6%. A obesidade, segundo as autoridades de saúde, já começa a impactar na mortalidade, com um crescimento de 10% nos óbitos por diabetes mellitus no período entre 1996 e 2007. Associada ao excesso de peso, a doença transformou-se na terceira principal causa de morte no país. – Estamos sentados em cima de uma bomba-relógio disse o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

Desnutrição infantil

A proporção de brasileiros de idade inferior a cinco anos com baixo peso caiu de 7,1% em 1989 para 1,8% em 2006. No mesmo período, as crianças com baixa altura passaram de 19,6% do total para 6,8%. Com isso, segundo o Ministério da Saúde, foi superado o problema da desnutrição infantil, um dos causadores da morte na infância. A taxa da mortalidade entre crianças de até cinco anos caiu 58% entre 1990 e 2008. Recuou de 53,7 óbitos a cada mil nascidos vivos para 22,8.

Menos nascimentos

Com exceção da Região Norte, os nascimentos caíram em todo o país ao longo da década. Passaram de 3,2 milhões em 2000 para 2,9 milhões em 2008. A maior queda foi no Sul: – 17,7%. As maiores reduções na taxa de fecundidade ocorreram entre as adolescentes (21,5% na faixa dos 15 aos 19 anos) e as jovens adultas (16,4% na faixa dos 20 aos 24 anos). Esses dois grupos etários responderam por 93% da queda nos partos. Apesar disso, a fecundidade no país ainda é precoce. Dos partos registrados em 2007, 20% foram de mães com idades entre 15 e 19 anos e 29%, na faixa dos 20 aos 24 anos. As regiões Norte e Nordeste são as que têm o maior número de partos nas faixas etárias mais jovens. – Esta é uma realidade que começa a mudar. A partir de 2003, aumentou a idade média das mães no momento do parto – disse o diretor do Departamento de Análise de Situação de Saúde do ministério, Otaliba Libânio Neto.

Cesarianas em alta

A proporção de partos feitos por cesariana aumentou de 38% para 47% do total de 2000 para 2008. No Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste já correspondem à maioria dos nascimentos. Mulheres com mais de 12 anos de estudo são as que mais fazem a cirurgia, sobretudo nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a cirurgia represente, no máximo, 15% dos partos. As regiões com alto índice de cesáreas, Sudeste e Sul, registraram também o maior número de bebês com baixo peso, 9,2% e 8,7%, respectivamente, em 2007.

Mortes por diabetes

Quarta principal causa de mortes em 2005, o diabetes ultrapassou os homicídios e passou a ocupar a terceira posição em 2008, atrás das doenças cerebrovasculares e das doenças isquêmicas do coração. Foram 49,7 mil mortes por diabetes tipo 2 no Brasil, o equivalente a 4,65% do total. O principal fator associado é a mudança na alimentação do brasileiro, que leva ao sobrepeso.

Vítimas da violência

Dos mortos em acidentes ou por homicídio em 2008, 83% eram homens. O risco de mortes por causas externas foi 5,1 vezes maior do que entre as mulheres. As principais causas foram agressões (40,6% do total), especialmente por armas de fogo (29,4%). Em seguida, aparecem os acidentes de trânsito (26,9%). Entre as mulheres, acidentes de trânsito (30% do total) correspondem às principais causas de mortes.

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