CNC corta projeção de aumento de vendas do varejo em 2015
Na prática, os fatores que estão conduzindo a uma piora no consumo não são de fácil resolução.
Influenciada pela continuidade dos juros altos e pelo alto endividamento das famílias, em um ambiente…
Na prática, os fatores que estão conduzindo a uma piora no consumo não são de fácil resolução.
Influenciada pela continuidade dos juros altos e pelo alto endividamento das famílias, em um ambiente de crise hídrica e energética, a Confederação Nacional de Comércio, Bens e Serviços (CNC) revisou para baixo a sua projeção para o volume de vendas do varejo restrito em 2015 ante o ano passado, de alta de 3% para 2,4%.
É a primeira revisão negativa de suas estimativas para este ano, informou o economista da CNC, Fabio Bentes – que reiterou projeção de alta de 2,5% para as vendas do comércio restrito em 2014 ante 2013, cujo resultado oficial será anunciado na semana que vem pelo IBGE. Essa elevação referente a 2014, se confirmada, será o pior resultado em dez anos, perdendo apenas para 2003 (-3,7%), lembrou ele.
Na prática, os fatores que estão conduzindo a uma piora no consumo não são de fácil resolução, observou ele, que não acredita em melhora no desempenho do comércio no curto prazo.
Esse sentimento é perceptível também entre os empresários do setor. Nesta quinta-feira, a confederação informou que o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) caiu 1,1% em janeiro ante dezembro do ano passado, com retração de 14,3% na comparação com janeiro de 2014. Com isso, o indicador marca 105,1 pontos, o pior nível da série histórica, iniciada em 2011.
Os tópicos usados para cálculo do Icec mostram de forma detalhada o pessimismo dos empresários. O item condições atuais mostrou recuos de 5,6% em janeiro ante dezembro; e de 26,6% ante janeiro de 2014. O de expectativas caiu 0,3% em janeiro ante dezembro e recuou 9,3% ante janeiro do ano passado. Já o de investimentos até subiu 1,3% no primeiro mês do ano, ante mês anterior; mas caiu 9,9% ante janeiro de 2014.
As crises hídrica e energética foram os fatores que levaram à queda do Icec de janeiro, comentou o especialista. Ele considerou que os empresários do comércio sabiam que o custo da energia ia aumentar em 2015, mas foram surpreendidos pela magnitude da alta. “Foi uma ducha de água fria em um setor que já não estava muito aquecido”, afirmou.
O técnico não descarta novas revisões para baixo em suas previsões para o comércio varejista em 2015. Ao mesmo tempo, ele comentou que o consumidor está atento à piora no mercado de trabalho, com menor ritmo de abertura de vagas – o que eleva cautela por novas compras.
“Ficou claro que o consumidor vai abrir mão de comprar bens não essenciais, para não se endividar mais”, afirmou. “E eu apostaria que a confiança continuará a oscilar para baixo, com o indicador testando novos pisos – e o índice [Icec]pode continuar a cair nos próximos meses”, finalizou.