Comércio gaúcho apresenta seu primeiro resultado negativo após 27 meses de altas nas vendas

O desempenho do comércio em geral do Rio Grande do Sul apresentou queda no mês de outubro. Na comparação com o mesmo período de 2007, o volume de vendas variou negativamente em -2%. A queda foi a primeira…

O desempenho do comércio em geral do Rio Grande do Sul apresentou queda no mês de outubro. Na comparação com o mesmo período de 2007, o volume de vendas variou negativamente em -2%. A queda foi a primeira após 27 meses de altas do setor, que sinalizou quedas também no comércio varejista (-1,1%) e comércio atacadista (-2,9%). Os resultados refletem a diminuição do crédito sentida pelos consumidores e lojistas, além da valorização do dólar, que atingiu o atacado fortemente. Além do impacto real na capacidade de compra das pessoas e estabelecimentos, outubro foi um mês em que os ânimos foram afetados pela ampla divulgação da crise mundial.

Estes resultados fazem parte do IVC-RS (Índice de Vendas do Comércio do RS), divulgado mensalmente em uma parceria entre a Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do RS) e a FEE (Fundação de Economia e Estatística). Para o economista da Federação, Eduardo Merlin, o atacado foi mesmo o principal contribuinte para a queda. “É certamente o primeiro segmento a sentir um impacto de retração, mas também o primeiro a ter a recuperação. O varejo passa por um amortecimento, com os sinais de desaceleração chegando mais lentamente”, explica.

Em outubro, o varejo teve como resultados de destaque dois segmentos: Veículos, Motocicletas, Partes, Peças e Acessórios (-1,1%) e Materiais de Construção (-5%). “As vendas de veículos chegaram a ter meses com altas superiores a 30%. Historicamente as vendas estavam aceleradas, por isso quando o setor absorveu o encarecimento do crédito a retração ficou mais aparente”, explica Merlin. Para ele, no caso do material de construção, o efeito de inércia que mantinha as compras acabou. “As pessoas conseguiram encerrar a parte mais pesada da obra e estão adiando o acabamento, os detalhes”, avalia.

No atacado, Produtos Intermediários Industriais amargam uma queda de -23,4%, enquanto que as vendas de Combustíveis caíram -2,2%. “Nos produtos industriais esta é a oitava queda consecutiva. O que ocorre é que a instabilidade do dólar, que já vinha ocorrendo, gera incerteza no mercado, e em períodos assim o que as pessoas fazem é evitar as compras”, diz. Para os combustíveis, Merlin lembra que este é um segmento que funciona como indicador de expectativas. “Se menos combustível está sendo utilizado é porque um menor número de produtos está sendo movimentado. Esta queda pode nos mostrar que a economia como um todo está desacelerando.”

Apesar da queda em outubro, o acumulado do ano (janeiro-outubro) permanece positivo em 5,8%. Assim, o economista da Fecomércio-RS acredita que o período que está por vir para o comércio requer cautela. “Quem atravessar essa fase estará apto para no momento seguinte poder aproveitar a recuperação. A dica agora é segurar os excessos e tentar não se endividar”, finaliza.

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