Conexão Varejo: sucessão empresarial exige estratégia e planejamento

Para garantir a continuidade dos negócios, a sucessão empresarial deve ser pilar fundamental na estratégia das organizações, sejam elas familiares ou não.

Criar um negócio sólido é um desafio. Mas mantê-lo forte ao longo das gerações é duas vezes mais difícil. Para facilitar esse processo e garantir vida longa aos empreendimentos é essencial que a sucessão seja pensada dentro da estratégia, e desde cedo. E essa não é tarefa apenas das empresas familiares e nem só para cargos executivos, precisa ser praticada por todas as companhias e a qualquer cargo de liderança.

“Realizar um planejamento sucessório não significa fazer a sucessão propriamente dita, mas sim estruturar o processo para que, quando ocorrer, seja de maneira planejada e sem conflitos”, afirma Ana Rita Bittencourt, consultora da UNE, especializada em sucessão e governança. Segundo Cinthia Habe, também da UNE, tratar de sucessão pode parecer assustador, mas é o que garante a continuidade dos negócios.

Partindo do zero

Definir os critérios é um bom começo: o que acontece se algum dos sócios deixar a sociedade, em caso de falecimento, em relação a filhos. Para o CEO da Houzen Consultoria e Planejamento, Henrique Olsen Pizzatto, a recomendação é proporcionar formação aos possíveis sucessores. “Uma educação corporativa precisa incluir os herdeiros e os potenciais líderes para formar uma cultura que leve à condução adequada dos negócios”, destaca.

Manter uma escola de formação de líderes é útil porque ajuda a identificar pessoas com o comportamento necessário às posições alvo da sucessão. Nos negócios familiares, a formação interna também serve para direcionar os membros de acordo com a estrutura de governança definida.

Remodelação societária

Fundada em 1951, pelo imigrante Bernardo Igor, a Ferragem Igor está hoje sob o comando da terceira e segunda gerações. No começo, Bernardo e seus filhos trabalhavam na loja; depois, veio a entrada dos netos.

Comum nas empresas familiares, o desencontro de objetivos levou à remodelação do negócio, quando Beno e Eduardo – filho e neto de Bernardo, respectivamente – adquiriram a parte dos demais. “Nós dois começamos na Ferragem ainda na adolescência, em épocas diferentes, e víamos a mesma força na marca, o que nos fez querer seguir com ela”, comenta Eduardo, atual diretor-geral. Hoje, a Igor conta com seis unidades e ainda não possui processo sucessório estruturado para o comando da empresa, mas para as lideranças já conta com programa de formação de gerentes.

Guiados pela afinidade

A Decorações Berti, com 48 anos, também foi construída pelo trabalho de três gerações. Inspirados pelo sonho do casal fundador, Therezinha e Roberto Berti, os três filhos Rosane, Robson e Rosângela tocaram a loja por anos, até que um deles se aposentou e saiu da sociedade.

Há quatro anos, a terceira geração passou a fazer parte com a entrada de Rodrigo, formado em Administração e neto dos fundadores, atraído pela afinidade ao ramo e pela vontade de empreender. “Comprei a ideia e a sucessão está sendo natural, porque sou o mais velho entre os que escolheram atuar no comércio”, explica.

Além de garantir o futuro familiar da empresa, a entrada da terceira geração trouxe tranquilidade à gestão, já que em breve os antecessores pretendem também se aposentar. Para uma passagem de bastão tranquila, Rodrigo recomenda dedicação de ambas as partes. “Os mais novos têm que entender que há muito conhecimento a ser aprendido, e os mais velhos devem estar abertos à colaboração de quem chega com um novo olhar para agregar ao negócio”, recomenda Rodrigo Berti.

 

3 dimensões da sucessão em empresas familiares

Família: trata da dinâmica nas relações familiares, da formação das novas gerações e da transmissão do legado e valores familiares conforme as gerações forem sendo substituídas.

Empresa: voltada para atuação direta no negócio, ajuda a definir quem vai ocupar os cargos executivos ou até mesmo participar do conselho.

Propriedade: refere-se à herança e aos direitos sobre a empresa quando os fundadores falecem e os herdeiros passam a desempenhar o papel de sócios, mesmo os que não trabalham na empresa.

 

“É responsabilidade dos sócios definirem em contrato o que acontece em termos de sucessão. E, quando isso não acontece, acaba por trazer vulnerabilidade para o negócio.”
_Ana Rita Bittencourt, consultora da UNE Consultoria

“A sucessão no varejo deve ocorrer sem medo com procedimentos corretos, mas os colaboradores precisam estar cientes para se manterem confiantes sobre o futuro da empresa.”
_Henrique Olsen Pizzatto, CEO da Houzen

 

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