Conexão Varejo: Tecnologia ajuda lojas a se destacarem
Etenda como a transformação, que digitaliza cada vez mais aspectos da vida, vem modificando e estimulando a inovação no varejo.
Estamos atualmente muito mais para Jetsons (desenho animado em um mundo futurista) do que para Flinstones (desenho que se passa na era das cavernas). Embora não tenhamos chegado no nível dos carros particulares voadores, como nos Jetsons, a tecnologia hoje desempenha um papel fundamental para a vida moderna, sendo determinante para diversos serviços que estamos acostumados e até dependentes no decorrer do dia. Do micro-ondas, que muitas vezes substitui o fogão, ao smartphone, que desempenha até mais tarefas do que o computador, a disseminação da tecnologia pode ir além das tarefas diárias e contribuir muito ao varejo para a oferta de experiências marcantes ao consumidor. Na era da experiência, na qual as lojas se diferenciam pelo atendimento e não mais pelos produtos, lançar mão de recursos digitais e tecnológicos é uma boa tática para se destacar.
Oceano azul
Elaborada pelo sul-coreano W. Chan Kim e pela norte-americana Renée Mauborgne, em 2004, a estratégia do oceano azul se refere à concorrência nos negócios. Segundo os autores, oceano azul é um ambiente onde as empresas podem “nadar” livremente pelo baixo nível de concorrência de um mercado inexplorado. Por outro lado, o oceano vermelho é saturado e tem essa cor em função do sangue derramado nas brigas entre os concorrentes. Apesar de dramática, a teoria em forma de metáfora ilustra bem como as empresas podem se diferenciar para ter melhores resultados. E quando se trata de transformação digital, companhias que se movimentam para adotar a tecnologia antes das outras seguem uma linha de pensamento de busca pelo oceano azul. Mas, para isso, adotar um mindset digital é importante, porque traz solidez à estratégia e inovação às companhias.
Nova mentalidade
A construção de um mindset digital é premissa básica para reagir com coerência à transformação da sociedade. Apesar do termo em inglês – bastante usado no mundo dos negócios – ele significa nada mais do que uma mentalidade, ou seja, é uma forma de pessoas e empresas enxergarem o mundo, pensarem sobre ele e se posicionarem considerando os aspectos e os impactos da tecnologia. Como afirma Joris Merks-Benjaminsen, head da Google Digital Academy, algumas maneiras de estimular um mindset digital nas empresas são: colocar o foco efetivamente no cliente, garantindo que a estrutura, os processos ou as metas da empresa não atrapalhem o relacionamento; incentivar internamente uma linguagem acessível quando o assunto for a tecnologia; encorajar a experimentação, que pode gerar a inovação; e garantir uma liderança que estimule a evolução.
Desbravadores
Assim como a previsão dos especialistas que fundaram a internet de que em breve o ato de digitar será coisa do passado, muitos dos hábitos atuais seguirão sendo modificados – ou até erradicados – pelo uso da tecnologia. No varejo, por exemplo, redes como McDonald’s, Renner, Live!, Havaianas e Alibaba já adotaram as ferramentas digitais como forma de facilitar a jornada do consumidor.
Na unidade do McDonald’s que fica na Av. Senador Tarso Dutra, em Porto Alegre, o consumidor pode escolher entre fazer o pedido no caixa, da forma tradicional, ou sem atendentes de maneira digital pelo totem no meio do salão ou pelos tablets que ficam nas mesas. Além de conveniência, a estratégia buscou tornar a experiência do cliente mais interativa.
A Havaianas é outra que inovou para não decepcionar os clientes quando a loja do Shopping Iguatemi de São
Paulo estava em reforma. Para garantir que os clientes que se deslocassem à loja no período pudessem comprar, a marca instalou um tapume interativo que continha ilustrações, feitas por um artista parceiro, e QR Codes que levavam o consumidor direto ao produto com a estampa relacionadas à imagem no site. Dessa forma, o cliente podia comprar pela internet e receber o produto em casa.
Na Live!, voltada para vestuário fitness, todos os produtos possuem QR Codes nas etiquetas. Com eles, basta o consumidor apontar a câmera do smartphone para acessar diversas informações, como especificações técnicas e até como a roupa veste.
A Feira Brasileira do Varejo (FBV) também aposta na tecnologia há anos. A presença da robô Pepper, na última edição, foi uma das iniciativas para mostrar como a inteligência artificial pode ajudar o consumidor. Capaz de orientar sobre deslocamento nas lojas, indicar onde ficam os produtos e até exibir informações pelo tablet acoplado no seu “corpo”, a robô é uma boa aposta para estabelecimentos que buscam facilitar a jornada do seu consumidor.
E até mesmo marcas que têm o digital no DNA precisam inovar quando vão para o mundo físico. A loja temporária do Alibaba – marketplace do AliExpress –, que ficou aberta entre setembro e outubro deste ano em um shopping de Curitiba, fez isso. No espaço, a marca criou um grande painel digital para mostrar alguns dos melhores produtos de tecnologia vendidos no site do AliExpress. Além disso, o local incluiu nichos interativos, com monitores touchscreen, onde o visitante pôde ver mais informações sobre os itens, e nichos com produtos físicos para experimentação.
Já a Lojas Renner tem investido forte na digitalização para colocar o protagonismo da compra na mão do consumidor. Em algumas lojas da rede, o visitante já pode aproveitar funções como a “venda móvel”, na qual o pagamento é feito sem necessidade de entrar na fila por atendentes que circulam com máquinas de pagamento portátil; o “autoatendimento” por totem, quando o próprio cliente paga e desativa o alarme dos produtos; e o “pague digital”, em que a compra é feita dentro da loja pelo app e o único contato é para a retirada do alarme dos produtos, feita por qualquer atendente.