Copom mantém taxa em 10,75%
Nova rodada de aumentos na Selic deverá ficar para o próximo governo
Alinhado com a expectativa do mercado, o Banco Central (BC) decidiu manter a taxa básica de juro em 10,75% ao ano. Com a decisão, interrompe o que deve ser o último ciclo de alta do governo Lula, que havia começado em abril.
Na época, a taxa Selic estava em 8,75% ao ano, menor nível da história. A projeção do mercado financeiro, no entanto, é que o BC deixe para o próximo governo a tarefa de promover uma nova rodada de aumento da taxa no início de 2011.
Foi unânime a decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne mais duas vezes este ano, no final de outubro e início de dezembro. Não há expectativa de mudanças até lá. A manutenção da taxa básica reflete a avaliação do Copom de que a economia brasileira teve forte desaceleração no último trimestre, quando cresceu a uma taxa próxima de 1%, abaixo dos quase 3% registrados no começo do ano.Também pesaram na decisão a queda da inflação, devido ao recuo no preço dos alimentos, e a ainda fraca recuperação da economia internacional.
Inflação menor e crise global pesaram na decisão
Ao contrário do que ocorreu na última reunião, em julho, não houve divergências entre o discurso do BC sobre a inflação e a decisão do Copom, segundo avaliação do mercado financeiro. Analistas dizem, no entanto, que a economia voltará a se acelerar ainda neste ano, assim como os preços, o que obrigará o próximo governo a elevar o juro básico para controlar a inflação.
Nos oito anos de governo Lula, houve quatro ciclos de aumento da taxa básica, que estava em 25% ao ano quando o governo assumiu. O patamar mais alto foi atingido em fevereiro de 2003 (26,5%). O mais baixo, em julho de 2009 (8,75%). O aperto mais longo e de maior intensidade foi realizado entre 2004 e 2005, quando a taxa subiu quase quatro pontos percentuais em um período de nove meses.
Mesmo sem novas altas, a decisão foi seguida da já habituais críticas de líderes do setor produtivo. A maior forte veio da Federação da Indústria de São Paulo, que em nota afirmou que o comunicado do BC deveria começar com “desculpem, mas erramos”.
– Mesmo com a interrupção do ciclo de alta da Selic, não podemos deixar de encaminhar alternativas para que o Brasil pare de ter os juros mais altos do mundo – avaliou o presidente da Federação das Indústrias do Estado, Paulo Tigre.
O presidente da Fecomercio, Abram Szajman também criticou a decisão: – Teria sido muito mais adequado não ter promovido aumento da Selic. O país gasta uma fábula com juros.