Corte em gastos federais não deve ser suficiente para conter inflação, avalia Fecomércio-RS
O governo federal anunciou, na tarde de quarta-feira (9), um pacote com cortes no orçamento de 2011, no montante de R$ 50 bilhões, para conter o aumento da inflação no Brasil. Garantindo que os valores…
O governo federal anunciou, na tarde de quarta-feira (9), um pacote com cortes no orçamento de 2011, no montante de R$ 50 bilhões, para conter o aumento da inflação no Brasil. Garantindo que os valores destinados ao PAC, aos programas sociais e aos investimentos públicos não serão mexidos, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que, diferentemente dos anos anteriores, o governo não deve reverter os cortes anunciados. O ministro comentou que, ao frear a inflação, o governo também poderá diminuir gradativamente a taxa básica de juros. No entanto, na visão da Fecomércio-RS (Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do RS), a falta de especificações sobre de onde sairão os cortes minimiza as ações do governo perante o mercado. Como o Banco Central (BC) define a taxa Selic de acordo com as projeções de mercado, essa falta de informações deverá impedir que haja, efetivamente, queda do índice. “Vamos continuar crescendo acima do que podemos, a inflação deve permanecer pressionada e o BC deve usar a taxa de juros para segurar a economia. Para o setor produtivo, seria interessante se o governo tomasse uma atitude mais contundente quanto aos cortes, tornando essa ação do Banco Central desnecessária”, afirma o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi. Ele explica que ações como diminuição de viagens, suspensão de concursos públicos e veto à compra de automóveis, entre outras, não devem chegar à meta estipulada, e isso torna o projeto insuficiente aos olhos do mercado. “O governo pode até estar operando da forma correta, mas é preciso dar mais subsídios ao mercado.” Sem a queda da taxa de juros, setores como o de crédito ao consumidor devem ser afetados, pois bancos e financeiras podem subir seus índices para não perder dinheiro, por exemplo. Nas próximas semanas deve ser divulgado o detalhamento dos cortes em cada ministério.