Crise vira desafio para os empreendedores

A crise que abala mercados e negócios de empresas no País não assusta expositores, candidatos a abrir o próprio negócio e visitantes da Feira do Empreendedor, promovido pelo Sebrae/RS, que vai até este…

A crise que abala mercados e negócios de empresas no País não assusta expositores, candidatos a abrir o próprio negócio e visitantes da Feira do Empreendedor, promovido pelo Sebrae/RS, que vai até este domingo no Centro de Eventos da Pucrs. Para o segmento, o momento exige atenção, aposta no produto ou serviço e na abertura de novos mercados, que pode estar lá fora. O Jornal do Comércio buscou exemplos de empreendedores, entre veteranos, novatos que apostam em novas tecnologias, estreantes que aliam universidade e inovação e jovens com menos de 18 anos que não querem ser empregados, mas ter seu próprio negócio. O evento reúne 125 empresas de 23 estados, além de 30 franqueados. A visitação pode ser feita entre 9h e 18h30min. O ingresso é um quilo de alimento não-perecível ou R$ 2,00.

Máquinas de crepes e churros para exportação
O paulista Ademir Roberto Ferrari, dono da Ademaq, desfez sociedade de 19 anos e começou do zero há quatro. Teve de montar nova carteira de clientes para suas máquinas de churros, crepes, algodão-doce e pipoca. No começo foi difícil, mas hoje ele encara a crise da economia como oportunidade. “Muitos podem perder emprego e vão querer abrir negócio vendendo produtos feitos com minhas máquinas”, exemplifica. Também enfrenta hoje desafio extra ante a alta de 5% a 6% nos custos das matérias-primas. “Não vou repassar aos meus clientes. Vou compensar a conta mais alta com maior produtividade”, assegura. Outra regra é ficar longe de banco. Só gasta o que fatura com a venda de cerca de 300 unidades por mês. “Me aperto, não sobra um centavo muitas vezes, mas o que tenho está pago, sem depender de banco”, alivia-se. O microempresário também vê chance de ampliar vendas externas, que já incluem países da América do Sul. “Os venezuelanos estão fazendo a quarta encomenda de equipamentos de algodão doce”, comemora. Veterano em empreender, Ferrari está sempre distribuindo conselhos a quem pede e quem precisa. Ele previne que ramo de alimentação exige dedicação e gosto. Mais uma dica: o pós-venda é o segredo para se manter no mercado, ensina. Para 2009, o dono da Ademaq já decidiu: agregará mais duas máquinas ao portfólio da empresa, que resume o terceiro recado de Ferrari: “Inove sempre, nem que seja num detalhe”.

O lucro que vem das minhocas
O dono da Minhocasa, César Danna, vive um turbilhão de encomendas do seu reciclador doméstico de lixo orgânico. Depois de dois anos no mercado, somente nos últimos seis meses o negócio explodiu. Dos 2,5 mil kits já vendidos, 2 mil foram a partir de julho. Tudo efeito de maior exposição na mídia. Danna decidiu explorar o ramo depois de uma temporada de oito anos na Austrália. Viver no Exterior o ajudou a ampliar o gosto por desafios. A consciência ambiental foi a onda que faltava para o Minhocasa decolar.
“Começamos com consultorias, mas hoje a venda dos kits toma nosso tempo”, ilustra. São duas versões de kits – para famílias de uma a duas pessoas e outros para três a quarto integrantes. Os preços vão de R$ 195,00 a R$ 275,00, mais frete. As entregas ocorrem em todo o País. O empresário recebeu nesta semana o prêmio MPE do Distrito Federal, que reconhece a inovação dos negócios. A alta de produtos como plástico, que poderia elevar os preços entre 10% e 15%, foi absorvida. “Fizemos encomendas maiores para compensar as altas”. No próximo ano, a Minhocasa deve alcançar o Exterior, graças à exposição obtida em eventos. “Estar em feiras é fundamental para quem é pequeno”, aconselha.

Torneio revela craques universitários
O trio Rodrigo Castro, 19 anos, Matheus Liska, 26 anos, e Leonardo Cristofari, 24 anos, foi o vencedor do 2º Torneio do Empreendedor da Pucrs, com apoio do Sebrae/RS e da CaixaRS. Foram 16 projetos, submetidos a avaliadores rigorosos, e três finalistas. Além da idéia, estavam em jogo a formatação e a viabilidade do negócio. A competição começou em agosto e os donos da SulMob, que cursam Administração e Ciências da Computação, decidiram abrir a empresa. Pediram demissão dos empregos e aplicaram o dinheiro das rescisões no desenvolvimento de sistemas que monitoram, em tempo real, por celular andamento de obras e outros negócios de clientes.

“Os dados são captados no local e remetidos à sede, o que agiliza a resolução de demandas”, explica Castro. A SulMob, que não tinha sede – “era virtual”, segundo os donos, terá espaço agora como pré-incubada no Tecnopuc. Terá um ano para provar que se sustenta no mercado. “Pena essa crise, mas nosso produto é inovador. Acreditamos no potencial”, arremata o trio, que já negocia com seis clientes, dois deles com contrato quase fechado. Liangrid Lutiani da Silva e Karion Guerra, que abriram a Ecotech, ficaram em terceiro no torneio da Pucrs, mas em primeiro no prêmio do banco Santander para jovens empreendedores. Com R$ 50 mil do prêmio, vão alavancar o negócio, baseado em um equipamento que monitora a qualidade da água de reservatórios e estações de tratamento e em tempo real e faz a correção de problemas.

Negócios antes dos 18 anos
Um teste para detectar perfil de empreendedor, disponível no site do Sebrae/RS confirmou o que duas alunas do Instituto Rio Branco, de São Leopoldo, já sabiam há algum tempo. O negócio de Shayane Pereira da Silva e Letícia dos Santos, ambas com 17 anos, que visitaram nesta quinta-feira a Feira do Empreendedor, é estar no comando. As colegiais cumpriram os requisitos do teste e já planejam incursões.
Letícia, que faz técnica em computação, desenvolve sites para bandas de música e para artesãos. “Eu e uma amiga nos juntamos. Cobramos barato, mas o trabalho tem de ter qualidade”, conta. A jovem descreve que o filão de nichos de pequenos empreendimentos é a aposta. “Quero ganhar dinheiro, mas não quero ser empregada, quero dirigir meu negócio”, avisa. Shayane revela suas habilidades de administradora no gosto pela gestão. No estágio que faz em sua cidade, a colegial percebe a condução que teria em algumas tarefas. Com pai lojista, a jovem assume que gosta de observá-lo e até participa de decisões. O professor de organização de empresas e contabilidade na escola Ricardo Dall” Olmo atesta que perfis para empreender se revelam cada vez mais cedo na sala de aula.

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