Crise x consumo: como pensa o consumidor quando problema chega ao bolso?

No primeiro semestre do ano, o professor do Ibmec-SP, Domingos Rodrigues Pandeló Júnior, divulgou estudo sobre o comportamento do consumidor na tomada de crédito e concluiu: “os indivíduos têm demonstrado…

No primeiro semestre do ano, o professor do Ibmec-SP, Domingos Rodrigues Pandeló Júnior, divulgou estudo sobre o comportamento do consumidor na tomada de crédito e concluiu: “os indivíduos têm demonstrado uma grande falta de racionalidade econômica”.

“O alongamento dos prazos nos financiamentos de veículos é um bom exemplo. Mesmo com juros altos, como as parcelas são menores em razão de um prazo maior, as pessoas não consideram os juros na hora da compra, apenas ficam atentas ao valor das prestações”, disse, na época, o professor. E em meio a tantas notícias de escassez de crédito, custos mais altos, incertezas com relação ao futuro, crise… será que o pensamento do consumidor muda?

Para Pandeló, o tomador de crédito mais consciente deve mudar um pouco em função das incertezas. “A mudança de expectativas pode fazer com que o consumidor adie, por exemplo, compras de maior valor”, explica. “No entanto, quem já tinha um histórico de operar mais alavancado, endividado, não deve mudar muito”, completa.

Capacidade de consumo
De acordo com o professor, a primeira pesquisa foi realizada em um cenário de otimismo, em que se constatou que uma parcela significativa de população não age de forma racional quando o assunto é crédito. “Hoje o cenário é outro”, afirma.

Para Pandeló, o momento atual já trouxe mudanças de percepção em relação ao crédito. A primeira é com relação às próprias instituições. “Com medo de inadimplência, os bancos estão mais conservadores, os prazos menores e o crédito mais caro”, relaciona. “O que é positivo, dada a situação atual”, opina.

“No entanto, há também uma piora na capacidade de consumo nas rendas mais baixas”, completa. Segundo ele, talvez essa piora nem esteja relacionada a uma mudança no comportamento do consumidor, que deixou de comprar por estar consciente da crise, mas, sim, por conta das restrições ao crédito. “As pessoas de menor renda, que normalmente só conseguem comprar financiado, podem ficar de fora do mercado por conta da maior seletividade das instituições”, explica.

Educação para o crédito
Para o diretor executivo de Finanças da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), Roberto Vertamatti, no médio prazo, a mentalidade do consumidor brasileiro não deve mudar. “Falta educação para o crédito no Brasil e, independente de crise, o brasileiro vai continuar avaliando apenas o valor da prestação”, afirma.

A opinião do executivo da Anefac é compartilhada pelo economista Simão Davi Silber, professor da Universidade de São Paulo. “O consumidor típico mantém a mesma mentalidade, independente de crise, pois a maior preocupação é comprar e, cabendo no bolso, ótimo”, afirma. “Essas pessoas ficaram tanto tempo fora do mercado que pagam qualquer preço para adquirir um sonho de consumo”, completa.

Mas, assim como Vertamatti, o economista afirma que, com o crédito mais seletivo, muitos consumidores ficarão de fora. “Esse consumidor não tem condições de comprar à vista e, com as restrições, também será excluído do financiamento”, explica.

Como promover a mudança
Para Domingos Pandeló, mudar o comportamento do consumidor não é possível de uma hora para outra. “A mudança teria que vir lá de trás, por meio da Educação Financeira”, afirma. “Instituir disciplinas como economia doméstica e planejamento financeiro no Ensino Médio poderia ser um importante avanço para formar pessoas mais conscientes com relação ao uso do dinheiro e do crédito”, finaliza.

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