De Nova Iorque para Porto Alegre: confira o que os lojistas estão apostando e colocando em prática nas lojas da Capital
Participantes da Missão Empresarial para a NRF Big Show 2017 compartilharam no Café com Lojistas desta terça-feira (07) suas experiências em Nova Iorque
Apostar no benchmarking como ferramenta de diferenciação para o negócio, se qualificar para capacitar a equipe e descontruir os paradigmas que movem o comércio varejista. Essas foram as motivações que guiaram um grupo de empresários de Porto Alegre a viajar em janeiro de 2017 para Nova Iorque e participar da NRF Big Show, a principal feira mundial para o setor. Na manhã desta terça-feira, dia 07, cinco participantes do grupo compartilharam suas experiências durante a viagem na edição de fevereiro do Café com Lojistas.
O consultor Romulo Tevah, da Bonsai Consultoria, foi o primeiro palestrante do encontro desta manhã e compartilhou com o público os ensinamentos mais marcantes dos painéis e debates promovidos na NRF Big Show. Segundo Romulo, a grande diferença entre o varejo norte-americano e o brasileiro é a valorização do setor, algo que motiva a qualificação dos profissionais e a busca constante por atrair e reter talentos para o segmento. “Nos Estados Unidos o varejo é visto com um campo com alto potencial para investir em uma carreira, enquanto que aqui no Brasil é sempre uma última alternativa ou apenas um meio de ingressar no mercado de trabalho”, disse.
Para ele, qualificar o profissional e mostrar a ele a oportunidade de construir uma carreira e crescer é fundamental para que o setor seja valorizado. Além disso, é fundamental que as empresas assumam uma nova postura especialmente com as novas gerações de funcionários. “Primeiramente, os funcionários estão conectados e as lojas precisam entender como acontece essa integração entre o ambiente físico e o virtual para eles e, inclusive, como isso impacta na rotina de sua equipe de trabalho. Também é fundamental manter uma relação de transparência e dividir informações sobre o negócio com o seu colaborador. Ele precisa estar consciente de qual é a real situação da empresa”, disse.
Da visita técnica, em Nova Iorque, para as Lojas Linna, em Porto Alegre
A lojista Bruna Luz, proprietária da Cozinha da Angelinna, que pertence ao Grupo Linna, participou pela primeira vez da Missão Empresarial e contou hoje que muitas iniciativas compartilhadas pelas lojas visitadas em Nova Iorque já estão sendo colocadas em prática nas Lojas Linna. De acordo com Bruna, grande aprendizado da NRF Big Show foi mostrar que a tendência não está na venda dos produtos, mas nas lojas que oferecem uma verdadeira experiência de consumo e que enxergam a venda em si como uma consequência. “O foco agora é aprender com o cliente, ensiná-lo sobre o produto, cocriar e socializar com o consumidor”, comentou.
Logo após voltarem de Nova Iorque, as lojistas Bruna e Rosi Luz da Lojas Linna já começaram a implementar novas ações nas unidades do grupo, pois acreditam que “o trabalho da equipe é criar uma relação entre a marca e o consumidor, e a venda é sempre uma consequência”. Confira:
– Cocriação: A Linna possui um atelier de artesanato voltado a atender os consumidores que frequentam as lojas, no entanto até viajaram para Nova Iorque nunca antes tinham transformado um item à venda no estabelecimento através dos pedidos dos consumidores. Porém, em janeiro uma cliente entrou em contato e pediu a customização de uma boneca de feltro como Pequena Sereia para a equipe. “Ela queria fazer a decoração do aniversário da filha com essa temática e como as indústrias não estão mais produzindo decorações da Pequena Sereia, cocriamos aqui na Linna. A ação deu tão certo que o produto será incluído na próxima coleção da nossa loja”, contou Bruna.
– Customização e aprendizado: Para marcar a inauguração da nova loja Linna no bairro Sarandi, aberta no dia 31 de janeiro, a empresa engajou seus clientes com uma ação de customização das sacolas da loja. Cada consumidor decorou sua sacola conforme seu gosto e preferência.
Muito mais que vender um produto, se unir a uma causa
No encontro, o casal de empreendedores Camila e Eduardo Hauck, proprietários da Bendita Horta, compartilharam a história da empresa que tem dois anos de atuação e, principalmente, como a viagem à Nova Iorque inspirou os novos rumos da empresa. O negócio nasceu do objetivo de promover a alimentação saudável e orientar os clientes sobre a importância de consumir produtos orgânicos. O estabelecimento possui uma área para cursos e workshops, um restaurante para promover todo o ciclo de alimentação saudável das pessoas e, ainda, vende alimentos orgânicos. Para Camila e Eduardo Hauck, “a alimentação é algo transformador”.
E foi abraçando a causa da marca e buscando cada vez mais alinhar esse conceito as principais tendências que o varejo está vivendo que os empresários resolveram participar da Missão Empresarial à Nova Iorque. De acordo com o casal de empresários o mais marcante da viagem foi perceber que o comércio varejista está vivendo uma mudança de paradigmas. “Antes víamos os pequenos negócios correndo atrás das grandes empresas. Hoje, são os grandes que estão querendo aprender com os pequenos. Afinal, os pequenos possuem oportunidades com riscos menores de testar, errar e corrigir do que os grandes players”, disse Camila.
Após a imersão realizada em janeiro no principal centro de varejo do mundo, a Bendita Horta vai, segundo Eduardo, apostar na humanização da marca, intensificar o storytelling contando a história e conceito da empresa, e trabalhar como curadores de serviço, apresentando aos consumidores uma rede de fornecedores e profissionais credenciados pela empresa para indicar aos clientes. “Sempre com o cuidado de que estes profissionais tenham uma atuação alinhada com os princípios e valores da Bendita Horta. Além disso, queremos ampliar nossa relação com a comunidade local e fortalecer os laços com a região”, explicou.
É hora de descontruir para construir
Fechando o ciclo de palestras da edição deste mês do Café com Lojistas, José Roberto Resende, da Shopping Brasil. Cada vez mais, segundo Resende, está claro que o varejo físico não sobreviverá sem tecnologia. Porém, isso não significa que a aposta isolada em inovação tecnológica resolverá o a retração e mudanças que o comércio está passando. “Não apenas no Brasil onde se fala em crise, mas em todo o mundo estamos acompanhando diariamente grandes varejistas fechando unidades de negócio. Algo que não acontece apenas por uma situação econômica, mas por uma mudança de comportamento de consumo e precisamos estar atentos para isso”, disse.
Resende encerrou o evento compartilhando que “o futuro do varejo não é o que, mas quem”. Ou seja, o grande diferencial que as empresas podem ter são as pessoas, pois são elas que personalizam o contato com o cliente, que transmitem os valores do negócio, que atendem e se relacionam com os consumidores. “A dica é fazer diferente, sair da zona de conforto e mudar a rotina do negócio”, finalizou.