De um pouco melhor para um pouco pior
A expectativa de que o Rio Grande do Sul tenha encerrado o ano passado com uma magnitude de retração do PIB um pouco menor em comparação ao Brasil pode se inverter em 2016.
A expectativa de que o Rio Grande do Sul tenha encerrado o ano passado com uma magnitude de retração do PIB um pouco menor em comparação ao Brasil pode se inverter em 2016. A maior causa, apontam economistas, é a contribuição da agropecuária. Ou a falta dela.
– O que salvou o Estado em 2015 não vai se repetir neste ano – resume a economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo.
Como a instabilidade do clima não deixará as lavouras repetirem o crescimento da última safra, a influência maior deverá ser de outras atividades, como a indústria, setor que no Estado tem um peso superior à média nacional e não anda nada bem das pernas. Como as projeções para o PIB brasileiro em 2016 pioram a cada reavaliação, o quadro para o Rio Grande do Sul não seria diferente.
Em dezembro, a Fecomércio-RS estimava que a economia gaúcha encolheria 2% neste ano. Agora, calcula Patrícia, como o boletim Focus projeta recuo de 3,3% para o Brasil, a tendência para o Estado seria de uma retração um tanto maior, de 3,5%. Se for um pouco melhor, pondera, será pela contribuição das exportações, que hoje não parecem capazes de compensar a debilidade do mercado interno.
A Unidade de Estudos Econômicos da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), que a cada final de ano traça três cenários possíveis para o exercício seguinte, já admite que a deterioração dos principais indicadores leva o quadro cada vez mais rumo ao pior dos horizontes. Ou seja, o Estado estaria se aproximando de tombo do PIB de 4,5%. No país, queda de 4%, percentual que também é a aposta da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), conforme relatório sobre as perspectivas globais, divulgado ontem, e cálculo do Itaú Unibanco, tornado público no início da semana.
Considerado espécie de prévia do PIB, apesar da metodologia diferente, o IBC-BR divulgado ontem pelo Banco Central (BC) indica que a economia encolheu 4,08% em 2015. Para os Estados, o BC ainda não divulgou o resultado de dezembro. Mesmo assim, é possível fazer uma comparação com os índices de atividade até novembro. No ano, enquanto o indicador mostrava queda de 3,85% no Brasil, para o RS a taxa era de 3,23%, um pouquinho mais suave. Em 12 meses, a economia brasileira murchava 3,53%, enquanto a atividade no Estado caía 2,8%.
Fonte: Zero Hora