Digitalização do consumidor 60+ demanda estratégias diferenciadas

Compreender como acontece a experiência dos idosos nos apps e plataformas de venda online é fundamental para conseguir atender a esse público.

Tela touchscreen do smartphone foi a grande facilitadora da entrada do público sênior ao universo digital.

Eles são muitos e estão ligados ao mundo digital. A população brasileira com mais de 60 anos abrange cerca de 36 milhões de pessoas, representando 16% dos brasileiros, segundo dados do PNAD de 2020. No Rio Grande do Sul, os 60+ são 2,25 milhões, 20% da população. O varejo deve ter um olhar especial para esse contingente de consumidores maduros, porque eles também migraram para o ambiente digital e seus comportamentos de compra têm características próprias.

O isolamento social imposto pela pandemia da Covid-19 impulsionou a adesão dos idosos aos meios digitais e também aos diferentes canais de venda online, mas essa tendência já era percebida em estudos anteriores, desde 2016. Martin Henkel, CEO da SeniorLab e da Terra da Longevidade Negócios, afirma que o consumidor de mais de 60 anos já estava se integrando às mídias digitais e que o grande facilitador desse movimento foi o smartphone, por oferecer a tela touch, um recurso amigável e intuitivo. “A pandemia acelerou tremendamente essa inclusão, obrigando quem ainda estava em dúvida a experimentar. E eles gostaram. Quem já utilizava passou a usar mais ainda”, explica. Segundo Henkel, o equipamento preferido para essa interação é o smartphone.

A pesquisa nacional Bússola 60+, realizada pela Raízes.etc, Ativem e SeniorLab e divulgada em 2021, revelou que a principal demanda desse público são os smartphones com mais capacidade de memória e com telas maiores. “Para o consumidor 60+, internet é smartphone”, enfatiza Henkel. Portanto, a comunicação digital com eles deve ter uma estratégia baseada no conceito mobile first, ou seja, deve-se criar pensando primeiro na tela pequena, com informação clara, nítida, fácil de entender, sem muitos movimentos e dinâmicas que possam atrapalhar a navegação. “Vale a pena buscar assessoria especializada, se aprofundar na experiência do usuário de mais de 60 anos, porque a relação com ele começa e termina com a compra na tela pequena”, acrescenta.

Também é importante destacar que o consumidor 60+ aderiu fortemente às compras por meio do WhatsApp durante a pandemia e que esse canal foi o grande vencedor no comércio de bairro. Henkel salienta que os idosos também usaram serviços e aplicativos de entrega de alimentos e alguns usaram plataformas de e-commerce, mas foram os estabelecimentos como a padaria, a farmácia, a fruteira do bairro que rapidamente perceberam a facilidade do WhatsApp e apostaram nele, criando fidelização e alavancando vendas. Na visão de Henkel, pode-se extrair dessa experiência um aprendizado para a definição de estratégias de vendas online: “é preciso pensar simples, como o WhatsApp, porque essa é a forma mais adequada de interagir com essa população que ainda está se alfabetizando digitalmente”.

  • Gostou desse conteúdo? A matéria está disponível na edição julho/agosto 2022, de nº 156, da revista Conexão Varejo, do Sindilojas POA. Clique aqui para conferir a publicação completa!
  • E ainda: o Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento do Sindilojas POA desenvolveu um infográfico para este Dia dos Avós 2022, com dados de consumo no varejo digital pelos 60+. Acesse aqui!
  • O Sindilojas POA e a SeniorLab preparam, em 2019, o e-bookOs avós da atualidade – a geração de idosos que busca o protagonismo’, com dados que ajudam a conhecer melhor o consumidor 60+ e acertar nas ações voltadas a esse público.