Dinheiro de 73% dos brasileiros acaba antes dos 30 dias

Sete em cada dez pessoas fazem compra parcelada no cartão de crédito, e 67% dos inadimplentes nunca pagam o valor total da fatura. Apesar do resultado da pesquisa IBOPE sobre o perfil dos pagadores de dívidas – realizada a pedido do Instituto GEOC e Serasa Experian – parecer negativo, o brasileiro se mantém otimista. Ao menos 52% deles afirmam que sua situação financeira melhorou nos últimos dois anos.

Mas o dinheiro ainda é curto, já que por outro lado 73% ficam com a carteira vazia antes mesmo do mês acabar. Os dados foram apresentados durante o 8º Congresso Nacional de Crédito e Cobrança, em São Paulo.

Para 44% dos entrevistados, a melhora financeira foi motivada por promoção ou mudança no emprego, e 10% disseram que ingressaram no mercado de trabalho. Agora para 16% das pessoas, a situação piorou nos últimos 24 meses. As razões apontadas por elas foram a perda do emprego (36%), o descontrole nos gastos da casa (19%) e o aumento no custo de vida (10%). Foram entrevistadas 1008 pessoas, entre 20 e 59 anos, em todo o País.

Por outro lado, 77% das pessoas disseram estar com os pagamentos em dia. E 23% deixaram algum débito pendente no último mês. “Pela primeira vez, uma pesquisa trouxe a classificação por adimplente e inadimplente, o que nos permite ter o perfil exato dos consumidores brasileiros”, explicou Sílvia Cervellini, diretora da Unidade de Negócios e Serviços do IBOPE.

Entre os inadimplentes, 87% frequentemente chegam sem dinheiro no fim do mês. Para os adimplentes essa porcentagem é de 69%. Quando questionados sobre as contas que não deixam de pagar, os entrevistados responderam: luz (66%), água (57%), supermercado (40%), gás (23%), telefone fixo (21%), fatura do cartão de crédito (19%) e aluguel (16%).

Oito em cada dez participantes utilizam algum tipo de alternativa de crédito. O cartão de crédito lidera a lista (54%), seguido de cartão de loja ou supermercado (29%), carnês de lojas (29%), financiamento de veículos (18%), cheque especial (16%), empréstimo pessoal em banco (15%) e empréstimo consignado (10%). “Em média, o brasileiro possui 2,4 cartões de crédito, mas 58% não pagam a fatura integral. Entre os inadimplentes essa porcentagem sobe para 67%”, destacou Sílvia.

Metade dos inadimplentes entrevistados utilizam cheque especial, mas só 50% deles sabem quais os juros cobrados. Entre os adimplentes, o índice dos que recorrem ao limite é de 14%, em compensação, apenas 39% conhecem a taxa de juros desse tipo de crédito.

O vice-presidente do Instituto GEOC, Carlos Zanchi, ressaltou que nos últimos cinco anos, 35 milhões de brasileiros tomaram crédito pela primeira vez. “A baixa renda que ascendeu para a classe C ainda não tem o domínio dos juros. Precisamos olhar com atenção para essa parcela da sociedade e oferecer para eles educação financeira urgente”.

Para o presidente da Unidade de Negócio Credit Services, da Serasa Experian, Laércio de Oliveira Pinto, o crédito consciente depende de uma mobilização da sociedade. “Governo, instituições financeiras, professores de comunidades carentes e as famílias precisam criar uma corrente. Cada vez o crédito estará mais fácil e as pessoas precisam estar preparadas para tirar proveito dele”.
Por falar nisso, um terço dos entrevistados não sabe quanto deve e apenas 54% sabem qual porcentagem da sua renda está comprometida com as dívidas, segundo a pesquisa. “O ideal é fazer um diagnóstico preciso das contas, desde as despesas com alimentação, passeios de fim de semana, escola, prestação de carro, cinema e até possíveis imprevistos, e só então comprometer o que sobrar”, orientou Laércio.

46% dos entrevistados também declararam resolver suas pendências financeiras renegociando valores e prazos. “Saber ouvir este cliente é fundamental para o sucesso da negociação. Temos que trabalhar muito bem o perfil de cada consumidor, analisar caso a caso. Para uns a melhor opção é o desconto, para outros, um parcelamento maior. Em alguns casos, a solução está em encaixar a pequena sobra do fim do mês para que ele possa fazer o pagamento. O objetivo maior é sempre trazer esse consumidor de volta ao mercado de consumo. De maneira consciente, é claro”, concluiu Zanchi.

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