Duplo efeito do dinheiro de fora
Os negócios reabrem hoje com possibilidade de continuidade da tendência registrada na semana passada, quando a Bolsa de São Paulo (Bovespa) retomou o patamar de 70 mil pontos, o que não ocorria desde 15 de…
Os negócios reabrem hoje com possibilidade de continuidade da tendência registrada na semana passada, quando a Bolsa de São Paulo (Bovespa) retomou o patamar de 70 mil pontos, o que não ocorria desde 15 de abril, e o dólar caiu abaixo de R$ 1,70, alcançado o menor valor em 25 meses.
Apesar de suas condições e motivações diferentes, o comportamento nos dois mercados apresenta no momento um ingrediente em comum: um acentuado fluxo de entrada de recursos estrangeiros no país, que, segundo analistas, não deve cessar no curto e médio prazo.
Na Bovespa, que reverteu a perda do ano, passando a registrar alta de 2,39%, o dinheiro de fora se intensificou com o término do processo de capitalização da Petrobras. Não só os papéis da estatal foram favorecidos, mas também outras ações, com a da Vale, que subiram com consistência nas últimas sessões.
Por conta do ingresso desse fluxo, o primeiro pregão de outubro movimentou R$ 7,565 bilhões, acima da média de R$ 6,713 bilhões de setembro, quando a bolsa teve saldo positivo de R$ 2,73 bilhões em recursos externos, ante déficit de R$ 604 milhões no mês anterior.
Dinheiro de fora na bolsa permite a valorização das ações, mas, por outro lado, contribui para derrubar a cotação do dólar. O superávit cambial, entretanto, também reflete o ingresso de divisas em outros segmentos da economia.
As empresas brasileiras, por exemplo, captaram em torno de US$ 9 bilhões em bônus lançados no Exterior em setembro, quando o Banco Central (BC) gastou mais de US$ 10 bilhões em leilões diários de compra no câmbio. Sem sucesso na contenção da queda do dólar, o BC acaba apenas elevando as reservas internacionais do país, que chegam a inéditos US$ 275 bilhões.