Economia aquecida pode elevar inflação

Com retomada mais rápida e mais forte, IPCA tende a superar a meta no próximo ano

O aquecimento da economia mais rápido e mais forte do que o esperado nesta reta final de 2009 já começa a colocar um…

Com retomada mais rápida e mais forte, IPCA tende a superar a meta no próximo ano

O aquecimento da economia mais rápido e mais forte do que o esperado nesta reta final de 2009 já começa a colocar um viés de alta nas projeções para a inflação no ano que vem. O economista da Pucrj, Luiz Roberto Cunha, o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, e o economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, já trabalham com a perspectiva de um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acima do centro da meta de 4,5% em 2010. O economista da LCA Consultores Fabio Romão ainda projeta uma taxa de 4,5%, sem viés.

“Acredito que a inflação possa vir a ficar acima da meta, uma vez que a economia está reagindo mais rápido do que o esperado e o governo ainda coloca lenha na fogueira, com os incentivos, enquanto os preços agrícolas mostram recuperação”, afirma Luiz Roberto Cunha. Vale, da MB, acredita que o índice 4,5% permanece por enquanto, mas com viés pequeno de alta.

Em palestra realizada no Rio de Janeiro em seminário no final da semana passada, Octavio de Barros apresentou uma projeção de IPCA de 4,7% no ano que vem, em cenário de economia em forte crescimento – de 6,1% em 2010. Para ele, o Copom vai elevar os juros a partir do segundo trimestre do próximo ano.

A despeito do momento em que os juros vão subir, o consenso entre os analistas é que a política monetária será usada para conter a alta inflacionária em 2010, de olho, sobretudo, nas preocupações com as projeções para 2011. “Continuamos com o cenário de que o mais grave para a inflação será mesmo 2011. Ano que vem teremos preços administrados ajudando, mas cada vez mais diminuem os elementos positivos para a inflação em 2010”, explicou Sérgio Vale.

Para Vale, o atual aquecimento da economia já vai estar na pauta e na ata da reunião do Copom na semana que vem, ainda que não traga mudanças imediatas na trajetória da Selic. “Certamente a ata já trará dados sobre isso e uma preocupação maior do BC, mas ainda não deverá sinalizar nenhuma mudança no curto prazo. Continuamos a acreditar que a Selic poderá começar a subir no segundo semestre do ano que vem”, disse o economista da MB.

No entanto, Vale admite que o atual aquecimento da demanda pode antecipar parte da discussão” sobre os juros. “Os efeitos de política monetária e fiscal quando a economia já está fora da crise se tornam exagerados, e por isso há um crescimento mais rápido. Como não parece haver vontade de mudar a trajetória de política fiscal, o peso ficará novamente na política monetária”, acredita.

As ainda sutis mudanças de expectativa em relação à inflação de 2010 estão se refletindo no boletim Focus, que no final de setembro apontava IPCA de 4,40% no ano que vem e, ontem, estimava uma taxa de 4,45%. Os argumentos de Fabio Romão para manter a projeção de IPCA em 4,5%, sem viés de alta, estão amparados sobretudo no efeito benéfico que a deflação dos Índices Gerais de Preços (IGPs) prevista para 2010 terá na inflação do ano que vem, do lado dos produtos administrados, cuja alta, segundo ele, deve ficar em 3,3% no ano que vem, ante 4,6% em 2009.

Além disso, Romão está acompanhando a variação dos preços dos produtos industriais no atacado e concluiu que, mesmo com o aquecimento da demanda, a aceleração nos reajustes dos custos industriais está ocorrendo em ritmo abaixo do esperado. Além disso, ele acredita que o câmbio vai continuar ajudando na estabilidade da inflação em 2010, já que passará de uma taxa de R$ 1,65 no final deste ano para R$ 1,70 no final do ano que vem.

Apesar de antever um cenário tranquilo para a inflação, Romão acredita que haverá pressão do mercado para elevação dos juros pelo Copom já no primeiro trimestre de 2010, quando os primeiros resultados do IPCA vão mostrar uma inflação mais alta, pressionada sobretudo por pressões pontuais de transportes, com reajustes de ônibus em algumas regiões e das mensalidades escolares. Ele acredita que uma elevação da Selic não vai ocorrer antes de setembro do ano que vem.

Cunha, da Pucrj, acredita que as pressões inflacionárias vão aumentar, mas descarta uma atuação antecipada do Banco Central sobre os juros. Ele crê que o Copom tende a ir mais devagar no aumento dos juros em 2010 e, mesmo que ocorra uma elevação já no primeiro semestre, não terá efeito sobre o desempenho da economia, que deverá prosseguir aquecido.

Cunha avalia também que a inflação acima da meta no ano que vem não é nada que assuste. Para ele, se tudo der errado, o IPCA vai para perto de 5%, mas com crescimento de 5% ou mais da economia, e, mesmo se o BC aumentar os juros, a economia e os investimentos vão crescer.

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