Entenda como a alta do juro impacta a economia e o cotidiano

Comitê de Política Monetária (Copom) elevou taxa para 13,75% ao ano, a maior desde a crise de 2008

Com a intenção de conter o consumo e controlar o crédito, o Comitê de Política Monetária (Copom)…

Comitê de Política Monetária (Copom) elevou taxa para 13,75% ao ano, a maior desde a crise de 2008

Com a intenção de conter o consumo e controlar o crédito, o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu pela sexta vez consecutiva a Selic. Agora, a taxa básica de juro chega a 13,75% ao ano, maior percentual desde a crise internacional de 2008. A ideia do Banco Central (BC) é que, com maior juro, a inflação seja contida – em abril, a taxa chegou a 8,13% em 12 meses, muito acima do teto da meta do governo, que é de 6,5%.

A nova alta no juro tem impactos no investimento de empresas e no consumo das famílias, já que a Selic é referência para aplicações e empréstimos. Abaixo, entenda como o aumento da taxa básica de juro pode influenciar no cotidiano e na economia do país.

Na economia

Emprego: o juro cada vez mais alto deixa a recuperação do comércio e da indústria distante e eleva o grau de preocupação com o emprego. Ao encarecer investimentos e dificultar o consumo das famílias, o juro elevado esfria a economia, afetando a criação de vagas de trabalho. Nos primeiros meses de 2015, foram fechados 20 mil postos só no Rio Grande do Sul.

Inflação: o controle da inflação é a razão pela alta da taxa básica de juro. A Selic é utilizada pelos bancos como um parâmetro. A partir dela, as instituições financeiras definem quanto vão cobrar por empréstimos às pessoas e às empresas. Caso o juro esteja alto, o consumidor tende a comprar menos, porque a prestação de seu financiamento vai ser mais elevada. Menos dinheiro em circulação tende a refletir em queda da inflação.

Investimentos: o aumento torna os financiamentos mais custosos e afeta os investimentos da indústria, debilitando ainda mais a competitividade. Além do custo elevado do capital, jogam contra a confiança em baixa da indústria e dos próprios consumidores. A Selic alta aliada às perspectivas pouco animadoras para a atividade no país incentiva o direcionamento do dinheiro para títulos do governo e não para um investimento produtivo.

No cotidiano

Aplicações: o juro alto é benéfico para os investidores. Quem compra um título do governo recebe mais se a taxa de juro estiver subindo. Ficam mais atraentes aplicações em fundos de renda fixa, principalmente em relação à poupança. É o caso dos fundos DI, que costumam ter o rendimento próximo ao juro básico da economia. Vale lembrar que são aplicações que pagam IR e ainda têm taxa de administração do banco.

Consumo: motor do crescimento do PIB nos últimos anos, o consumo das famílias teve queda de 1,5% no primeiro trimestre e, por enquanto, não há sinalização de que possa reagir nos próximos meses. Mais do que o nível da taxa de juro, o comportamento vem sendo influenciado por outros fatores, como ritmo do mercado de trabalho, do receio do endividamento, da maior seletividade dos bancos para conceder crédito e da própria inflação, que corrói os ganhos das famílias.

Empréstimos: a alta significa que as compras a crédito vão ficar mais caras. Isso freia ainda mais o ímpeto de adquirir bens, justamente em um momento de menor expansão da massa salarial e do emprego. Conforme dados do Banco Central, o juro do cartão de crédito chegou a 347,5% ao ano, em abril, recorde das últimas duas décadas. Outra consequência do juro alto tende a ser o aumento da inadimplência – o que prejudica ainda mais o comércio.

O dragão e o juro
Um olho na inflação, outro no crescimento

Cabe ao governo a missão de controlar o inquieto dragão da inflação. Depois de décadas sofrendo com o preço nas alturas, em 1999 foi estabelecida no Brasil um sistema de metas. O principal objetivo dos países que adotam esse modelo é diminuir e manter a inflação em níveis baixos. No Brasil, o teto, de 6,5% ao ano, já foi ultrapassado.

A corrente utilizada pelo Banco Central para segurar o dragão no chão é a taxa de juro. Quanto mais grosso for o grilhão, mais baixo o monstro voa. Ao tornar o crédito mais caro, o governo incentiva as pessoas a poupar em vez de gastar. Ao diminuir as compras, a demanda por produtos cai e os preços devem seguir o mesmo caminho.

Ocorre que isso gera um efeito colateral bastante indesejado na economia. Ao inibir o consumo e os investimentos, o juro mais alto diminui o ritmo dos mercados fazendo que o crescimento seja pequeno. É uma escolha difícil para governantes de qualquer país e um dilema que a presidente Dilma tem enfrentado desde o início do mandato.

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