Gaúchos vivem ano de China
Os gaúchos verão o final do ano com olhos mais oblíquos. Apresentada ontem, a estimativa da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) para o crescimento da economia do Rio Grande do Sul é inédita na…
Os gaúchos verão o final do ano com olhos mais oblíquos. Apresentada ontem, a estimativa da Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) para o crescimento da economia do Rio Grande do Sul é inédita na história recente: 8,9%, pouco abaixo da previsão de alta na China, de 10,5% segundo o FMI.
Ao comentar a sensação de fechar o ano como um chinês, o presidente da Fiergs, Paulo Tigre, brincou: – Como um chinês no ar.
A insustentável leveza do indicador de 2010, explicou Tigre, deve-se ao desequilíbrio entre o crescimento da produção e do consumo. Enquanto a primeira cresceu 19% desde 2004, o segundo saltou 65% no mesmo período. O presidente da Fiergs apelidou de “boca de jacaré” a diferença aberta entre as duas trajetórias apresentadas em gráficos e advertiu para seus riscos: – Esse parece ser um resultado insustentável pelo modelo de crescimento atual, centrado no gasto, com pouca participação dos investimentos.
Como explicação para o desempenho da economia gaúcha, o coordernador da Unidade de Estudos Econômicos da Fiergs, Igor Moraes, apontou a fraca base de comparação de 2009, quando o PIB encolheu 0,8% –, os efeitos benéficos de quatro boas safras agrícolas sucessivas e a alta de preços de grãos e da carne. O bom momento do campo favoreceu a indústria, que deverá fechar 2010 com Produto Interno Bruto (PIB) de 12,5%.
Nas perspectivas de 2011, a desaceleração marca todos os cenários. O que difere é a intensidade do freio (veja quadro). Tigre fez questão de apontar os sinais de uma “nova economia” gaúcha – os polos tecnológico e naval – e acentuou os esforços da entidade para capturar uma fatia maior dos pesados investimentos da Petrobras para o Estado. E propôs um desafio: – Precisamos ter novas façanhas.