Growth Hacking: criatividade aliada a dados analíticos para atrair e reter consumidores

Grandes empresas e startups cresceram significativamente ao unir tecnologia e análise de dados em suas estratégias de negócios

Quem imagina um hacker sentado no setor de marketing de uma empresa certamente associa a cena ao conserto de um computador ou configuração de algum programa. Mas engana-se quem interpreta dessa maneira. No Vale do Silício, famoso polo tecnológico dos Estados Unidos, já fala-se sobre Growth Hacking há alguns anos. Grandes empresas e startups cresceram significativamente ao unir tecnologia e análise de dados em suas estratégias de negócios e, com isso, os hackers passam a deixar o submundo da TI para assumir confortavelmente um lugar de destaque na área de marketing.

Essa metodologia busca entender o comportamento dos usuários de um produto ou serviço, conhecer suas necessidades para gerar o máximo de empatia e convertê-los em propagadores da marca, recrutando, assim, novos consumidores. Ainda novo no Brasil, o Growth Hacking foi tema do evento que inaugurou a programação 2016 doKES – Knowledge Exchange Sessions, plataforma de conteúdo de inovação baseada em criatividade, tecnologia e comportamento que debate os temas mais atuais da nova economia. “O mundo está cada vez mais colaborativo e é nisso que acreditamos, é essa troca de experiências e conhecimento entre as empresas que pode fazer com que todas cresçam. E escolhemos esse tema porque é um dos que mais estão sendo comentados e explorados pelos profissionais de marketing, pelas empresas e pelas agências", conta Ricardo Al Makul, idealizador do KES.

As palavras usadas para definir a nova posição entre as empresas vem de "hacker", sinônimo de alguém conhecido por invadir redes e sistemas para obter dados, e "growth", derivado do termo inglês "to grow”, crescer. Nesse contexto, o profissional que atua na área entende muito bem de tecnologia e usa esse conhecimento para “hackear” o sistema e encontrar formas não convencionais – e algumas vezes arriscadas – para atrair e reter usuários e alavancar um produto ou serviço. Criatividade aliada a dados analíticos são a base do Growth Hacking.

Um novo olhar para o marketing

"As regras do marketing mudaram para sempre. Os modelos antigos estão te trapaceando", provoca Ryan Holiday, referência mundial em Growth Hacking, estrategista em novas mídias e palestrante do KES.

Diante de um ambiente hiperconectado e praticamente sem fronteiras e do desafio de chamar a atenção de um consumidor cada vez mais saturado de informações, surgem novas maneiras de pensar o crescimento de um negócio, com métodos quase científicos,  testes e adaptação contínua, gerando crescimento e usando verbas menores.

O princípio é simples: se você não tivesse um orçamento imenso, como faria seu trabalho de marketing e a divulgação de seu produto? Diferentemente do marketing tradicional, um growth hacker é capaz de entender o comportamento baseado em números e dados e utiliza essa leitura para desenvolver estratégias mais inteligentes de divulgação, atração e retenção de usuários, muitas vezes ativando seus clientes como porta-vozes ou se ligando a outras marcas mais fortes para crescer.

"As estratégias e métricas do marketing com as quais as empresas estão acostumadas estão se tornando cada vez menos eficazes, principalmente frente aos avanços tecnológicos. As empresas deveriam investir em um departamento de crescimento, afinal, o que interessa hoje é quanto crescemos e não quanto exibimos ou onde exibimos uma marca", afirma Holiday.

Sendo assim, o papel do growth hacker deve englobar todas as áreas da empresa – incluindo finanças e até engenharia quando preciso –, e todas as etapas de desenvolvimento do produto, já que inúmeros fatores podem ter impacto sobre a relação da empresa com o cliente. Segundo Leandro Herrera, head de growth da Geekie, plataforma que personaliza planos de estudos, o marketing precisa estar mais próximo dos ciclos de planejamento e deve apostar cada vez mais em tecnologia. "O crescimento está totalmente atrelado ao produto. Antigamente era tudo departamentado, você tinha algo pronto e outra equipe tinha que pensar como vender ou divulgar. Quando, na verdade, essa venda deve ser pensada desde o desenvolvimento", analisa.

Quem vai ser o seu Growth Hacker

O profissional que une desenvolvimento e marketing precisa ter como principal objetivo atrair e reter novos usuários ou consumidores, planejando um resultado efetivo e prolongado. "A maior parte dos Growth Hackers começou trabalhando com marketing ou em áreas análogas e evoluiu pra isso, mas não existe uma formação ideal. O melhor, talvez, seja não ter uma formação específica, porque essa pessoa não terá os velhos pensamentos, hábitos e barreiras adquiridas no dia a dia de uma profissão, estará mais livre para testar, ajustar, pensar em novas soluções. É muito importante estar comprometido com o produto, conhecê-lo muito bem. Por isso funciona com fundadores de empresas e empreendedores", conta Ryan.

Facebook, Airbnb e YouTube são alguns dos grandes nomes que utilizaram táticas que não se enquadrariam nos padrões tradicionais e sem contar com grandes departamentos de marketing no início de suas atividades e alcançaram o sucesso em larga escala. Eduardo Bontempo, empreendedor e cofundador da Geekie, destaca a importância da multidisciplinaridade e o trabalho em equipe para a atuação do Growth Hacker dentro da empresa. "O ideal é pegar alguém que já esteja dentro da organização, que goste do produto, empoderar essa pessoa, evoluir sua formação e permitir que ela espalhe isso e contagie outros núcleos e colaboradores", aconselha.

Como implementar essa cultura em uma empresa tradicional

A fluidez das start ups facilita a adoção de novos métodos de trabalho e a realização de rápidos ajustes em dinâmicas ou equipes, enquanto em empresas tradicionais algumas mudanças podem levar tempo demais para serem feitas com eficácia e aproveitarem o momento do mercado.

Para aplicar o Growth Hacking, o ideal é começar por uma célula. Testar a metodologia em um projeto específico, ajustar o que for preciso e depois espalhar a cultura com os resultados positivos obtidos por essa equipe. Nenhuma área deve ser encarada como suporte, mas como parte do processo. De acordo com o Ryan Holiday, é a forma mais garantida de atingir o máximo possível de consumidores sem grandes investimentos. “Não vai funcionar se for uma imposição. As culturas nas empresas só mundo quando alguém nota um grupo que fez algo diferente e com sucesso, obteve bons números e resultados. Todo bom produto sempre tem um grupo de apaixonados, que não é o mundo inteiro. Encontrar seu nicho, ter foco e objetivo claro é primordial. É preciso aprender a hackear o sistema; o trabalho não é para confirmar o que você pensa, mas para encontrar o que você deve pensar", conclui.

 

Fonte: Época Negócios

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