Implantação do cadastro positivo pode levar até dez anos

O cadastro positivo deve demorar de cinco a dez anos para ser implementado totalmente, mesmo que seja aprovado ainda neste ano. A estimativa do diretor de cartões de crédito das Lojas Riachuelo e…

O cadastro positivo deve demorar de cinco a dez anos para ser implementado totalmente, mesmo que seja aprovado ainda neste ano. A estimativa do diretor de cartões de crédito das Lojas Riachuelo e superintendente de grandes usuários do Serviço Central de Proteção ao Crédito da Associação Comercial de São Paulo, José Antônio Rodrigues, se baseia nas mudanças culturais que deverão ocorrer no perfil de empresários e consumidores. “”Hoje, estar incluído em um banco de dados é um fato negativo porque significa inadimplência, mas no novo modelo de cadastro será positivo pertencer a ele””, resume. A mudança no uso das informações de clientes das empresas está em discussão no Congresso. Um dos projetos deve ser votado após as eleições.

Rodrigues diz que o principal benefício com a adoção do cadastro positivo será a redução da inadimplência, que deve se refletir nos juros. O especialista avalia que no crédito pessoal, por exemplo, as taxas que chegam a até 14% podem cair em um terço. “”Esse é o segmento que tem inadimplência mais alta, de 20% a 30%, quando o limite aceitável seria 5% ou 6%””, compara. No Brasil, o percentual de mal pagadores chega a 8%, mas segundo Rodrigues o volume deve ser maior porque os financiamentos de private label e de crediário próprio das grandes redes varejistas não integram a medição do Banco Central.

Quando implementado o cadastro positivo, os dados dos consumidores serão disponibilizados pelas empresas, como SPC ou Serasa, para as empresas com a informação de uma pontuação a partir da qual será possível avaliar o comprometimento do orçamento do cliente e o risco de inadimplência que oferece. “”As vendas serão informadas por grupo, como vestuário ou alimentação, e com base em pesquisas do IBGE será definido de quanto é o comprometimento médio da renda em cada um desses itens””, explica Rodrigues. Os consumidores deverão solicitar sua inclusão no cadastro.

O diretor da associação paulista afirma que com base nesses dados, cada loja ou financeira poderá oferecer taxas de juros personalizadas, o que hoje não acontece. “”Atualmente, há somente um padrão que leva em conta os níveis gerais de inadimplência. Os próprios clientes poderão usar sua pontuação como argumento para negociar melhores condições de compra, já que saberão qual sua colocação e o que isso representa em comparação aos demais””, cita.

Empresários têm receio quanto à veracidade das informações
De acordo com José Antônio Rodrigues, da Associação Comercial de São Paulo, o principal foco de resistência entre os empresários está na credibilidade dos bancos de dados com relação a informações sobre a movimentação realizada pelas lojas. Eles temem que a concorrência possa ter acesso a dados sigilosos, como as regiões que mais vendem. Rodrigues defende que a introdução do cadastro traz redução dos riscos e ampliação das vendas, já que o crédito representa 35% do PIB brasileiro, enquanto que em outros países equivale a mais de 80% das riquezas nacionais. “”Podemos chegar até esse limite e o governo sabe disso, por isso incentiva o cadastro, já que haverá um aquecimento da economia””, explica.

A redução da inadimplência nos países que adotam o cadastro único chega a 40% e houve um aumento de 90% nas solicitações de créditos atendidas, segundo o especialista. A ferramenta deve se configurar também em um aliado do varejo de pequeno e médio porte, já que grandes redes, associadas a bancos ou por seu próprio cadastro, já possuem acesso a dados mais detalhados sobre os clientes. Rodrigues participou ontem de um workshop promovido pela Câmara dos Dirigentes Lojistas de Porto Alegre, responsável pela administração do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) no Estado, e palestrou mais de 200 ligados ao órgão nos municípios gaúchos. A entidade diz que está preparada para implementar o cadastro positivo.

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