Inadimplência das empresas cai 12,7% em agosto, sinal de início de estabilidade
O índice de inadimplência das empresas brasileiras apresentou uma queda de 12,7% em agosto, após uma alta de 6,6% em julho. A variação negativa mostra que a volta gradativa do crédito está fazendo com que…
O índice de inadimplência das empresas brasileiras apresentou uma queda de 12,7% em agosto, após uma alta de 6,6% em julho. A variação negativa mostra que a volta gradativa do crédito está fazendo com que as empresas ganhem cada vez mais estabilidade.
Os dados são do Indicador Serasa de Inadimplência Pessoa Jurídica, divulgado nesta segunda-feira (28). De acordo com os técnicos da instituição, aos poucos o problema de liquidez das empresas vai se normalizando, principalmente por conta da volta das condições de concessão de crédito, juros menores e a diminuição da inadimplência dos consumidores.
Ainda segundo os técnicos, a queda também é consequência do calendário, já que agosto teve dois dias úteis a menos que julho. Mesmo com a melhora mensal, os técnicos destacam as dificuldades ainda enfrentadas pelas empresas exclusivamente exportadoras – as mais atingidas pela crise econômica.
Por outro lado, houve incremento na taxa de inadimplência em agosto, quando comparada a agosto do ano passado. O incremento de 19,8%, contudo, foi o menor verificado desde maio – quando comparado ao mesmo mês do ano anterior. No acumulado do ano, de janeiro a agosto, a inadimplência das pessoas jurídicas avançou 28,6%.
Tipo de dívida
Considerando os primeiros oito meses deste ano, os títulos protestados seguem liderando o ranking das dívidas das empresas, com 41,6% de participação na inadimplência. O percentual, entretanto, foi inferior ao registrado no mesmo período de 2008 (42%).
Na segunda colocação aparecem os cheques sem fundos, com representatividade de 38,9% na mesma base comparativa. No mesmo período do ano passado, o peso na inadimplência desta categoria era de 38,8%.
As dívidas com os bancos, por sua vez, representaram 19,4% do total da inadimplência das empresas nos primeiros oito meses de 2009. No mesmo período do ano anterior, essa modalidade contribuía com 19,2% de participação.
Valor das dívidas
Se o peso das dívidas com o sistema financeiro foi o menor no total da inadimplência, o mesmo não aconteceu com os valores destas ocorrências: a média dos débitos atingiu R$ 4.567,57 no acumulado entre o primeiro e o oitavo mês do ano, o que representa um crescimento de 3,5% frente ao mesmo período de 2008.
Já a dívida média referente aos títulos protestados ficou em R$ 1.794,56 no período analisado (+19,6%, na mesma base comparativa). Os cheques sem fundos, por sua vez, registraram uma média de R$ 1.528,69 no período, sendo que houve avanço de 19,1% ante o mesmo período de 2008.
Análise da situação
Para os técnicos da Serasa Experian, o índice de inadimplência das empresas acompanha a recuperação da economia, mesmo em ritmo mais lento, por conta dos impactos da crise, mais intensos nos negócios que para o consumidor.
Para a Serasa, as empresas já não estavam em situação estável com a chegada da turbulência. A instabilidade veio agravar o quadro, pois a queda na oferta de crédito e a retração da atividade econômica estabeleceram uma situação insustentável para o fluxo de caixa dos negócios.
Ainda assim, os analistas estão otimistas e esperam que a inadimplência das pessoas jurídicas caia ainda mais nos próximos meses. No fechamento do ano, porém, por conta dos fortes resultados negativos dos primeiros meses, a inadimplência deve acumular alta de dois dígitos na comparação com 2008, prevê os técnicos.
Metodologia
O Indicador Serasa de Inadimplência de Pessoa Jurídica, por analisar eventos ocorridos em todo o Brasil, reflete o comportamento da inadimplência em âmbito nacional. O modelo estatístico de múltiplas variáveis considera as variações registradas no número de cheques sem fundos, títulos protestados e dívidas vencidas com as instituições financeiras. A divulgação é mensal.