Inflação sobe, sem riscos
Analistas admitem aceleração da taxa ao longo do ano, mas descartam ameaça de choques adversos
São Paulo – A pressão inflacionária persistirá ao longo deste ano, mas sem riscos de “choques adversos”. A previsão é do analista econômico da consultoria Tendências, Thiago Curado. Ele estima que a inflação não deverá fugir da meta oficial de 4,5%. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, deverá ficar em torno de 5,9%. O economista observou que a presidente Dilma Rousseff assumiu o controle do país sob um ambiente em que o comportamento dos preços estava em alta devido à melhora na renda dos trabalhadores e também pela influência da demanda ainda aquecida no mercado internacional dos produtos alimentícios em meio à quebra de safras, como a registrada na Índia. “Países emergentes como o Brasil e a China, e os desenvolvidos, ajudaram a elevar as cotações das commodities no mundo inteiro. Há indicadores da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) apontando recordes históricos no caso do trigo e da soja”, disse, destacando que, de 2010 até agora, a taxa de crescimento é muito forte. Na opinião de Curado, o Brasil conseguirá manter o controle inflacionário por meio de medidas como o ajuste fiscal, anunciado com o corte das despesas públicas em R$ 50 bilhões. A aprovação do teto do salário mínimo em R$ 545,00 segundo ele, também ajuda nesse processo. O economista e professor do Laboratório de Finanças da Fundação Instituto de Administração Keyler Carvalho da Rocha afirma que a inflação vem subindo nos diversos países do mundo devido às cotações em alta das commodities e que o governo brasileiro vem tentando reduzir os efeitos com medidas como o aumento do depósito compulsório, a elevação da taxa de juros e a redução de despesas, além de segurar o valor do mínimo. Ele acredita que essas ferramentas resultarão em êxito, mas projeta pico da inflação na casa dos 6%, ainda no primeiro semestre, declinando em seguida para 5,5% e recuando em seguida para 5%.