Insegurança força mudança de hábito do comércio e da população

Em restaurantes ou bares, frequentadores estão "encerrando" a noite mais cedo devido aos assaltos.

A falta de segurança resultou na redução do movimento em estabelecimentos como restaurantes e bares, com horários noturnos. Ao circular na noite de quarta-feira, por pouco mais de duas horas, a equipe do Correio do Povo não encontrou nenhuma viatura da Brigada Militar nos bairros Centro Histórico, Cidade Baixa, Partenon e Azenha. Mesmo com temperatura agradável, muitos bares, que colocam mesas nas calçadas, tinham grande parte dessas vazias. Os postos de combustíveis são os principais alvos dos criminosos durante a noite. Esses seguiam com atendimento intenso.

No entanto, a frequência nos ataques fez com que um posto localizado na avenida Ipiranga, no Partenon, mudasse os hábitos dos funcionários do turno da madrugada. O cliente efetua o pagamento por uma janela na loja de conveniência, o que tem inibido as ações. “Fomos assaltados no horário de maior movimento (início da noite). Um dos bandidos chegou a apontar a arma para um cliente. Todos somos pais de família”, conta o gerente Rogério de Moura. Ele acredita que as pessoas não deixam de abastecer, mas reconhece que a insegurança interfere, principalmente logo após algum assalto.

O proprietário de um trailer de cachorro-quente no Centro Histórico, que prefere não se identificar, paga há três anos por segurança 24 horas, o que, de acordo com ele, fez cessar os assaltos. Mesmo com um movimento bom, ele não está satisfeito. “A insegurança hoje é 24 horas, não tem mais horário. Penso em vender o ponto, que tenho há 18 anos, e voltar para São Gabriel”, conta.

Com uma clientela fixa conquistada nos 18 anos de funcionamento de uma lanchonete na Azenha, o gerente Adriano Cardoso da Silva conta que as vendas caíram entre 30% e 40%. Isso, segundo ele, resultou no fechamento de uma vaga de trabalho, devido a redução do faturamento. “Nós nunca fomos assaltados, mas sabemos de casos ocorridos com vizinhos e com pedestres”, salientou. “Os clientes comentam que estão com medo. Eles ligam para fazer o pedido e passam aqui para buscar a encomenda”, afirma Silva. De acordo com ele, é incomum ver alguma viatura da Brigada Militar passar pelo local durante a noite.

Distante três quadras, um outro restaurante percebeu um aumento nos pedidos por telefone, além da redução em 40% no movimento de clientes. “As pessoas não saem mais. Além da economia não estar ajudando, os clientes têm receio de andar na rua”, comenta Traicy Cardoso, proprietária do restaurante. “Depois das 23h, as pessoas não querem sair. Quando elas vêm aqui não trazem nada, apenas o cartão e crédito”.

Há 14 anos no bairro, Traicy e o marido possuem um outro estabelecimento comercial na região. Este foi assaltado na semana passada. “De noite não existe policiamento”, lamenta a comerciante, Em um ataque anterior, quatro homens entraram armados e, mesmo com dois PMs no local, cometeram o crime. Os bandidos ainda levaram a arma de um dos brigadianos. “Muitos bares e restaurantes estão fechando”, afirma Traicy. “Até agora estamos nos mantendo, mas a situação pode ficar inviável”.

 

Fonte: Correio do Povo

 

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