Jovem dá prioridade ao estudo e adia ingresso no mercado de trabalho

Ganho de renda das famílias incentiva estudantes a se dedicarem apenas ao aprendizado, derrubando taxa de desemprego.

A dedicação exclusiva de muitos jovens aos estudos tem ajudado a capital gaúcha a…

Ganho de renda das famílias incentiva estudantes a se dedicarem apenas ao aprendizado, derrubando taxa de desemprego.

A dedicação exclusiva de muitos jovens aos estudos tem ajudado a capital gaúcha a derrubar a cada ano a sua taxa de desemprego. Ao mesmo tempo em que o estudo prepara trabalhadores mais qualificados para o futuro, a falta de mão de obra no mercado traz dificuldades para quem precisa contratar.

Em busca da explicação para as baixas taxas de desemprego na Grande Porto Alegre, Raul Bastos, economista da Fundação de Economia e Estatística (FEE), destrinchou dados e constatou que criação de vagas subiu apenas 1,1% na Região Metropolitana em outubro do ano passado em relação a igual mês de 2012. No mesmo período, a taxa de desemprego recuou 12,9%. O motivo, interpreta Bastos, é a escassez de trabalhadores.

– A população economicamente ativa (PEA, grupo que disputa vagas de trabalho) tem crescido pouco ou até caído nos últimos cinco anos. Um dos motivos é o fato de que os jovens estão se dedicando mais a estudar para só depois procurar emprego – analisa Bastos.

Em 2000, 18,4% da população de 16 a 24 anos apenas estudava. Em 2012, essa proporção chegou a 22,8%. Ou seja, mesmo que as vagas cresçam pouco, há menos candidatos distribuindo currículos, e isso contribui para que a taxa de desemprego da Grande Porto Alegre tenha se situado em novembro em baixos patamares tanto na pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), de 6,2%, quanto na do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2,6%.

– Os chefes de família tiveram mais espaço no mercado de trabalho nos últimos anos, e abriram oportunidade para que seus filhos estudassem por mais tempo, sem tanta pressa para começar a trabalhar – acrescenta Bastos.

Como fator complementar, a quantidade de jovens vem diminuindo no Rio Grande do Sul, em razão da taxa de natalidade em queda. De 2004 a 2012, caiu de 615 mil para 552 mil pessoas.

– A curto prazo, isso pode trazer dificuldade para aumentar a produção no Estado. Olhando para frente, esses jovens, mais escolarizados, devem contribuir para aumentar a produtividade das empresas – analisa Cecília Hoff, economista e pesquisadora da FEE.

Pleno emprego desafia empresários na Capital

Para os empresários, o quadro de quase pleno emprego torna a busca por candidatos ainda mais complicada em Porto Alegre. Alessandra Secco, coordenadora de recursos humanos da Paquetá, relata que nos últimos dois anos a rede de calçados teve de mudar a estratégia para atrair vendedores, atendentes e balconistas. Além de ampliar a busca para a internet, aproximou-se de sindicatos de empregados e estimula atuais funcionários a indicarem amigos e parentes para suprir vagas. O desafio se evidenciou na época de contratar temporários para o fim de ano.

– Antes, colocávamos um anúncio de emprego temporário no jornal e choviam currículos. Desde 2012, a quantidade de candidatos escasseou. Temos oferecido mais possibilidades de promoção para atrair e reter talentos – explica Alessandra.

Mais preparo para a vida profissional

Dois fatores levam os jovens a adiar a entrada no mercado de trabalho: o ganho de renda das famílias, que possibilita a seus filhos estudarem por mais tempo, e a busca por cursos e treinamentos para encurtar o caminho até melhores salários e mais condições de crescimento.

Essa ânsia por qualificação levou Amanda Gewehr, 20 anos, a se focar no curso de moda do Senac, para só depois começar a buscar vagas. Recebeu ofertas de estágio durante o curso, mas avaliou que seria melhor mergulhar nos livros e atividades em grupo, para mais tarde explorar o mercado de trabalho. Como a família podia pagar o curso, que durou um ano e meio, ganhar dinheiro não era prioridade.

– Pude me dedicar mais a aprender, buscar referências dentro e fora do Brasil. Me senti muito preparada quando comecei a procurar emprego – explica Amanda, que se formou em agosto de 2012.

Em um mercado sedento por profissional qualificado, encontrar emprego foi simples. Com o diploma debaixo do braço, Amanda prospectou vagas em um punhado de empresas e foi contratada após a segunda entrevista. Hoje, trabalha como designer de estampas em uma companhia na Capital.

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