Luciano Potter e Marcella Lorenzon defendem a importância da moda para além de vestir pessoas

Jornalistas do podcast Moda Importa compartilharam dez aprendizados que tiveram observando o mercado da moda em palestra na 9ª Feira Brasileira do Varejo.

Foto: J.A. Produções

De conversas durante a pandemia, o casal de jornalistas Luciano Potter e Marcella Lorenzon criaram um podcast em que Marcella dividia seus conhecimentos de moda com o marido. O programa deu origem à palestra “Moda Importa: ela emprega milhões, tem arte, design e está na sua vida” apresentada, nesta quarta-feira (25), durante a 9ª Feira Brasileira do Varejo (FBV). Na ocasião, os palestrantes dividiram dez aprendizados que tiveram observando o mercado de moda.

O primeiro ponto foi o do universo dos influenciadores, como apontou Marcella: “Às vezes não nos damos conta, mas estamos perto de quem nos influencia”. Além disso, destacaram como a colaboração é presente no segmento de moda. “As collabs entre marcas de moda e artistas são uma forma de inovar em conjunto”, pontuou Potter. E Marcella complementou: “Quando tiramos alguém do palco, por exemplo, e levamos pra moda, estamos ampliando públicos”. A moda e o esporte também estão conectados. “A vestimenta esportiva foi para o dia a dia em um movimento que aumentou durante a pandemia pela busca por mais conforto”, ressaltou Marcella. Já Potter destacou como grandes marcas do esporte – a exemplo do time de futebol francês Paris Saint-Germain, estão enxergando que beleza é um assunto que vende: “Misturando moda, tendência e os jogadores-celebridades, o time criou camisetas que vendem pela estética”.

Os palestrantes ainda analisaram aspectos como logística, a partir do ponto de vista da crise de containers, em janeiro deste ano, que impactou nos preços dos fretes das mercadorias; e geopolítica, com a guerra do leste europeu que provocou uma escassez de insumos para mercados como o perfumaria e cosméticos. “Mas a moda também é tensão e hipocrisia. Isso eu descobri com a notícia de que a região chinesa de Xinjiang, uma das maiores produtoras de algodão – matéria prima do mercado de moda, utiliza de trabalho forçado”, relatou Potter. A situação alcançou proporção mundial em dezembro de 2020, quando marcas reconhecidas como Nike, Skechers e Zara precisaram rever a compra de matéria prima do governo chinês. “As marcas pararam de comprar, mas a China segue produzindo e estocando o algodão, o que acarreta em uma alta de preços. E nós? Seguimos comprando de fast fashion porque é o que cabe no bolso”, provocou o jornalista. Voltando o olhar para a América Latina, Marcella destacou o novo negócio criado no Deserto do Atacama, no Chile, a partir do descarte de roupas, em que peças de luxo da América do Norte, Europa e Ásia são recolhidas em um cemitério de roupas usadas e revendidas a baixos preços.

A moda também acompanha as tendências digitais. Os jornalistas comentaram sobre como o segmento está se apropriando de tecnologias como os NFTS, a partir da venda de réplicas digitais autorizadas de luxo, e do metaverso, que recebeu recentemente a primeira Semana de Moda do Metaverso (MVFW). “As marcas ainda não estão prontas para essa experiência e a gente também não está para consumir dentro desse ambiente”, afirmou Marcella. “É difícil imaginar por que ainda não temos a tecnologia para viver o metaverso de forma imersiva, mas ele é uma realidade próxima”, complementou Potter. Por fim, o casal destacou um último aprendizado que tiveram por meio da moda: “Ela é provocação, é arte, design e política. Não estamos comprando peças de roupa, estamos comprando uma ideia”.

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