Mantega discute câmbio no FMI e no G 20
Depois de uma semana marcada pela preocupação com o declínio no dólar e a necessidade de medidas para segurá-lo, a chamada “guerra cambial” voltou a centralizar as atenções do governo em meio às…
Depois de uma semana marcada pela preocupação com o declínio no dólar e a necessidade de medidas para segurá-lo, a chamada “guerra cambial” voltou a centralizar as atenções do governo em meio às eleições. Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que na segunda-feira criticou a postura de países que estão promovendo a depreciação de suas moedas para incentivar as exportações, o Brasil levará a discussão aos fóruns internacionais.
– Vou levar o tema para a reunião do Fundo do Monetário Internacional (FMI) da semana que vem e para o G-20 duas semanas depois – disse Mantega ontem, enquanto votava em uma escola na zona sul de São Paulo. Apesar de relevar a disposição do Brasil de discutir o tema nos fóruns internacionais, Mantega se recusou a comentar sobre o câmbio. Sobre o seu futuro político, também desconversou: – Estou concentrado em terminar bem o ano de 2010 e fazer com que o Brasil tenha um bom final de ano.
Mantega afirmou ainda que seu sucessor na Fazenda terá como desafio “dar continuidade ao atual programa, que é bem-sucedido, de modo que o Brasil conquiste indicadores socioeconômicos de um país avançado”. Segundo o ministro, o governo já está comprando um volume muito maior de dólares no mercado à vista, fazendo com que as reservas internacionais do país superem US$ 270 bilhões. Reiterou, porém, que o governo não pretende taxar investimentos estrangeiros.
Brasileiros com viagem marcada para o Exterior devem tomar cuidado com a taxa de câmbio, que pode ter solavancos nas próximas semanas, segundo especialistas. Após descer na sexta a R$ 1,68, menor nível em dois anos, o dólar pode voltar a subir – mesmo que momentaneamente – se o governo intervir pesado no mercado (veja ao lado).
Nos últimos meses, vários países, incluindo os Estados Unidos, criticaram a política monetária da China, que acusam de manter uma taxa cambial muito reduzida do yuan para favorecer as exportações. No sábado, o diretor gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, pediu às maiores economias mundiais uma cooperação para evitar uma guerra cambial.
–Tivemos sucesso ao impedir uma crise maior graças à coordenação econômica, especialmente em políticas monetárias e estímulo fiscal. Mas atualmente temos uma nova ameaça, resultado da diminuição da vontade de consenso e cooperação. E vemos no mundo a possibilidade do começo de uma guerra de divisas – alertou.