Menos números, mais gente

As mudanças da sociedade afetaram em cheio as empresas e o papel do líder, que precisa focar cada vez menos somente nos processos e mais nas pessoas. 

Um dos maiores desafios para os empresários é a seleção e a gestão de pessoas. No varejo, a tarefa é especialmente desafiadora: a equipe é a cara da loja e transmite os valores da marca aos clientes. Quando se trata de posições de liderança, a dedicação precisa ser ainda maior, já que os líderes são os encarregados de estimular as equipes para que coloquem em prática todo o seu potencial.

O papel dessas lideranças nas empresas se manteve intacto com o passar do tempo, mas a sociedade mudou e isso impactou os negócios, exigindo novas posturas e habilidades. “Por mais tecnológica que nossa sociedade se torne, são as qualidades humanas que fazem diferença em qualquer setor: empatia, capacidade de trabalhar em equipe, responsabilidade e resiliência estão entre as características do líder do nosso tempo”, afirma Soraia Schutel, doutora em Administração, especialista em Psicologia Social, professora da escola de gestão e negócios da Unisinos e cofundadora da Sonata Brasil, voltada para desenvolvimento de pessoas e de líderes. Ou seja, o líder focado somente em números e gestão de custos já não atende mais às necessidades do mercado atual, como comenta Clarice Martins Costa, diretora de RH da Lojas Renner: “O ambiente de trabalho mudou radicalmente, antes era hierarquizado, hoje é em redes, colaborativo. E o centro de tudo é definitivamente o cliente, que deve orientar todas as escolhas e decisões, e o líder precisa enxergar esse protagonista do negócio de forma sempre muito clara”.

Mais atitude, menos títulos

Por mais que as relações dentro e fora do trabalho estejam mais flexíveis, manter uma hierarquia pode facilitar a orientação dos processos de cada empresa. Mas se antes bastavam alguns títulos para definir quem liderava e quem seria liderado, hoje isso não é mais assim. Para Karin Leitzke, diretora de RH do Grupo Dimed – participante do painel “Desafios da gestão de pessoas no varejo”, no Congresso Brasileiro do Varejo, que ocorre em maio junto à 6ª edição da Feira Brasileira do Varejo –, o líder de uma década atrás mudou. “Antes bastava ter alguns títulos e todos precisavam seguir. Atualmente, os líderes nem sempre têm títulos, mas inspiram e por isso são seguidos.” De forma geral, como explica Soraia Schutel, a principal responsabilidade de um chefe é conduzir uma equipe e engajá-la para alcançar os objetivos comuns. Ter a capacidade de reconhecer as mudanças e se adaptar rapidamente é o que vai diferenciar essas pessoas. “Nossa sociedade está em transformação, por isso o líder que for flexível e ágil para acompanhar as alterações do mercado e conectar o seu time ao propósito do negócio sairá na frente”, comenta a especialista.

Foco nas pessoas

O bem mais precioso das empresas são as suas pessoas, por isso existem os líderes. Não se trata mais de treinar gestores para se tornarem experts em planilhas e softwares, mas de transformar as suas lideranças em especialistas em gente. “Além de guiar os times para o norte da organização e mostrar sentido ao trabalho realizado, as lideranças são as que despertam o melhor das pessoas por meio do interesse genuíno pelo que cada membro da equipe faz na vida. Hoje, ninguém deixa a vida pessoal do lado de fora quando entra na empresa, pois tudo está interligado. A carreira faz parte da vida e a vida interfere nas escolhas da carreira”, declara Karin, gestora da Dimed. Parte da equação para contar com lideranças que realmenteagreguem valor ao negócio vem de uma boa seleção, que inclui a  formação de líderes dentro das equipes. Na Renner, por exemplo, 90% dos líderes vieram da base. Já na Dimed, 100% das lideranças em loja vêm da empresa. De acordo com Karin, a experiência e a cultura estão muito mais acentuadas em pessoas que já fazem parte da organização, garantindo o DNA da empresa, portanto o caminho é mais curto para desenvolver as demais habilidades.

Do protagonismo à liderança

Entre as várias mudanças sociais das últimas décadas, uma das mais importantes se refere à necessidade de protagonismo. Entre os líderes, isso é mais perceptível e necessário, já que a capacidade de tomar a frente, conquistar a confiança dos demais e inspirar é tarefa essencial do cargo. Já as empresas devem estimular esse comportamento não só entre as chefias, mas entre toda a equipe, pois somente de bons times vêm boas lideranças. A identificação com a cultura é outro ponto essencial para ter lideranças alinhadas aos propósitos da organização, antes mesmo de verificar as competências técnicas. Assim como a sede por conhecimento, como destaca Soraia. “O líder nasce e se transforma pela educação continuada, e a empresa deve ser também um ambiente para aprendizagem. Inclusive, uma das formas de fomentar a inovação é desenvolver programas educacionais, de forma a conectar os diferentes setores e hierarquias e estimular os colaboradores a pensarem fora da caixa”, afirma. “A inovação vem de qualquer lugar, por isso é importante dar espaço para o funcionário colaborar e ajudar a trazer novas ideias. Estar aberto à participação do seu time também é papel do líder”, comenta Clarice, da Renner.

Gostou do texto? A matéria faz parte da Conexão Varejo. Você pode ler a revista completa clicando aqui

Veja também

    Noticias

    Sindilojas Porto Alegre marca presença em formatura do 11° BPM

    Veja mais
    Noticias

    Direção do Sindilojas Poa recebe políticos em sua última reunião no ano

    Veja mais
    Noticias

    Obra no Quadrilátero Central será paralisado para as festas de fim de ano

    Veja mais
    Noticias

    Programação de atividades para as obras do centro nesta semana

    Veja mais