Moinhos recebe o primeiro rolezinho de Porto Alegre

Conselho Tutelar e OAB acompanharam o evento, que teve pouca adesão; nenhum dano foi registrado no shopping.

O primeiro “rolezinho” marcado em Porto Alegre ocorreu ontem no Moinhos Shopping. O evento foi…

Conselho Tutelar e OAB acompanharam o evento, que teve pouca adesão; nenhum dano foi registrado no shopping.

O primeiro “rolezinho” marcado em Porto Alegre ocorreu ontem no Moinhos Shopping. O evento foi originado como forma de apoio aos rolezinhos de São Paulo, que foram proibidos pela Justiça após alta concentração de pessoas de classes populares em shoppings frequentados pela elite paulistana. Apesar da mobilização desde a semana passada e da preocupação dos administradores do centro comercial em reforçar a segurança, o evento reuniu poucas pessoas, cerca de 20, e não causou danos ao patrimônio do local.

O major Francisco Vieira declarou que a Brigada Militar não reforçou a segurança da parte externa, mantendo a usual viatura em frente ao shopping. “Nós estamos preocupados e preparados desde que surgiu a ideia do rolezinho, mas mantivemos o contingente de dois policiais, adicionando somente uma profissional feminina, para o caso de ocorrências com mulheres. Até mesmo porque as atividades de Navegantes exigiram muitos policiais nas ruas e não era possível destacar pessoal para este evento”, explica. Segundo o major, eles vêm conversando com os organizadores há mais de uma semana.

Temendo depredações, o Moinhos Shopping conseguiu na Justiça uma liminar que anunciava que, caso houvesse qualquer dano ao patrimônio do local, os organizadores do evento deveriam pagar ao centro comercial uma multa de R$ 150 mil. O estudante de análise de sistemas Fábio Fleck é o principal organizador e assinou a intimação, entregue por um oficial de Justiça. “Nós não estamos querendo fama, só queremos dar um passeio. Vimos que em São Paulo as pessoas foram criminalizadas simplesmente por andar dentro do shopping. É claro que quem depreda tem que ser responsabilizado, mas não dá para criminalizar socialmente”, afirma.

Conforme Fleck, a proposta não é fazer um protesto, mas uma crítica. “Se fossem jovens ricos andando em grupo, haveria todo esse aparato?”, questiona. Em relação à multa, antes de entrar no local, o estudante dizia não se preocupar com ser responsabilizado. “Não estou nem um pouco preocupado. Tenho certeza de que ninguém vai danificar nada e, de qualquer forma, sei que temos pessoas que nos apoiariam, caso acontecesse algo”, garante.

Dois representantes da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul (OAB/RS) acompanharam a caminhada pacífica. Em nota, a entidade ressaltou que o objetivo da participação era “fiscalizar eventuais excessos, tanto do poder público quanto de manifestantes, dentro dos limites constitucionais e dos direitos humanos”.

O conselheiro tutelar da Região Centro da Capital, Cristiano Aristimunha Pinto, também estava presente no shopping. “Fomos convocados por moradores dos bairros Moinhos de Vento e Mont’ Serrat a tomar providências pela presença de ‘maloqueiros’. Fizemos uma nota de repúdio quanto aos termos adotados, pois detectamos racismo e preconceito por parte dos frequentadores do centro comercial. O Conselho Tutelar é um órgão que protege as crianças e os adolescentes, e não veta ninguém de entrar em um lugar”, diz. O acompanhamento, de acordo com Pinto, fez-se necessário para proteger eventuais confrontos envolvendo menores de idade.

A caminhada dos jovens pelo shopping durou cerca de meia hora. Eles andaram cantando músicas de funk, dançando e juntando dinheiro para comprar um sorvete. Entraram em uma loja de vestidos de festa e em uma de sapatos, o que fez com que alguns estabelecimentos fechassem as suas portas. A funcionária de uma loja de roupas íntimas, Silvana Coelho, revelou que o estabelecimento foi fechado durante o evento em razão de orientações externas. “Fomos orientados a, se houvesse tumulto, fechar. Como vimos que estavam entrando nas lojas, achamos melhor encerrar o expediente”, esclarece. O medo era de que o grupo entrasse e furtasse algum objeto. “Nós não conhecemos essas pessoas, não sabemos se são pessoas de má índole. Devem ser, senão não precisariam entrar em grupos”, pondera. Outra vendedora do local, Ivana Knop, não julga a atitude como discriminatória. “Se queremos atender aos clientes com a qualidade que é esperada, isso não é possível durante um evento desse tipo”, destaca.

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