Na hora de fazer as compras, como encher o carrinho sem afetar o bolso?
SÃO PAULO – Pressionado pela inflação, o preço de produtos substanciais na mesa do consumidor deverá se manter em patamares elevados, a exemplo do atestado ano passado. O que assegura o consumo desses…
SÃO PAULO – Pressionado pela inflação, o preço de produtos substanciais na mesa do consumidor deverá se manter em patamares elevados, a exemplo do atestado ano passado. O que assegura o consumo desses bens, entretanto, é a disponibilidade do brasileiro em pesquisar e pechinchar os melhores valores no hora da compra nos supermercados. “O consumidor tem de considerar a situação por qual passa o País. Estamos no início de um processo de pressão inflacionária, o que sugere atenção na hora de realizar compras básicas”, afirma o professor de economia da FGV-EAESP (Escola de Administração de Empresas de São Paulo), Evaldo Alves. Para 2011, de acordo com Alves, a economia sinaliza inflação sobre o preço dos alimentos, algo que afeta, principalmente, aqueles que vivem com uma renda menor. “Este consumidor terá de melhorar a renda disponível, ou seja, calcular os preços e comprar produtos mais baratos. Além disso, num contexto como esse, o consumidor deve resistir à tentação e não se endividar”, diz o especialista.
Caneta e caderninho
Dirigida a todos os consumidores, a dica do professor da FGV é simples e baseia-se na cautela e atenção. Tido como o preceito básico para qualquer família, o orçamento doméstico é o principal item para garantir o dinheiro no bolso. Como o cenário denota contenção nos gastos, o consumo de alguns produtos predominantes na mesa do brasileiro terá de diminuir. É o caso da carne bovina, que no ano passado experimentou aumento de 34,4%. “Os consumidores vão trocar alguns itens por produtos mais baratos. Em certos casos, vale a pena aproveitar a diminuição nos preços ou liquidações para deixar alguns itens estocados em casa”, explica Alves.
Cenário
Antonio Evaldo Comune, coordenador do IPC Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), faz uma avaliação pouco favorável ao bolso do consumidor logo no primeiro semestre do ano. “Os preços das commodities estão pautados pelo mercado externo, a começar pela linha de produtos ligados ao consumo natural, como o milho, a soja e a carne. A princípio, esses produtos começaram o ano pressionados pela inflação”, afirma. Porém, para o segundo semestre, o especialista projeta baixa nos preços, especialmente por conta da melhora no clima do País, o que não deve atrapalhar as produções dos agricultores. Ainda assim, como os preços internacionais são uma incógnita, tudo dependerá do humor dos mercados estrangeiros.
A mesa do brasileiro
De fato a inflação em 2010 foi um gargalo para que muitos consumidores enchessem seus carrinhos durante as compras nos supermercados. O feijão, por exemplo, registrou avanço de 57,8% em seus preços. Traçando uma análise do ano passado, o produto foi o problema, aponta o coordenador da Fipe. A distorção nos preços do arroz, outro item indispensável na mesa do brasileiro, foi um entrave na hora do abastecimento. O grão subiu cerca de 5% no decorrer de 2010. Já o leite tipo longa vida, com alta de 22,5%, foi o artigo mais elevado entre os laticínios. A carne, já mencionada, emplacou sucessivas altas durante o ano passado. No geral, carnes de primeiro corte, como o filé mignon e a picanha, fecharam com altas de 67,7% e 57,5%, respectivamente. Até o músculo e o acém, itens de segunda linha, registraram avanços nos preços – 26% e 31%. A inflação também foi incidente nos preços do frango, que subiu 23,6%. Os legumes e verduras, contudo, apresentaram variações negativas no período, de 3,36% e 2,08%.