Nove passos para finalmente fazer um plano para seu futuro negócio
A ideia da ferramenta é que o empreendedor possa ter uma visão holística do negócio para testar sua viabilidade
Fazer um modelo de negócios é o primeiro passo para quem quer abrir sua própria empresa. O mais utilizado atualmente é o criado pelo suíço Alex Osterwalder, publicado no livro “Business Model Generation”, em 2008.
O objetivo da ferramenta é descrever tudo o que é relevante para um negócio em nove áreas dentro de um quadro, chamado de Canvas. A ideia é que o empreendedor possa ter uma visão holística do negócio para testar sua viabilidade.
“O modelo de negócios é parte integrante do plano de negócios, esse sim bem mais detalhado. Ele ajuda o empreendedor a organizar suas ideias”, diz David Kallás, professor de estratégia do Insper.
“As pessoas ficam muito focadas na questão da inovação, em ter uma ideia brilhante que ninguém jamais teve. Esse não deve ser o foco. Às vezes, a solução de um problema é algo simples. Você pode abrir uma padaria, que não tem nada de inovador, mas o negócio pode ser um sucesso porque simplesmente não tem outra padaria naquela região”, explica o professor.
Segundo Caroline Caracas, coach de empreendedorismo e negócios e sócia-diretora da Marketing Minds e do Programa Empreenda-se, o modelo de negócios não elimina a necessidade de a empresa ter um plano de negócios em um segundo momento, mas ajuda a ver se o empreendedor está indo no caminho certo.
“O mais importante do modelo de negócios é a flexibilidade. Ele pode ser alterado a qualquer momento. Nele, a pessoa não precisa fazer contas. É uma mera exposição de qual é a sua proposta principal, qual é o seu público, como você vai oferecer o serviço, de qual forma virá sua receita e com o que você terá gastos, tudo posto em uma planilha de forma clara”, afirma.
Veja abaixo quais são os nove passos que você deve seguir para montar o seu modelo de negócios perfeito.
1 — Proposta de Valor
A primeira coisa a fazer é pensar na proposta de valor, ou seja, o que você está oferecendo e como aquilo se destaca da concorrência. O diferencial é o que mais agrega valor ao seu negócio.
“Eu sempre cito o exemplo de uma empreendedora que calçava 33/34 e tinha dificuldade de encontrar sapatos lindos de festa com essa numeração. Então, ela decidiu criar um e-commerce para esse nicho. É um diferencial, uma proposta de valor”, explica Caroline.
2 — Segmento de clientes
Em seguida, é hora de pensar em quem são os seus clientes. Olhando para o exemplo citado por Caroline acima, os clientes seriam pessoas que calçam 33/34 e têm dificuldade de encontrar sapatos de festas com essa numeração.
Neste campo, é possível explicitar se o seu público tem um perfil específico, se costuma ter um comportamento comum ou até mesmo onde essas pessoas estão localizadas.
3 — Canais de distribuição
Definido o público, a próxima etapa envolve pensar na forma em que a empresa vai entrar em contato com o segmento de clientes escolhido. Geralmente isso envolve ações de marketing ou de logística.
“Isso vai variar de acordo com o perfil dos clientes. No caso da empreendedora dos calçados 33/34, ela definiu que o canal seria o e-commerce. Claro, faz todo sentido uma vez que o público é restrito, é nichado. Logo, a melhor solução é oferecer uma plataforma de grande abrangência como a internet”, diz Caroline.
Em outros casos, porém, pode ser mais vantajoso oferecer um serviço presencial, uma loja física, por exemplo (como em uma pizzaria ou restaurante, dependendo da proposta de valor dos negócios).
4 — Relacionamento com clientes
O passo seguinte é entender qual será ou quais serão os tipos de relação que a empresa vai estabelecer com os clientes para conquistá-los e mantê-los.
A ideia aqui é pensar nas estratégias que serão utilizadas para a aquisição do cliente, a retenção do cliente e para impulsionar as vendas.
Um exemplo é quando uma empresa oferece a possibilidade de você testar um produto por um determinado período de maneira gratuita.
5 — Atividades principais
“O que a gente chama de atividade chave é algo inerente ao modelo de negócios. Sem aquilo, a empresa não gera receita”, diz Caroline.
Basicamente são as ações essenciais que devem ser realizadas para a empresa funcionar corretamente.
No exemplo da empreendedora dos calçados 33/34, entre as atividades principais dela está a disponibilização de uma plataforma de venda pela internet.
6 — Recursos principais
Neste campo você precisa colocar os principais ativos e recursos intelectuais, físicos ou humanos que a empresa vai precisar para funcionar.
“Se uma das atividades principais de uma empresa é marketing digital, ela terá de ter o recurso humano de alguém com experiência em marketing digital para gerir essa área, por exemplo”, diz Caroline.
7 — Parcerias
Em seguida, é hora de pensar nas parcerias, ou seja, em quais empresas ou organizações poderão dar apoio ou facilitar o funcionamento da empresa.
“Me lembro do caso de um empreendedor que tinha os Correiros como um parceiro de sua empresa, pois os produtos vendidos seriam entregues através desse canal. Ao fazer o modelo de negócios, ele percebeu que não poderia ficar refém dos Correios, pois se eles entrassem em greve, o negócio iria falir”, explica a coach. “Foi quando ele pensou em um plano B, C, D…”
8 — Fontes de Receita
O passo seguinte já entra na reta final do modelo de negócios. Com a total visão de qual o seu diferencial, qual o seu público e como você vai entregar o serviço/produto, chegou a hora de pensar em como o processo todo vai gerar receitas.
No caso da Netflix, por exemplo, entra nessa área a questão das assinaturas. No exemplo da empreendedora dos calçados 33/34, seriam as vendas pela internet.
9 — Estrutura de custos
O campo final que deve ser preenchido em um modelo de negócios é a estrutura de custos. Nela, será preciso descrever os custos totais da empresa decorrentes da operação do modelo de negócio em questão.
“É importante lembrar que é uma descrição, e não uma planilha numérica”, afirma a coach de empreendedorismo. Ou seja, se a pessoa tem um e-commerce, na estrutura de custos deve constar os gastos com entrega de produtos.
Fonte: Exame