“O crescimento do digital está incentivando o renascimento das lojas físicas”

Sócio-diretor da Gouvêa Malls, Luiz Alberto Marinho foi uma das atrações do último dia do Congresso Brasileiro do Varejo.

“As perguntas seguem as mesmas, mas as respostas mudaram”, disse Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da Gouvêa Malls, sobre como tornar os negócios mais rentáveis nos dias de hoje. O empresário realizou palestra no Congresso Brasileiro do Varejo, que integrou a programação da 9ª Feira Brasileira do Varejo (FBV) desta quinta-feira (26). Marinho explicou, no entanto, que  o fato de os questionamentos serem os mesmos leva os empreendedores a utilizarem as mesmas estratégias de sempre. Porém, ressaltou: “O consumidor mudou a forma de comprar. O varejo não é mais como era antigamente.

Marinho fez uma linha do tempo, que iniciou em 1998, quando lembrou que a NRF, associação comercial e realizadora do Retail’s Big Show, maior evento de varejo do mundo, falava especificamente de lojas físicas do setor. Em seguida, citou a chamada “bolha da internet”, na qual todos acreditavam que o e-commerce havia sido criado para extinguir os estabelecimentos físicos. Passou pelo varejo multicanal, que seduziu as pessoas com o pensamento binário de ser um ou outro, e finalizou com o omnichannel, onde os empreendedores entendem que o físico e o digital devem navegar de forma fluida. “Estamos viciados em ter apenas um formato. Mas o consumidor nos mostrou que não é bem assim. Ele quer a integração do on e off”, reforçou o empresário, dizendo que hoje se vive a “Lógica de Titãs”, na qual as pessoas querem tudo interconectado e imediatamente.

Outro ponto abordado foi a questão de que, no cenário atual, os consumidores não iniciam as suas jornadas pela loja física, mas, sim, pelo digital. “Para as novas gerações, os lugares atuais de compra são chatos. E estamos vendo uma transformação nesses canais de compras. Isso exige um novo pensamento do varejo e dos shoppings”, afirmou Luiz. Segundo o empresário, as lojas estão passando por um momento de “Supernova”, que seria uma explosão de ideias que oportuniza o aparecimento de muitas outras. “A consequência disso é a fragmentação dos canais de vendas”, comentou.

O e-commerce também esteve entre os temas debatidos pelo palestrante. Marinho citou várias formas de e-commerces, como o Social, a Live, o T-commerce, o Voice, o Móvel, o metacommerce e a estratégia dos três D’s, utilizada pelo MC Donald’s: digital, delivery e drive-thru. “O e-commerce mudou a natureza do varejo e das lojas físicas como um todo. Não há necessidade de estar lá para comprar. Para eu querer ir na loja hoje, preciso ter outros motivos”, contou, lembrando que a pandemia provou que trabalho não é um lugar onde se vai, mas sim, o que se faz, sem tempo e lugar.

O empresário afirmou, ainda, que o modelo de negócio do varejo tem que ser repensado. “Todos acreditavam que as lojas iriam fechar por causa do digital. Mas estamos vivendo o oposto. O crescimento do digital está trazendo o renascimento das lojas físicas, provocando o fechamento daquilo que não faz sentido e a abertura de estabelecimentos que se adaptam às demandas do consumidor”, disse. Segundo o sócio-diretor da Gouvêa Malls, a loja física deve ser encarada como um canal de mídia da marca e uma aliada na hora de capturar dados. “Hoje a loja não é apenas um local de vendas, mas sim, um lugar de conquista de informações sobre o consumidor, além de ter um valor enorme como centro de apoio logístico”, ressaltou.

Por fim, o empresário afirmou que a evolução das lojas está alinhada ao desenvolvimento dos shoppings, que se transformaram em locais de lazer e oportunidades de experiências ligadas ao bem-estar. “Os shoppings passaram de templos de consumo para plataforma de conexão entre quem quer comprar e quem quer vender”, disse, completando: “O varejo tem que ir onde o consumidor está. E o povo está onde ele se diverte. A compra será uma consequência desse entretenimento”, finalizou.