Para o economista Marcelo Portugal, ajustes são necessários para o país retomar equilíbrio econômico

O gosto é amargo e pesa, mas a dose do remédio do ajuste fiscal e econômico do Governo Federal é necessária para que o Brasil retome seu equilíbrio. Essa é a opinião do economista Marcelo Portugal, que…

O gosto é amargo e pesa, mas a dose do remédio do ajuste fiscal e econômico do Governo Federal é necessária para que o Brasil retome seu equilíbrio. Essa é a opinião do economista Marcelo Portugal, que falou sobre “Para onde caminha a Economia”, para a plateia do Congresso Brasileiro do Varejo, durante a 3ª edição da Feira Brasileira do Varejo – Febravar, nesta quarta-feira, 08/07, no Centro de eventos do BarraShoppingSul, em Porto Alegre. “A mensagem é que é melhor fazer o ajuste agora do que continuar com politicas anteriores e piorar a situação. A má notícia é de que teremos prejuízos a curto prazo, mas que a longo prazo melhora”, resumiu ele logo no início da palestra.

Para defender sua tese, Portugal lançou mão dos gráficos e resultados que originaram a atual crise, lembrando o que considera uma série de erros políticos do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Ele dividiu os erros em macro e microeconômicos. Sendo os erros macro a leniência inflacionária (controle de preços) e a imprudência fiscal e creditícia. E os micros, as políticas setoriais (escolher os setores que seriam beneficiados com mais créditos e redução de impostos) X politicas horizontais, que, segundo Portugal, oportunizariam que todos os setores fossem beneficiados ao mesmo tempo. “Escolheram-se os campeões nacionais e deixou-se de espalhar recursos em outros setores”.
Essa nova matriz econômica do primeiro mandato de Dilma, tendo o Estado como indutor do crescimento, aumentando o volume de gastos públicos para estimular o consumo, não funcionou porque o Brasil tem uma série de gargalos de oferta e, neste caso, quem ajusta é o preço.
O resultado é crescimento da taxa de inflação, que deve superar a meta, recuo do PIB e desemprego. “Não é à toa que a Dilma mudou”. Segundo ele, ela poderia ser coerente com o discurso eleitoral e manter a mesma matriz econômica no segundo mandato, mas “ainda bem”, não foi e alterou os rumos da politica econômica do País.

A boa notícia, para Marcelo, é que começamos a fazer a correção do rumo. “Se continuasse como antes, nós estaríamos no caminho da Venezuela e da Argentina”, avalia. A má notícia é de que temos de pagar os custos (em termos necessários de desemprego e inflação) para ajustar a economia.
Para Portugal, a situação ainda vai piorar mais antes de melhorar. “Mas quanto mais rápido corrigimos os erros, mais rápido sairemos da crise”.
Esse desempenho da atividade econômica é altamente prejudicial ao varejo. “Quando o consumidor não está otimista, e ele não está, não compra, mesmo com dinheiro no bolso”, alerta.
Com crédito farto, aumento da renda e mercado aquecido, o setor varejista, segundo Marcelo, passou pela era do ouro, entre 2004 e 2013. “Esse mundo acabou, pelo menos por um período”, avalia. Para ele, quem quer ganhar dinheiro agora deve vender para o agronegócio, único setor da economia que vai bem, registrando safra recorde de grãos e batendo os quase 100 milhões de toneladas de soja, o mais valorizado do mercado.
A operação Lava Jato acrescenta ingrediente ainda mais negativo ao cenário, pois é um fato de risco político que, dependendo do resultado, pode se misturar com a economia. “Daí é ainda pior”, define.

Para ele, não devemos ser pessimistas em excesso, porque o mundo não vai acabar. Mas é preciso entender o cenário e as limitações para agir de forma racional. “É um ano de prudência”, afirma.

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