PIB cresce, mas lucro das empresas recua

O lucro das grandes empresas do setor industrial caiu no primeiro semestre deste ano, apesar do crescimento de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) no período. Somado, o lucro líquido de um grupo de 79 empresas…

O lucro das grandes empresas do setor industrial caiu no primeiro semestre deste ano, apesar do crescimento de 6% no Produto Interno Bruto (PIB) no período. Somado, o lucro líquido de um grupo de 79 empresas do setor com ações negociadas em bolsa apresentou queda real (descontada a inflação) de 16% no período, em relação ao ano passado. O ganho consolidado dessas empresas totalizou R$ 17,6 bilhões, ante R$ 21 bilhões na primeira metade do ano passado. Na mesma comparação, a receita líquida (vendas menos os impostos) cresceu 18%, de R$ 137,9 bilhões para R$ 162,2 bilhões. Contudo, com a alta das commodities, o custo de matérias-primas e insumos, Custo do Produto Vendido (CPV), saltou 24%: para R$ 109,5 bilhões.

A impossibilidade de repassar de imediato a alta de custo para os preços, combinada com efeitos da valorização cambial de 11% no semestre, foi o que mais contribuiu para o resultado, segundo estudo da Fundação do Desenvolvimento Administrativo (Fundap), ligada ao governo paulista. Ao contrário da indústria, o lucro do comércio cresceu 24% no semestre, e dos serviços avançou 11%. Na média geral, o lucro cresceu 6%. “”Na mesa de negociação, as novas tabelas de preços da indústria têm sido recusadas total ou parcialmente pelo varejo””, diz Geraldo Biasoto Jr., diretor-executivo da Fundap. “”Muitas indústrias adiam os repasses, mas há casos em que jamais conseguirão emplacar aumentos, em razão da concorrência acirrada dos importados e de outras empresas domésticas””.

Os efeitos dessa queda-de-braço ficam mais claros quando se analisam os dados em uma perspectiva de tempo mais longa. A expansão da receita líquida, de 18%, é próxima da média dos últimos cinco anos no período (17%). Já a queda de 16% no lucro contrasta fortemente com o crescimento médio de 21%. A razão para o descompasso, observa o diretor da Fundap, foi o crescimento acentuado do custo de matérias-primas. De uma média anual de 16% entre 2002 e 2007, pulou para 24% neste ano.

O câmbio e as divergências contábeis também atrapalham. O lucro em reais da Vale foi fortemente prejudicado pela valorização cambial e pelas regras de contabilidade vigentes no País. Com 95% das receitas em dólar e 55% dos custos em reais, a maior mineradora do mundo viu seus ganhos em moeda nacional encolherem 37,5% – de R$ 10,937 bilhões, no primeiro semestre de 2007, para R$ 6,826 bilhões, este ano. No padrão de contabilidade americano, porém, o lucro da Vale cresceu de US$ 6,321 bilhões para US$ 7,030 bilhões – um aumento de 11,4%. “”Nossas receitas e endividamento são em dólares; portanto, para nós, o relevante é o aumento do lucro em dólares””, diz o diretor de relações com investidores, Roberto Castello Branco. Segundo o executivo, a variação contábil de investimento, prevista na atual legislação brasileira, causou uma redução de R$ 5,484 bilhões no lucro da Vale. Castello Branco explica que a desvalorização do dólar em relação à moeda nacional diminuiu o valor em reais dos ativos que a empresa tem em vários lugares do mundo. A questão é que as normas brasileiras registram isso como um custo que deve ser abatido do lucro.

Veja também

    Noticias

    Programação de atividades desta semana para as obras no Centro de Porto Alegre

    Veja mais
    Noticias

    Volta por cima: veja quem encarou um dos momentos mais difíceis do varejo gaúcho

    Veja mais
    Noticias

    Lojas da capital podem abrir no feriado do dia 12 de outubro

    Veja mais
    Noticias

    Marketing para o varejo é o tema de evento da Entidade

    Veja mais