Promoções e clima do Natal levam à compra por impulso; veja como evitar

SÃO PAULO – Natal é tempo de festa e de consumo. E não são poucos os fatores que podem deixar qualquer consumidor com a sensação de que, agora, ele pode gastar. Ao mesmo tempo, são muitos aqueles que…

SÃO PAULO – Natal é tempo de festa e de consumo. E não são poucos os fatores que podem deixar qualquer consumidor com a sensação de que, agora, ele pode gastar. Ao mesmo tempo, são muitos aqueles que sequer cogitam elaborar um planejamento financeiro antes de sair com a lista de presentes nas mãos. Além do clima amistoso, o Natal também forma um cenário com combinações nada saudáveis aos bolsos mais consumistas: promoções, décimo terceiro e lista de presentes levam a um consumo por impulso. “Essa é uma época em que estamos muito emotivos”, afirma a consultora financeira Eliana Bussinger. Essa sensação estimulada pelo comércio deve ser vista de maneira atenta pelos consumidores, pois, sem controle, a probabilidade de eles entrarem 2011 com dívidas é grande. “A loja está preparada para atrair e envolver o consumidor – que acaba gastando mais do que pode”, reforça o especialista em educação financeira Álvaro Modernell. Embora seja difícil, os especialistas ressaltam que é possível adotar uma postura consciente mesmo nesta época do ano. As práticas são simples. E, mesmo que seja difícil não se envolver com o clima do Natal, dá para ficar longe das dívidas.

Promoções mesmo?

Sale, promoções, off, ofertas, descontos, liquidação, queima. Essas palavras têm um efeito quase instantâneo sobre os consumidores. Ainda mais quando a lista de presentes é grande. Mas é preciso olhar a etiqueta de preços e não as palavras, na hora de efetuar alguma compra. O que pode parecer uma vantagem, no fim das contas, não é. “Já vi muitas promoções que servem apenas para atrair os consumidores”, conta Eliana. Lembre-se de que o Natal é a data mais importante para o varejo. Com ou sem promoções, há vendas. Então, um produto que parece ter um preço mais em conta pode estar sendo vendido com o preço normal. “O preço pode não ser muito vantajoso”, considera a consultora. Para a consultora financeira e de qualidade de vida Suyen Miranda, ofertas são bem-vindas, principalmente quando se tem dinheiro para pagar à vista. “A promoção não é vilã do orçamento, pelo contrário, pode se tornar uma aliada para bons negócios, desde que atenda ao que a pessoa realmente busca”, afirma. “Se [o consumidor] tiver pesquisado e poupado ao longo dos meses, poderá fazer boas compras”, reforça a consultora. Nessa hora é bom pensar se determinado presente não pode ficar para depois, já que, geralmente, o comércio faz liquidação pós-Natal. “Analise com os familiares a possibilidade de, para os adultos, postergar por alguns dias a compra dos presentes”, lembra Suyen.

A ilusão do décimo terceiro

Receber o décimo terceiro salário também é fator que amplia ainda mais a ilusão dos consumidores de que há dinheiro sobrando para gastar no final de ano. “O consumidor, quando recebe o décimo terceiro, sente a ilusão de que tem um maior poder aquisitivo”, afirma Modernell. Muitas vezes, o décimo terceiro não é colocado na conta dos consumidores como um benefício extra que pode resolver algumas pendências no orçamento. Ao contrário, na avaliação dos especialistas, muitos consumidores acabam gastando além do décimo terceiro e contraindo ainda mais dívidas. Por isso, antes de tirar o benefício do banco, refaça as contas e veja no décimo terceiro uma possibilidade de quitar débitos. E, mesmo se não houver dívidas no horizonte para serem pagas, não gaste todo o dinheiro extra com presentes. Fique de olho no futuro. Eliana ressalta que é preciso ficar atento às contas de início de ano, como IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores), taxas, matrícula e material escolar. Será que não é melhor reservar, ao menos, parte do décimo terceiro para essas contas?

Controlando a compulsividade

As promoções e o décimo terceiro ajudam quem tem um bom planejamento financeiro, mas só atrapalham aqueles que já agem por impulso ao longo do ano. Para resolver a questão, Suyen afirma: “a primeira coisa é ter consciência de que a pessoa tem um descontrole, quando se trata de consumir”. Diante da clareza da situação, o consumidor que já tem dificuldade de se conter normalmente deve fazer um esforço maior nesta época do ano, quando se depara com muitas tentações. “A partir do momento que entendemos quais estímulos falam mais alto e afastam nossa racionalidade, devemos procurar manter a consciência para assim evitar um descontrole”, afirma a consultora. Já que se conter é difícil, evite situações que favoreçam essa compra impulsiva. “Um exemplo simples do que fazer para evitar isso é deixar cheques e cartões de crédito em casa e andar com dinheiro suficiente para a rotina diária”, considera Suyen. “Assim, se a compra for realmente importante, a pessoa terá de voltar para casa e analisar se vale mesmo a pena adquirir o objeto”.

Consumo consciente

Consumista ou não, impulsivo ou não, todo e qualquer consumidor que não pretende ter dívidas nos próximos meses deve ficar atento às compras de Natal. Mesmo nesta época do ano, é possível manter um orçamento equilibrado, “Sempre é possível ser um consumidor consciente, em qualquer época do ano”, diz Eliana. Confira abaixo um passo a passo para não cair nas armadilhas natalinas: Faça uma lista coerente: para Modernell, não adianta colocar todo mundo na lista de presentes. “O importante é fazer uma lista de quem você quer presentear, com o que e quanto pretende gastar em cada presente”, afirma. Objetivos estabelecidos ajudam a manter o foco do consumo. Dá para deixar para depois: muita gente da lista pode esperar pelo presente, como algum familiar ou amigo próximo. Lembre-se, janeiro é um mês de liquidação e você pode ganhar com isso. “O mais importante é respeitar o bolso”, afirma o educador financeiro. Não precisa participar de tudo: entrar em todas as festas e amigos secretos pode provocar um certo desequilíbrio nas finanças. Será mesmo que você precisa participar de tudo? “Não dar presente para todo mundo e não participar de todas as festas são rompimentos de tradições comuns a essa época, mas é dessa forma que é possível ser um consumidor mais consciente”.

Seja criativo: se participar de determinada troca de presentes e presentear determinada pessoa são fundamentais para você, seja criativo. “Os que ficam na lista podem receber presentes mais em conta”, afirma Modernell. Customizar o presente utilizando elementos mais em conta pode ser opção até mais emotiva para quem receber a lembrança. Presente de 2010, pagamento em 2010: estabelecidas as metas, pesquisar é fundamental. Recorrer a todos os meios para isso ajuda. E na hora da compra, nada de parcelar em prestações a perder de vista. “Tente pagar à vista. Se o Natal é de 2010, a dívida tem de ser paga em 2010”, ressalta Modernell. Lembre-se: deixar contas para pagar ao longo do próximo ano pode comprometer o próximo Natal. Se a vontade de comprar for maior: para os mais impulsivos, Eliana aconselha uma estratégia: “coloque um recado no seu cartão de crédito perguntando se vale a pena a compra”, afirma. A ideia, segundo a consultora, é estimular o consumidor a pensar o que ele está perdendo, ao realizar determinada compra. “Pense na troca que você está fazendo, no que você está sacrificando ao efetuar a compra”.

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