Reforma moderniza a Galeria Chaves
Com quase 80 anos, a Galeria Chaves, ícone do comércio da Rua da Praia e uma das mais antigas de Porto Alegre, submete-se a uma plástica radical. O procedimento não é simples, exige intervenções precisas…
Com quase 80 anos, a Galeria Chaves, ícone do comércio da Rua da Praia e uma das mais antigas de Porto Alegre, submete-se a uma plástica radical. O procedimento não é simples, exige intervenções precisas para eliminar danos acumulados por décadas e restabelecer traços originais, que incluem vitrôs, ladrilhos, adornos no teto de gesso e acabamentos na fachada. O investimento será de R$ 3 milhões. A restauração integra um pacote de recuperação, que ampliará os 40 espaços comerciais existentes para 75, e é aposta no impulso aos negócios dos atuais ocupantes e de pretendentes a fincar uma nova operação na galeria.
Para o coordenador do projeto, o diretor da empresa Ponto Pronto, Rogério Wolff Wagner, a iniciativa é mais uma engrenagem no processo de revitalização da região. O Jornal do Comércio mostrou, na edição da segunda-feira passada, lojistas que estão investindo em atualização de pontos, abertura de filiais e buscando sofisticação e modernização de atividades. Para os empresários, a saída de ambulantes das ruas e a melhoria na segurança estão gerando movimento de reversão do esvaziamento do Centro.
A primeira fase de reformas da galeria será entregue em junho. Até março de 2010, o rejuvenescimento estará completado. O novo estágio do complexo, inaugurado em 1930 pela família Chaves Barcellos, integra ações do investidor gaúcho Augusto Dalla”gnol, que reside em Santa Catarina e que arrematou o prédio na metade de 2008. Para o mais antigo comerciante instalado no estabelecimento, Nilo Sehn, o barulho de operários remexendo a epiderme do edifício de cinco andares, é como o som inigualável de CDs e DVDs raros vendidos em sua loja. “Aqui você encontra mercadorias que não existem em nenhum outro lugar do País”, assegura Sehn, listando entre raridades exemplares sonoros da velha guarda, de tangos e grandes orquestras. Aos 75 anos, o velho comerciante declara que a reforma está devolvendo um entusiasmo que rememora o passado distante.
“Quando era menino, a galeria era ponto turístico. Pessoas vinham do Interior e tiravam fotos no corredor, onde estamos agora”. O comerciante já transferiu a gestão da Via Imports para a filha que reside nos Estados Unidos. “Ela decidiu voltar depois de saber dos investimentos”, conta. Depois de 30 anos, período em que Sehn ocupa um dos espaços, a loja ganhará nova fachada. Wagner adianta que os projetos serão uniformes e seguirão padrão de shopping center. O mais antigo comerciante da galeria sabe quanto custa a decadência. “Há oito anos que não temos Natal, leia-se vendas. A galeria é escura, o que afugentou senhoras que vinham há décadas comprar aqui”, lamenta. Sábado é o retrato do ocaso. Sehn chegou a ter oito funcionários para dar conta da casa cheia. Agora são dois, e os clientes, escassos.
O diretor da Ponto Pronto avisa que o desânimo de locatários como Sehn está com os dias contados. Wagner tem no currículo projetos de modernização de espaços como o da loja Bromberg, hoje Andradas Center, também na rua dos Andradas. “A restauração da Galeria Chaves é mais uma bandeira na revitalização do Centro”, ressalta o diretor.