Segundo governo, gastos da população impulsionam economia

Ritmo perde aceleração, mas os gastos familiares terão expansão de 7% neste ano

Embora em ritmo menos intenso do que em 2007 e 2008 (antes da crise), o consumo ainda será um dos propulsores do…

Ritmo perde aceleração, mas os gastos familiares terão expansão de 7% neste ano

Embora em ritmo menos intenso do que em 2007 e 2008 (antes da crise), o consumo ainda será um dos propulsores do crescimento econômico neste e nos próximos anos, no cenário do governo. Para 2010, tanto o Ministério da Fazenda quanto o Banco Central trabalham com expansão na casa de 7% para o consumo das famílias. Embora a previsão mostre uma expansão ainda elevada, a expectativa da área técnica do Ministério da Fazenda é de que as famílias façam agora uma espécie de “ajuste de fluxo de caixa”, ou seja, rearranjem suas despesas. Nesse cenário, o consumo entraria numa fase de maior acomodação, mas ainda terá combustível do aumento do emprego, renda e crédito, embora os juros mais altos desestimulem este último.

Apesar da pressão de vários setores, o governo também não pretende dar incentivos fiscais adicionais para estimular o consumo e o crescimento. Assim, não se espera, a partir de agora, uma explosão do consumo que possa comprometer a saúde da economia e, principalmente, as contas externas, que vêm sofrendo com a alta forte das importações de bens e serviços por causa da falta de capacidade da produção interna atender à demanda dos consumidores.

Esse quadro de alta do consumo gera benefícios para a economia, mas também impõe riscos, especialmente diante do fato de que em boa parte é baseado no crédito. Como há maior número de consumidores, a nova classe média brasileira que ainda não dispõe de histórico de crédito, um risco é uma onda de inadimplência no futuro.

O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, é um dos que vê o risco, embora mais para o longo prazo. “Não cabe no bolso desse consumidor a prestação do imóvel, do carro, dos móveis e do vestuário, tudo ao mesmo tempo. A quantidade de crédito tomada pode trazer problemas se de fato houver concessão desenfreada sem garantia de qualidade creditícia do devedor. Acho que o Brasil nos próximos anos, num período mais longo de tempo, tem tudo para passar por uma crise de crédito, como quase todos os países no passado.”

Segundo ele, no entanto, o fato de a renda também estar crescendo a um ritmo nominal de 10,5% ao ano atenua esse risco. Na visão do economista, parte do aumento da renda nos próximos anos deve se tornar poupança das famílias, mas será a menor parcela. “O brasileiro descobriu apenas recentemente seu lado consumidor. Nesse momento, a poupança ficará de lado”, afirmou.

Para a economista-chefe do banco ING, Zeina Latif, o crescimento do consumo calçado no crédito impõe desafios ao governo, em termos de elevar a poupança pública (e nesse sentido reformar a Previdência, para ela, é essencial), e para o sistema financeiro, de lidar com a crescente massa de novos consumidores que não dispõe de um histórico bom de crédito.
Expansão anima investimentos de empresas nacionais e estrangeiras

A expansão do consumo pelas famílias brasileiras projetada para os próximos anos anima os investimentos das empresas, tanto brasileiras quanto estrangeiras, e consequentemente melhora a qualidade do crescimento econômico do País. O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos das Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luiz Afonso Lima, destaca que uma pesquisa da Unctad (órgão da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento) mostrou que o tamanho do mercado consumidor (que cresceu muito nos últimos anos por causa da maior classe média) e seu potencial de expansão são os principais fatores citados por estrangeiros que pretendem investir no Brasil até 2011. “Poucos países têm este fator como mais importante”, disse o presidente da entidade.

Ele destaca que a perspectiva de crescimento econômico e, particularmente, do consumo nos países centrais não é boa para os próximos anos, o que torna o Brasil, com seu mercado em expansão, um destino ainda mais desejável para o capital de investimento direto.

Um outro risco que a alta do consumo implica é uma explosão do déficit externo. Isso porque a maior demanda de bens e serviços gera aumento nas importações, especialmente se o crescimento interno do País ocorre em ritmo bem mais forte que o externo, como é o caso nos últimos dois anos. De fato, nos últimos anos, o Brasil saiu de uma posição de detentor de saldos positivos na conta corrente do balanço de pagamentos para um déficit crescente, que deve este ano fechar em US$ 49 bilhões.

Esse déficit, na visão de Lima, é plenamente financiável, mas se continuar crescendo fortemente nos próximos anos, pode prejudicar a confiança dos investidores na economia brasileira. Por isso, para ele, cabe ao governo diminuir gastos e aumentar sua poupança, pois é muito difícil que as famílias, cuja renda ainda é baixa, deixem de consumir para guardar dinheiro.

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